Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 16 de julho de 2022

“O Mestre interior”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!

 

“Respondeu o Senhor: <Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada>".  (Lc, 10, 41-42)

Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 10, 38-42 (Jesus visita Marta e Maria). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

José Antonio Pagola 

14 Julho 2022

O MESTRE INTERIOR

Enquanto a hierarquia católica insiste na necessidade do "magistério eclesiástico" para instruir e orientar os fiéis, setores importantes dos cristãos hoje orientam suas vidas sem levar em conta suas diretrizes. Para onde esse fenômeno pode nos levar? A questão está se tornando cada vez mais preocupante.

Alguns teólogos acreditam ser necessário recuperar a consciência do "magistério interior", tão esquecido entre os cristãos. Vem dizer o seguinte: de pouco serve insistir no "magistério hierárquico" se nós crentes -hierarquia e fiéis- não escutamos a voz de Cristo, o "Mestre interior" que continua a instruir por meio de seu Espírito aqueles que realmente deseja segui-lo.

A ideia de Cristo “Mestre interior” vem do próprio Jesus: “Não chame a ninguém de mestre, pois um é o seu Mestre: Cristo” (Mateus 23:10). Mas, sobretudo, foi Santo Agostinho quem o introduziu na teologia, afirmando fortemente a sua importância: “Temos um só Mestre. E sob ele somos todos colegas estudantes. Não nos tornamos professores falando com vocês do púlpito. O verdadeiro Mestre fala de dentro.

A teologia contemporânea insiste nesta verdade demasiado esquecida por todos, pela hierarquia e pelos fiéis: as palavras que se pronunciam na Igreja devem servir apenas de convite para que cada crente escute dentro de si a voz de Cristo. Esta é a coisa decisiva. Somente quando alguém “aprende” do próprio Cristo é que “algo novo” é produzido em sua vida como crente.

Isso traz consigo várias demandas. Em primeiro lugar para aqueles que falam com autoridade dentro da Igreja. Eles não são os donos da fé ou moralidade cristã. Sua missão não é processar e condenar pessoas. Menos ainda "lançar fardos pesados ​​e insuportáveis" aos outros. Eles não são mestres de ninguém. São discípulos que têm que viver “aprendendo” de Cristo. Só então ele pode ajudar os outros a "ser ensinados" por ele. É assim que Santo Agostinho questiona os pregadores: “Por que vocês gostam tanto de falar e ouvir tão pouco? Quem ensina verdadeiramente está dentro; Por outro lado, quando você tenta ensinar a si mesmo, você sai de si mesmo e caminha para fora. Ouça primeiro quem fala de dentro, e de dentro fala depois para quem está de fora.

Por outro lado, todos devemos lembrar que o importante, ao ouvir a palavra do magistério, é sentir-se convidado a voltar-se para dentro para ouvir a voz do único Mestre. Santo Agostinho também nos lembra: «Não ande ao ar livre. Não se desespere. Mergulhe em sua privacidade. A verdade reside no homem interior. A cena em que Jesus elogia a atitude de Maria, que "sentada aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra" é instrutiva. As palavras de Jesus são claras: “Só uma coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte».

16 Tempo Comum - C

(Lucas 10,38-42)

17 julho 2022

Jose Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook 


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