"Todos ficavam maravilhados com o seu ensino, porque lhes ensinava como alguém que tem autoridade e não como os mestres da lei”. (Mc 1, 22)
A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito relevante e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 1,21-28 (Na sinagoga em Cafarnaum Jesus ensina com autoridade e cura um homem possesso de um ‘espírito imundo’).
Jesus sempre estava perto das pessoas mais indefesas e desamparados diante do mal, e se importava com elas. Será que isso diz alguma coisa para nós, cristãos de hoje?
Vale a pena ler e refletir.
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
Os MAIS DESAMPARADOS DIANTE DO MAL
Alguns estão permanentemente confinados em algum centro ou instituto. Outros vagam por nossas ruas. A grande maioria mora com a família. Eles estão entre nós, mas dificilmente são do interesse de ninguém. Eles são doentes mentais.
Não é fácil entrar em seu mundo de dor e solidão. Privados, até certo ponto, de uma vida consciente e afetiva sadia, não é fácil para eles viverem juntos. Muitos deles são seres fracos e vulneráveis, ou vivem atormentados pelo medo em uma sociedade que os teme ou os ignora.
Desde tempos imemoriais, um conjunto de preconceitos, medos e receios vem construindo uma espécie de parede invisível entre aquele mundo de escuridão e dor e a vida daqueles que se consideram "saudáveis". Os doentes mentais criam insegurança, e sua presença sempre parece perigosa. O mais prudente a fazer é defender nossa "normalidade", confinando-os ou distanciando-os de nosso ambiente.
Hoje falamos sobre a inserção social desses pacientes e o suporte terapêutico que sua integração na convivência pode significar. Mas tudo isso ainda é uma bela teoria se não houver mudança de atitude em relação aos doentes mentais e a tantas famílias que se sentem sozinhas ou com pouco apoio para enfrentar os problemas quando se deparam com a doença de um de seus membros.
Existem famílias
que sabem cuidar do seu ente querido com amor e paciência, colaborando
positivamente com os médicos. Mas também há lares em que os doentes são um
fardo difícil de suportar. Aos poucos, a convivência se deteriora e toda a família
é afetada negativamente, por sua vez favorecendo o agravamento do paciente.
É uma ironia, então, continuar defendendo teoricamente a melhor qualidade de vida para os doentes mentais, sua integração social ou o direito à atenção adequada às suas necessidades afetivas, familiares e sociais. Tudo isso tem que ser assim, mas isso requer uma ajuda mais real às famílias e uma colaboração mais estreita entre os médicos que cuidam dos doentes e as pessoas que sabem estar com eles numa relação humana e amigável.
Que lugar essas
pessoas doentes ocupam em nossas comunidades cristãs? Não são eles os grandes
esquecidos? O Evangelho de Marcos enfatiza de uma maneira especial a atenção de
Jesus para "os possuídos por espíritos malignos". Sua proximidade com
as pessoas mais indefesas e desamparados diante do mal sempre será um chamado
questionador para nós.
4 Tempo Comum - B (Marcos 1,21-28)
31 de janeiro de 2021
buenasnoticias@ppc-editorial.com
Fonte: Facebook