“E levou-os fora, até Betânia; e, levantando as suas mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu.” (Lc 24,50-51)
Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 24,46-53 (Ascensão de Jesus ao céu). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José António Pagola
28 Maio 2025
ABENÇOAR
De acordo com o relato sugestivo de Lucas, Jesus regressa para junto do Pai "abençoando" os seus discípulos. É o seu último gesto. Jesus deixa a sua bênção. Os discípulos respondem ao gesto de Jesus marchando em direção ao templo cheios de alegria. E eles estavam ali a "bendizer" a Deus.
A bênção é uma prática enraizada em quase todas as culturas como o melhor desejo que podemos despertar para os outros. O judaísmo, o islamismo e o cristianismo sempre lhe deram grande importância. E embora nos nossos dias se tenha reduzido a um ritual que quase caiu em desuso, muitos são os que realçam o seu profundo conteúdo e a necessidade de o recuperar.
Abençoar é, acima de tudo, desejar o bem às pessoas que encontramos no nosso caminho. Querer o bem incondicionalmente e sem reservas. Desejando saúde, bem-estar, alegria... tudo o que os possa ajudar a viver com dignidade. Quanto mais desejamos o bem para todos, mais possível é a sua manifestação.
Abençoar é aprender a viver a partir de uma atitude básica de amor à vida e às pessoas. Quem abençoa esvazia o seu coração de outras atitudes prejudiciais, como a agressão, o medo, a hostilidade ou a indiferença. Não é possível abençoar e ao mesmo tempo viver condenando, rejeitando, odiando.
Abençoar é desejar o bem a alguém do fundo do nosso ser, embora não sejamos a fonte da bênção, mas apenas as suas testemunhas e portadores. Aquele que abençoa não faz mais do que evocar, desejar e pedir a presença bondosa do Criador, fonte de todo o bem. É por isso que só se pode abençoar numa atitude de gratidão a Deus.
A bênção faz bem a quem a recebe e a quem a pratica. Aquele que abençoa os outros abençoa-se a si mesmo. A bênção ressoa dentro de si como uma oração silenciosa que transforma o seu coração, tornando-o mais bondoso e nobre. Ninguém se pode sentir bem consigo mesmo enquanto continua a amaldiçoar os outros lá no fundo. Nós, seguidores de Jesus, somos portadores e testemunhas da bênção de Jesus para o mundo.
Ascensão do Senhor – C
(Lucas 24:46-53)
1 de junho
José António Pagola
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Fonte: Facebook