“E dizia: A que assemelhare-mos o reino de Deus? Ou com que parábola o representaremos? É como um grão de mostarda, que, quando se semeia na terra, é a menor de todas as sementes que há na terra; Mas, tendo sido semeado, cresce; e faz-se a maior de todas as hortaliças, e cria grandes ramos, de tal maneira que as aves do céu podem aninhar-se debaixo da sua sombra” (Mc 14, 30-32)
Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como base o texto bíblico Marcos 4,26-34 (Parábola da semente de mostada). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
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Por José Antonio Pagola.
12 Junho 2024
A VIDA COMO PRESENTE
Quase tudo hoje nos convida a viver sob o signo da atividade, da programação e da performance. Tem havido poucas diferenças nisso entre o capitalismo e o socialismo. Ao avaliar uma pessoa, acabamos sempre medindo-a pela sua capacidade de produção.
Pode-se dizer que a sociedade moderna atingiu a convicção prática de que, para dar à vida o seu verdadeiro sentido e o seu conteúdo pleno, a única coisa importante é obter o máximo desempenho através do esforço e da atividade.
É por isso que nos parece tão estranha e embaraçosa esta pequena parábola, recolhida pelo evangelista Marcos, na qual Jesus compara o “reino de Deus” a uma semente que cresce sozinha, sem que o agricultor lhe dê forças para germinar e crescer. Sem dúvida o trabalho de semeadura realizado pelo agricultor é importante, mas na semente há algo que ele não colocou: uma força vital que não se deve ao seu esforço.
Viver a vida como um dom é provavelmente uma das coisas que pode fazer com que nós, homens e mulheres de hoje, vivamos de uma maneira nova, mais atentos não só ao que conseguimos com o nosso trabalho, mas também ao que recebemos de graça.
Embora talvez não percebamos assim, a nossa maior “infelicidade” é viver apenas do nosso esforço, sem nos deixarmos ser agraciados e abençoados por Deus, e sem usufruir daquilo que nos é constantemente dado. Passar pela vida sem se surpreender com a “novidade” de cada dia.
Hoje todos precisamos aprender a viver de forma mais aberta e acolhedora, numa atitude mais contemplativa e grata. Alguém disse que há problemas que não se “resolvem” com esforço, mas que se “dissolvem” quando sabemos acolher em nós a graça de Deus. Esquecemos que, em última análise, como disse Georges Bernanos, “tudo é graça”, porque tudo, absolutamente tudo, é sustentado e penetrado pelo mistério daquele Deus que é graça, perdão e acolhimento para todas as suas criaturas. É assim que Jesus nos revela isso.
11 Tempo Comum – B
(Marcos 4,26-34)
16 de junho
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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