Para relembrar, trago hoje para o blog
Indagações uma entrevista (concedida em 2013, por e-mail, para IHU
On-Line) com Marco
Vannini - um renomado estudioso
italiano da mística especulativa.
O tema da mística, de modo geral, sempre suscita
diversas opiniões, não poucas vezes até conflitantes. Para as pessoas
religiosas, na maioria das vezes, o místico era (ou é) uma pessoa santa,
vivenciando um forte contato com o transcendente, com Deus; para os
racionalistas e descrentes - não passava (ou passa) de um ‘louco’, ou ‘confuso’.
Afinal, o que é mística? Como entendê-la? O
que pensar sobre os ‘testemunhos’ dos místicos, e, até, sobre toda essa
experiência mística, que algumas pessoas têm? Essas são algumas indagações.
Acho que as colocações do Marco Vannini podem
ajudar bastante a quem procura entender a questão da mística.
Não
deixe de ler.
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IHU - Entrevistas
Sábado, 14 de dezembro
de 2013
"Ninguém nunca viu a
Deus". Para a mística a verdade é sempre interior. Entrevista especial com
Marco Vannini
"Se
eu devo fazer uma hierarquia, direi que algumas das principais palavras-chave
da mística são: amor, desapego, humildade, Uno, vazio", descreve o
estudioso italiano da mística especulativa.
Marco
Vannini não considera que a mística seja uma experiência
do mistério. “O assim chamado mistério é
colocado por nós, e a nós são dadas as respostas. Certamente, há coisas que
ignoramos, e a realidade de Deus é uma delas, pelo que podemos falar sempre e
em qualquer caso somente da nossa experiência, evitando como a peste a tentação
de dizer que ela é a ‘experiência de Deus’”, sustenta Vannini em
entrevista por e-mail à IHU On-Line.
“A experiência
do espírito é o conhecimento da nossa mais real essência, que é a essência
humana, além de cada distinção acidental de cultura, religiões, modos de vida,
todos relacionados com a contingência espaço-temporal, e também além da
diferença de gênero, que subsiste em nível corpóreo e, em certa medida, também
em nível psíquico, mas é inexistente no nível espiritual”, complementa.
Na avaliação de Marco
Vannini, a experiência da ausência é, na realidade, a mesma do
“nada”. “A experiência do nada não é somente negativa, trágica, mas pode ser
sim extremamente frutífera, como purificadora de todos os ídolos, de toda a
pretensa certeza”, considera.
Para o editor da
obra de Meister Eckhart, na Itália, vivemos em momento em que a história e a
ciência erodiram a crença que a fé proporcionava. “‘O deserto cresce’, Nietzsche já advertia há um século
e meio que cada parte é responsável pela a ausência de propósito, o nada no seu
sentido mais trágico”, sustenta. “Quando várias correntes místicas compreendem
cada uma o específico da outra, entendem que são gotas do mesmo mar”, avalia o
entrevistado.
Marco
Vannini é um dos maiores estudiosos italianos da mística
especulativa. Além de ter editado Mestre
Eckhart e muitos outros místicos, ele é autor de inúmeros
estudos, tais como La morte dell’anima. Dalla mistica alla psicologia
(Ed. Le Lettere, 2004); Storia della mistica occidentale
(Ed. Mondadori, 2005); Mistica e filosofia (Ed. Le
Lettere, 2007); La mistica delle grande religioni
(Ed. Le Lettere, 2010); Prego Dio che mi liberi da Dio (Ed.
Bompiani, 2010), dentre outros. Em português, foi traduzida a sua Introdução
à mística (Edições Loyola, 2005).
Neste ano Marco
Vannini publicou os seguintes livros: Lessico
Místico. Le parole della saggezza (Le Lettere: Firenze, 2013), Oltre il
Cristianesimo. Da Eckhart a Le Saux (Bompiani: Milão, 2013) e,
juntamente com Corrado Augias, Inchiesta
su Maria. La storia vera della fanciulla che divenne mito
(Rizzoli: Milão, 2013).
Confira a
entrevista.
IHU
On-Line - Em que sentido a mística é uma experiência do Mistério? Como a
modernidade compreende essa vivência?
Marco
Vannini - Não direi absolutamente que a mística seja a
experiência do mistério. O assim chamado mistério é colocado por nós, e a nós
são dadas as respostas. Certamente, há coisas que ignoramos, e a realidade de
Deus é uma delas (Deum nemo vidit unquam, diz São João ("Ninguém
jamais viu a Deus" - Jo, 1,18 - Nota da IHU On-Line), pelo que
podemos falar sempre e em qualquer caso somente da nossa experiência, evitando
como a peste a tentação de dizer que ela é a “experiência de Deus”.
Podemos,
todavia, dizer que é experiência de uma profundidade — ou de uma altura —
vertiginosa que vivemos como experiência da realidade mais essencial de nós
mesmos, e, juntamente, como experiência de uma bem-aventurança de outra maneira
absolutamente desconhecida. Por certo, ela se refere implicitamente à luz
eterna, ao Bem, ou seja, ao que chamamos comumente Deus, mas não podemos, a
rigor, deduzir nenhuma teologia e, nesse sentido, o mistério permanece um
mistério.
Acredito que a
modernidade não aceita — e com razão — as afirmações dos teólogos, ou dos que
se dizem místicos, de apresentar sua própria vivência como experiência de
conhecimento de Deus, experiência de Deus, mas, em vez disso, compreende
perfeitamente, e até aceita de bom grado, por seu caráter de verdadeiro
conhecimento mil vezes superior ao das psicologias superficiais, a experiência
mística como experiência de nós mesmos, no sentido recém-indicado.
IHU
On-Line - Quais são as palavras fundamentais, o léxico que pode descrever a
mística?
Marco
Vannini - No meu Lessico Misticio. Le parole della saggezza
(Léxico Místico. As palavras da sabedoria, em tradução livre), publicado este
ano, descrevi umas sessenta palavras importantes para a mística, mas também
poderíamos acrescentar outras. Elas são todas importantes, pelo menos no
sentido de que a realidade é uma só, pelo que todas as palavras e os conceitos
estão indissoluvelmente ligados uns aos outros, e não é possível isolá-los, por
assim dizer, e descrevê-los isoladamente, sem, em conjunto, referirem-se também
às outras. Se eu devo fazer uma hierarquia, direi que algumas das principais
palavras-chave são: amor, desapego, humildade, Uno, vazio.
IHU
On-Line - Em outra entrevista à nossa
publicação, o senhor afirmou que a
experiência do espírito vai muito além das distinções espaço-temporais e de
gênero. Qual é a importância de se pensar uma mística para além dessas
categorias?
Marco
Vannini - Como dizia acima, a experiência do espírito é o
conhecimento da nossa mais real essência, que é a essência humana, além de cada
distinção acidental de cultura, religiões, modos de vida, todos relacionados
com a contingência espaço-temporal, e também além da diferença de gênero, que
subsiste em nível corpóreo e, em certa medida, também em nível psíquico, mas é
inexistente no nível espiritual.
É evidente que
esse conhecimento estabelece uma comunhão entre todos os seres humanos, em
todos os lugares (e em todos os tempos), infinitamente superior àquela que se
desejaria fundar sobre categorias de caráter político-social (por exemplo, a do
direito) ou moral-religioso (por exemplo, o assim chamado ecumenismo), pois
estão elas mesmas sujeitas ao condicionamento espaço-temporal.
IHU
On-Line - Por que é preciso partir da antropologia clássica para compreender a
mística?
Marco
Vannini - Porque a antropologia clássica — bem como a
cristã que dela se deriva — tem a experiência do ser humano como corpo, alma,
espírito, enquanto aquela que prevalece em nossos tempos ignora simplesmente a
realidade espiritual, e permanece no dualismo corpo-alma, de fato,
corpo-psique. Assim o espírito, em vez de ser o que é, ou seja, o constituinte
essencial do homem, desaparece em meio à névoa da indeterminação — também em
nível teológico (o Espírito Santo). É necessário, portanto, primeiro ter uma
experiência do espírito, e isso somente é possível ao se recuperar a conexão
entre filosofia e misticismo, sem o que essa se perde no sentimentalismo.
IHU
On-Line - Por que a instituição eclesiástica sempre suspeitou da mística
enquanto tal?
Marco
Vannini - Em primeiro lugar, porque a mística é
como a filosofia — na verdade, a mística é filosofia, como acertadamente revela
Pierre Hadot (1) — e, como tal, não reconhece nenhuma
autoridade acima da correta razão. Em segundo lugar, porque para a
mística a verdade é sempre interior, e o próprio Deus interior
intimo meo, como disse Agostinho (2), para o qual a
relação com Deus existe somente na interioridade, sem mediação alguma, e isso,
obviamente, tira não só o peso da Igreja, como também da Escritura. Em terceiro
lugar, enfim, para a mística, a experiência paulina da unidade
e da liberdade do espírito é intrínseca: quid adhaeret domino, unus spiritus est, e ubi
spiritus domini, ibi libertas (2Cor 3,17 - Nota da IHU
On-Line), e esse segundo elemento, a liberdade, é sempre percebido
como perigoso, tanto pela autoridade eclesiástica, quanto pela civil.
Marco
Vannini - Trata-se de três figuras femininas muito
distantes não somente no tempo — Ângela e Marguerite
do século XIII ao século XIV, Etty do século XX — mas também de
características pessoais, meio ambiente, cultura, até mesmo religião, visto que
Etty era de família judia.
Diria em
primeiro lugar que elas, juntas, mostram como a experiência mística tem sempre
elementos essenciais comuns, não obstante as diferenças espaço-temporais, como
disse anteriormente. Com a transcendência há uma relação apenas no sentido da
ausência que poderíamos expressar, utilizando as palavras de outra grande
mulher mística de nosso tempo, Simone Weil (6): “O contato com as criaturas nos é dado pelo sentido da presença, o
contato com Deus nos é dado pelo sentimento da ausência. Em comparação com essa
ausência, no entanto, a presença é mais ausente que a ausência”. Essa é também
a herança mais importante que recebemos delas.
IHU
On-Line - Qual é a importância do Nada na mística dessas três mulheres? E qual
é a atualidade dessa compreensão e relação com a transcendência?
Marco
Vannini - A resposta a essa pergunta está, pelo menos
implicitamente, já contida na precedente. A experiência da ausência é, na
realidade, “a mesma do nada e não há dúvida de que ela seja de singular
atualidade no tempo presente, quanto o era na época do niilismo”. Essas mulheres
mostraram que a experiência do nada não é somente negativa, trágica, mas pode
ser sim extremamente frutífera, como purificadora de todos os ídolos, de toda a
pretensa certeza. Acontece, portanto, que se mantém a orientação da
inteligência, de toda a alma, em direção ao Absoluto, ou seja, a fé. Como não
lembrar o que ensina São João da Cruz (7)? A fé não
produz certezas, mas conduz na noite, isto é, no nada, mas é precisamente nessa
noite, nesse nada, que resplandece a luz.
IHU
On-Line - Como tais experiências místicas podem inspirar e dar sentido à
existência em nosso tempo?
Marco
Vannini - Também essa pergunta conecta-se às duas
precedentes, e a resposta é similar. Estamos realmente em um momento em que a
história e a ciência erodiram a crença de que a fé proporcionava até ontem. “O
deserto cresce”, Nietzsche (8) já advertia há um
século e meio que cada parte é responsável pela a ausência de propósito, o nada
no seu sentido mais trágico. Eis então que um testemunho como o de Etty,
que descobre a presença de Deus no meio do campo de concentração nazista onde
ela mesma está trancada por ajudar os seus compatriotas, e naquele horror foi
capaz de pensar e escrever que estava bem assim, que tudo estava bem, assume um
relevo verdadeiramente extraordinário, muito mais autêntico e convincente do
que tanta teologia, para não falar das psicologias.
IHU
On-Line - Qual é a principal peculiaridade sobre a mística de Maria, mãe de
Jesus?
Marco
Vannini - Maria é mesmo o arquétipo da
mística pelos traços que lhe caracterizam a figura — a única testemunhada nos
Evangelhos — ou seja, humildade e desapego. São esses os elementos que compõem
o vazio na alma, ou seja, matam o amor a si próprio e deixam o espaço à graça
de Deus. Não é coincidência que ela é, desde o princípio, chamada de “cheia de
graça”. Os grandes místicos de todos os tempos, de Orígenes (9)
a Meister Eckhart (10) a Angelus Silesius
(11), compreenderam muitíssimo bem como o nascimento do Filho, do Logos, não
estava somente uma vez no ventre de Maria, mas em todo o tempo, em cada
instante, em cada alma humilde e distante, que criou o vazio em si própria.
IHU
On-Line - Que aproximações poderiam ser tecidas entre a mística cristã, a
brahmane (12) e a budista? Nesse sentido, quais são as sutilezas da mística de
Mestre Eckhart e Herni Le Saux (13)?
Marco
Vannini - Diria que, se for verdade, como é verdade, a
mística é sempre substancialmente igual a si mesma, de modo que os grandes
místicos de todos os tempos assemelham-se “desde quase a identidade”, como
dizia Simone Weil; por outro lado, é também verdade que os
vários místicos colocam ênfase em diferentes aspectos da experiência única.
Reconhecer a realidade do espírito, matar o egoísmo de apropriação, extinguir o
desejo, tornar vazio a si próprio são elementos presentes em cada mística,
porém desenvolvidos e enfatizados em alguns mais que em outros. Sob esse
aspecto diria que o cristianismo, o bramanismo e o budismo são complementares.
