Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 30 de julho de 2022

“Lucidez de Jesus”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 


"E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui". (Lc 12,15)

Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 12,13-21 (A parábola do homem rico). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg 

Por José Antonio Pagola

LUCIDEZ DE JESUS

Um dos traços mais marcantes na pregação de Jesus é a lucidez com que ele soube desmascarar o poder alienante e desumanizador que se fecha nas riquezas.

A visão de Jesus não é a de um moralista que se preocupa em saber como adquirimos nossos bens e como os usamos. O risco de quem vive desfrutando das suas riquezas é esquecer a sua condição de filho de um Deus Pai e irmão de todos.

Daí o seu grito de alerta: "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro". Não podemos ser fiéis a um Deus Pai que busca justiça, solidariedade e fraternidade para todos, e ao mesmo tempo viver pendentes de nossos bens e riquezas.

Dinheiro pode dar poder, fama, prestígio, segurança, bem-estar... mas, na medida em que escraviza a pessoa, fecha-a a Deus Pai, faz-a esquecer a sua condição de irmão e leva-a a quebrar a solidariedade com os outros. Deus não pode reinar na vida de quem é dominado pelo dinheiro.

A raiz profunda é que as riquezas despertam em nós o desejo insaciável de ter sempre mais. E então cresce na pessoa a necessidade de acumular, capitalizar e possuir sempre mais e mais. Jesus considera como uma verdadeira loucura a vida daqueles proprietários da Palestina, obcecados em armazenar suas colheitas em celeiros cada vez maiores. É uma loucura consagrar as melhores energias e esforços para adquirir e acumular riquezas.

Quando, no final, Deus se aproxima do rico para recolher a sua vida, torna-se evidente que ele a desperdiçou. Sua vida não tem conteúdo e valor. «Idiota... ». «Assim é aquele que amassa riquezas para si e não é rico perante Deus».

Um dia, o pensamento cristão descobrirá com uma lucidez que hoje não temos a profunda contradição que existe entre o espírito que anima o capitalismo e o que anima o projeto de vida amado por Jesus. Esta contradição não se resolve nem com a profissão de fé daqueles que vivem com espírito capitalista nem com toda a caridade que possam fazer com os seus ganhos.

18 Tempo comum – C

(Lucas 12,13-21)

31 de julho

Fonte: Facebook

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