Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 16 de dezembro de 2023

“No meio do deserto”. – Reflexão de Jose Antonioo Pagola.

 

“João respondeu: <Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar… suas sandálias>. Isso aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.” (Jo 1, 26-28)

 

Abaixo, uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico

João 1,6-8.19-28 (O testemunho de João Batista). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

13 Dez 23

NO MEIO DO DESERTO

Os grandes movimentos religiosos nasceram quase sempre no deserto. São os homens e as mulheres do silêncio e da solidão que, ao verem a luz, podem tornar-se professores e guias da humanidade. No deserto o supérfluo não é possível. No silêncio apenas se ouvem as questões essenciais. Na solidão só sobrevive quem se alimenta do que tem dentro.

No quarto evangelho, Batista é reduzido ao essencial. Ele não é o Messias, nem Elias que voltou à vida, nem o Profeta esperado. É “a voz que clama no deserto”. Ele não tem poder político, não tem título religioso. Ele não fala do templo ou da sinagoga. A sua voz não nasce de estratégia política ou de interesses religiosos. Vem daquilo que o ser humano ouve quando se aprofunda no essencial.

O pressentimento do Batista pode ser resumido assim: «Há algo maior, mais digno e esperançoso do que aquilo que estamos a viver. Nossas vidas têm que mudar desde as raízes. Não basta frequentar a sinagoga sábado após sábado, é inútil ler rotineiramente os textos sagrados, é inútil oferecer regularmente os sacrifícios prescritos pela Lei. Nenhuma religião dá vida. Devemos abrir-nos ao Mistério do Deus vivo.

Na sociedade da abundância e do progresso torna-se cada vez mais difícil ouvir uma voz que vem do deserto. O que se ouve é a publicidade do supérfluo, a divulgação do trivial, a palavreado de políticos prisioneiros da sua estratégia e até discursos religiosos interesseiros.

Alguém poderia pensar que já não é possível encontrar testemunhas que nos falem a partir do silêncio e da verdade de Deus. Não é assim. No meio do deserto da vida moderna podemos encontrar pessoas que irradiam sabedoria e dignidade, porque não vivem do supérfluo. Pessoas simples, carinhosamente humanas. Eles não dizem muitas palavras. É a vida deles que fala.

Convidam-nos, como o Batista, a deixar-nos “batizar”, a mergulhar numa vida diferente, a receber um novo nome, a “renascer” para não nos sentirmos produtos desta sociedade ou de crianças do meio ambiente, mas sim filhos e filhas amados de Deus.

3 Advento – B

(Domingo, 17 de dezembro de 2023)

(João 1,6-8.19-28)

17 de dezembro

José Antonio Pagola

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Fonte: Facebook

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