Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 30 de junho de 2023

“O perigo de um cristianismo sem cruz”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 


Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim”.  (Mt 10, 38)

 

Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mateus 10,37-42 (Jesus: uma causa de divisão). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

 


Por José Antonio Pagola

29 Junho 2023

O PERIGO DE UM CRISTIANISMO SEM CRUZ

Um dos maiores riscos do cristianismo hoje é passar gradualmente da "religião da cruz" para uma "religião do bem-estar". Há alguns anos tomei nota de algumas palavras de Reinhold Niebuhr, que me fizeram pensar muito. O teólogo americano falou do perigo de uma "religião sem ferrão" que acabaria pregando "um Deus sem cólera que conduz os homens sem pecado a um reino sem juízo por meio de um Cristo sem cruz". O perigo é real e devemos evitá-lo.

Insistir no amor incondicional de um Deus Amigo nunca deve significar fabricar um Deus à nossa conveniência, o Deus permissivo que legitima uma "religião burguesa" (Johann Baptist Metz). Ser cristão não é procurar o Deus que me convém e diz "sim" a tudo, mas encontrar o Deus que, precisamente por ser Amigo, desperta a minha responsabilidade e, por isso mesmo, mais de uma vez me faz sofrer, gritar e ligar.

Descobrir o evangelho como fonte de vida e estímulo para um crescimento saudável não significa viver "imunizado" contra o sofrimento. O evangelho não é um tranquilizante para uma vida organizada a serviço de nossos fantasmas de prazer e bem-estar. Cristo faz gozar e faz sofrer, conforta e preocupa, ampara e contradiz. Só assim é o caminho, a verdade e a vida.

Acreditar em um Deus salvador que, desde já e sem esperar pela vida após a morte, procura nos libertar daquilo que nos fere não deve nos levar a entender a fé cristã como uma religião de uso privado a serviço exclusivo de nossos problemas e sofrimentos. O Deus de Jesus Cristo sempre nos coloca olhando para aquele que sofre. O evangelho não focaliza a pessoa em seu próprio sofrimento, mas no dos outros. Só assim a fé é vivida como experiência de salvação.

Na fé como no amor, tudo tende a ser muito misturado: entrega confiante e desejo de posse, generosidade e egoísmo. Por isso não devemos apagar do evangelho aquelas palavras de Jesus que, por mais duras que pareçam, nos colocam diante da verdade da nossa fé: «Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem encontrar a sua vida, vai perdê-la, e quem perder a sua vida por minha causa, vai encontrá-la”.

13 Tempo Comum – A

(Mateus 10,37-42)

2 de julho

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

 

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