“E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Silêncio! Cala-te!. E cessou o vento e seguiu-se grande bonança.
Ele disse-lhes: Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?. (Mc 4, 39-40)
Hoje temos uma boa reflexão, baseada no texto bíblico Mc 4,35-40 (Jesus acalma a tempestade). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
José Antonio Pagola
20 Junho 2024
MÊDO DE ACREDITAR
Os homens quase sempre preferem o que é fácil e passamos a vida tentando evitar o que exige risco e sacrifício reais. Recuamos ou nos trancamos na passividade quando descobrimos as demandas e lutas que acompanham a vida com certa profundidade.
Temos medo de levar a nossa vida a sério, assumindo a nossa própria existência com total responsabilidade. É mais fácil “instalar-se” e “continuar”, sem ousar enfrentar o sentido último da nossa vida cotidiana.
Quantos homens e mulheres vivem sem saber como, porquê ou onde. Eles estão ali. A vida continua, mas, por enquanto, não deixamos ninguém nos incomodar. Estamos ocupados com o trabalho, o programa de televisão nos espera à noite, as férias se aproximam. O que mais há para procurar?
Vivemos tempos difíceis e de alguma forma temos que nos defender. E então cada um de nós procura, com maior ou menor esforço, o tranquilizante que mais lhe convém, embora se abra dentro de nós um vazio cada vez mais imenso de falta de sentido e de covardia para viver a nossa existência em toda a sua profundidade.
Portanto, aqueles de nós que facilmente se dizem crentes devem ouvir sinceramente as palavras de Jesus: “Por que vocês são tão covardes?
Vocês ainda não tem fé?” Talvez o nosso maior pecado contra a fé, o que bloqueia mais seriamente a nossa aceitação do evangelho, seja a covardia. Vamos dizer isso honestamente. Não ousamos levar a sério tudo o que o evangelho significa. Temos medo de ouvir os chamados de Jesus.
Muitas vezes é uma covardia oculta, quase inconsciente. Alguém falou da “heresia disfarçada” (Maurice Bellet) daqueles que defendem o cristianismo até de forma agressiva, mas nunca se abrem às exigências mais fundamentais do Evangelho.
Então o Cristianismo corre o risco de se tornar apenas mais um tranquilizante. Um conglomerado de coisas que devem ser acreditadas, coisas que devem ser praticadas e defendidas. Coisas que, “tomadas na sua medida”, fazem bem e ajudam a viver.
Mas então tudo pode ser falsificado. Pode-se viver a “própria religião tranquilizadora”, não muito distante do paganismo vulgar, que se alimenta de conforto, dinheiro e sexo, evitando de mil maneiras o “perigo supremo” de encontrar o Deus vivo de Jesus, que nos chama à justiça, fraternidade e proximidade com os pobres.
12 Tempo Comum – B
(Marcos 4:35-40)
23 de junho
José Antonio Pagola
goodnews@ppc-editorial.com
Fonte: Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário