Abaixo,
uma reflexão muito interessante e bem atual do padre e teólogo espanhol José
Antônio Pagola. Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler.
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IHU
– Notícias
Sexta, 21 de fevereiro de 2014.
Uma
chamada surpreendente
A
leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo
segundo Mateus 5, 38-48 que corresponde ao Sétimo Domingo do
Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis
o texto
A
chamada ao amor é sempre sedutora. Seguramente, muitos acolhiam com
agrado a chamada de Jesus a amar a Deus e ao próximo. Era a melhor síntese da
Lei. Mas o que não podiam imaginar é que um dia lhes falasse de amar os
inimigos.
No
entanto, Jesus o fez. Sem respaldo algum da tradição bíblica, distanciando-se
dos salmos de vingança que alimentavam a oração do Seu povo, enfrentando-se ao
clima geral de ódio que se respirava à Sua volta, proclamou com clareza
absoluta a Sua chamada: “Eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei
o bem a quem vos incomoda e rezai pelos que vos caluniam”.
A
Sua linguagem é escandalosa e surpreendente, mas totalmente coerente com a Sua
experiência de Deus. O Pai não é violento: ama inclusive os Seus inimigos, não
procura a destruição de ninguém. A Sua grandeza não consiste em vingar-se, mas
em amar incondicionalmente a todos. Quem se sinta filho desse Deus não
introduzirá no mundo o ódio nem a destruição de ninguém.
O
amor ao inimigo não é um ensinamento secundário de Jesus, dirigido a pessoas
chamadas a uma perfeição heroica. A Sua chamada quer introduzir na história uma
atitude nova ante o inimigo porque quer eliminar do mundo o ódio e a violência
destruidora. Quem se assemelha a Deus não alimentará o ódio contra
ninguém, procurará o bem de todos, inclusive dos seus inimigos.
Quando
Jesus fala do amor ao inimigo, não está nos pedindo para nutrir sentimentos de
afeto, simpatia ou carinho para quem nos faz mal. O inimigo continua sendo
alguém de quem podemos esperar danos, e dificilmente podem mudar os sentimentos
do nosso coração.
Amar
o inimigo significa, antes de tudo, não fazer-lhe mal, não procurar nem desejar
fazer-lhe mal. Não temos de estranhar se não sentimos amor algum para
com ele. É natural que nos sintamos feridos ou humilhados. Temos de nos
preocupar quando continuamos a alimentar o ódio e a sede de vingança.
Mas
não se trata só de não fazer-lhe mal. Podemos dar mais passos até estar
inclusive dispostos a fazer-lhe o bem se o encontramos necessitado. Não
temos de esquecer que somos mais humanos quando perdoamos do que quando nos
vingamos alegrando-nos da sua desgraça.
O
perdão sincero ao inimigo não é fácil. Em algumas circunstâncias, à pessoa pode
ser naquele momento praticamente impossível libertar-se da rejeição, do ódio ou
da sede de vingança. Não devemos julgar ninguém. Só Deus nos compreende e
perdoa de forma incondicional, inclusive quando não somos capazes de perdoar.
Fonte:Ihu.unisinos.br/noticias
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