Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 12 de abril de 2025

“Com os crucificados”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

“E, respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão.” (Lc 19:40)

 

Domingo de Ramos

Abaixo, uma excelente reflexão, inspirada no texto bíblico Lc 19,28-40 (O Rei humilde). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena conferir!

WCejnóg


Por José Antonio Pagola

09 Abril 2025

Com os crucificados

O mundo está cheio de igrejas cristãs presididas pela imagem do Crucificado, e está também cheio de pessoas que sofrem, crucificadas pela desgraça, pela injustiça e pelo abandono: os doentes privados de cuidados, as mulheres abusadas, os idosos ignorados, as crianças violadas, os imigrantes sem documentos nem futuro. E pessoas, muitas pessoas afundaram-se na fome e na miséria por todo o mundo.

É difícil imaginar um símbolo mais cheio de esperança do que a cruz plantada pelos cristãos de todo o lado: uma "memória" pungente de um Deus crucificado e um lembrete permanente da sua identificação com todos os inocentes que sofrem injustamente no nosso mundo.

Esta cruz, erguida entre as nossas cruzes, recorda-nos que Deus sofre conosco. Deus compadece-se da fome das crianças (de Calcutá, da Gaza, da África ...), sofre com os assassinados e torturados em diversos países (no Iraque, no Afganistão, na Nicarágua ...) e chora com as mulheres maltratadas dia após dia nas suas casas. Não sabemos explicar a raiz última de tanto mal. E mesmo que soubéssemos, não nos faria muito bem. Sabemos apenas que Deus sofre conosco. Não estamos sozinhos.

 

Mas os símbolos mais sublimes podem ser pervertidos se não recuperarmos repetidamente o seu verdadeiro conteúdo. Que significa a imagem do Crucificado, tão presente entre nós, se não vemos gravados no seu rosto o sofrimento, a solidão, a tortura e a desolação de tantos filhos e filhas de Deus?

De que nos serve carregar uma cruz ao peito se não sabemos carregar a mais pequena cruz de tantas pessoas que sofrem ao nosso lado?

De que valem os nossos beijos ao Crucificado se não despertam em nós o afeto, o acolhimento e a proximidade com aqueles que vivem crucificados?

O Crucificado desmascara as nossas mentiras e covardias como ninguém. Do silêncio da cruz, Ele é o juiz mais firme e gentil do aburguesamento da nossa fé, da nossa acomodação ao bem-estar e da nossa indiferença para com aqueles que sofrem. Para adorar o mistério de um “Deus crucificado” não basta celebrar a Semana Santa; É preciso também aproximar-se do crucificado, semana após semana.

Domingo de Ramos – C

(Lucas 19,28-40 / Lucas 22,14-25.36)

13 de abril

José António Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

 

Fonte: Facebook

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