“E, respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão.” (Lc 19:40)
Domingo de Ramos
Abaixo, uma excelente reflexão, inspirada no texto bíblico Lc 19,28-40 (O Rei humilde). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena conferir!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
09 Abril 2025
Com os crucificados
O mundo está cheio de igrejas cristãs presididas pela imagem do Crucificado, e está também cheio de pessoas que sofrem, crucificadas pela desgraça, pela injustiça e pelo abandono: os doentes privados de cuidados, as mulheres abusadas, os idosos ignorados, as crianças violadas, os imigrantes sem documentos nem futuro. E pessoas, muitas pessoas afundaram-se na fome e na miséria por todo o mundo.
É difícil imaginar um símbolo mais cheio de esperança do que a cruz plantada pelos cristãos de todo o lado: uma "memória" pungente de um Deus crucificado e um lembrete permanente da sua identificação com todos os inocentes que sofrem injustamente no nosso mundo.
Esta cruz, erguida entre as nossas cruzes, recorda-nos que Deus sofre conosco. Deus compadece-se da fome das crianças (de Calcutá, da Gaza, da África ...), sofre com os assassinados e torturados em diversos países (no Iraque, no Afganistão, na Nicarágua ...) e chora com as mulheres maltratadas dia após dia nas suas casas. Não sabemos explicar a raiz última de tanto mal. E mesmo que soubéssemos, não nos faria muito bem. Sabemos apenas que Deus sofre conosco. Não estamos sozinhos.
De que nos serve carregar uma cruz ao peito se não sabemos carregar a mais pequena cruz de tantas pessoas que sofrem ao nosso lado?
De que valem os nossos beijos ao Crucificado se não despertam em nós o afeto, o acolhimento e a proximidade com aqueles que vivem crucificados?
O Crucificado desmascara as nossas mentiras e covardias como ninguém. Do silêncio da cruz, Ele é o juiz mais firme e gentil do aburguesamento da nossa fé, da nossa acomodação ao bem-estar e da nossa indiferença para com aqueles que sofrem. Para adorar o mistério de um “Deus crucificado” não basta celebrar a Semana Santa; É preciso também aproximar-se do crucificado, semana após semana.
Domingo de Ramos – C
(Lucas 19,28-40 / Lucas 22,14-25.36)
13 de abril
José António Pagola
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Fonte: Facebook
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