“João respondeu: <Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar… suas sandálias>. Isso aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.” (Jo 1, 26-28)
Abaixo, uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico
João 1,6-8.19-28 (O testemunho de João Batista). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
13 Dez 23
NO MEIO DO DESERTO
Os grandes movimentos religiosos nasceram quase sempre no deserto. São os homens e as mulheres do silêncio e da solidão que, ao verem a luz, podem tornar-se professores e guias da humanidade. No deserto o supérfluo não é possível. No silêncio apenas se ouvem as questões essenciais. Na solidão só sobrevive quem se alimenta do que tem dentro.
O pressentimento do Batista pode ser resumido assim: «Há algo maior, mais digno e esperançoso do que aquilo que estamos a viver. Nossas vidas têm que mudar desde as raízes. Não basta frequentar a sinagoga sábado após sábado, é inútil ler rotineiramente os textos sagrados, é inútil oferecer regularmente os sacrifícios prescritos pela Lei. Nenhuma religião dá vida. Devemos abrir-nos ao Mistério do Deus vivo.
Na sociedade da abundância e do progresso torna-se cada vez mais difícil ouvir uma voz que vem do deserto. O que se ouve é a publicidade do supérfluo, a divulgação do trivial, a palavreado de políticos prisioneiros da sua estratégia e até discursos religiosos interesseiros.
Alguém poderia pensar que já não é possível encontrar testemunhas que nos falem a partir do silêncio e da verdade de Deus. Não é assim. No meio do deserto da vida moderna podemos encontrar pessoas que irradiam sabedoria e dignidade, porque não vivem do supérfluo. Pessoas simples, carinhosamente humanas. Eles não dizem muitas palavras. É a vida deles que fala.
Convidam-nos, como o Batista, a deixar-nos “batizar”, a mergulhar numa vida diferente, a receber um novo nome, a “renascer” para não nos sentirmos produtos desta sociedade ou de crianças do meio ambiente, mas sim filhos e filhas amados de Deus.
3 Advento – B
(Domingo, 17 de dezembro de 2023)
(João 1,6-8.19-28)
17 de dezembro
José Antonio Pagola
Fonte: Facebook
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