Coloquei De
Eckhart a Le Saux como subtítulo do meu último livro Oltre il
cristianesimo (Milano: Editora Bompiani, 2013) para evidenciar
como, da Idade Média até hoje, a experiência de um “eu sou” no fundo da alma, é
completamente idêntica a das palavras de Jesus: “Antes que Abraão existisse, eu
sou”, constituía o núcleo essencial do cristianismo — “mais além” o
cristianismo como teologia ligada aos tempos e lugares. A importância de Le Saux
não é maior que a de Eckhart, mas, para nós, talvez, a
mais significativa, uma vez que se trata de um nosso contemporâneo, com uma
imagem de mundo que certamente não é medieval, e então passada por intermédio
da cultura e da espiritualidade da Índia, que foi a que revelou o verdadeiro
significado do cristianismo.
Quando várias
correntes místicas compreendem cada uma o específico da outra, entendem que são
gotas do mesmo mar.
Notas:
1.- Pierre
Hadot: filósofo francês, é um dos co-autores do livro
Dicionário de ética e Filosofia Moral. São Leopoldo: Unisinos,
2003. Sus pesquisas concentraram-se primeiramente nas relações entre helenismo
e cristianismo,em seguida, na mística neoplatônica e na filosofia da época
helenística. Elas se orientam atualmente para uma descrição geral do fenômeno
espiritual que a filosofia representa. Em português pode ser lido o livro de
sua autoria O que é a filosofia antiga? (São Paulo: Loyola, 1999).
Para uma resenha da obra confira a revista Síntese
75(1996), p. 547-551. A resenha do original francês é de Henrique
C. de Lima Vaz. (Nota da IHU On-Line)
2.- Santo
Agostinho [Aurélio Agostinho] (354-430): Bispo, escritor,
teólogo, filósofo foi uma das figuras mais importantes no desenvolvimento do
cristianismo no Ocidente. Ele foi influenciado pelo neoplatonismo de Plotino e
criou o conceito de pecado original e guerra justa. Confira a entrevista
concedida por Luiz Astorga à edição 421 da IHU
On-Line, de 04-06-2013, intitulada A disputatio de Santo Tomás de Aquino: uma síntese
dupla, disponível em http://bit.ly/11CA1f8. (Nota da IHU On-Line)
3.- Etty
Hillesum (1914-1943): foi uma jovem judia, cujos diários e
cartas descrevem a vida em Amesterdan, durante a ocupação alemã.Em Setembro de
1943, Etty foi deportada para Auschwitz, vindo a falecer em Novembro desse ano.
(Nota da IHU On-Line)
4.- Ângela de
Foligno (1248-1309): foi uma mística e santa cristã nascida em
Foligno, na Umbria, Itália. Morreu em Foligno, na Itália, no dia 4 de janeiro
de 1309. O seu corpo incorrupto encontra-se exposto na Igreja de São Francisco
dessa mesma cidade. Foi beatificada pelo Papa Inocêncio XII em 1693 e
canonizada pelo Papa Francisco em 2013. (Nota da IHU On-Line)
5.- Marguerite
Porete: mística francesa, queimada pela Inquisição em Paris, em
1310, após se recusar a retirar seu livro de circulação. (Nota da IHU On-Line)
6.- Simone
Weil (1909-1943): filósofa cristã francesa. Centrou seus
pensamentos sobre um aspecto que preocupa a sociedade até os dias de hoje: o
tormento da injustiça. Vítima da tuberculose, recusou-se a se alimentar, para
compartilhar o sofrimento de seus irmãos franceses que haviam permanecido na
França e viviam os dissabores da Segunda Guerra Mundial. Sobre Weil,
confira as edições 84, de 17-11-2003, Simone Weil Palavra Viva,
disponível em http://bit.ly/tZSCDr; 168, de 12-12-2005, Hannah Arendt, Simone Weil e Edith Stein. Três
mulheres que marcaram o século XX, disponível em http://bit.ly/v0aMxT; 313, de 03-11-2009, Filosofia, mística e espiritualidade. Simone Weil,
cem anos, disponível em http://bit.ly/w374lt. (Nota da IHU On-Line)
7.- João de
Yepes ou São João da Cruz (1542-1591):
ingressou na Ordem dos Carmelitas aos 21 anos de idade, em 1563, quando recebe
o nome de Frei João de São Matias, em Medina del Campo. Em setembro de 1567
encontra-se com Santa Teresa de Jesus, que lhe fala
sobre o projeto de estender a Reforma da Ordem Carmelita também aos padres.
Aceitou o desafio e trocou o nome para João da Cruz. No dia 28 de novembro
de 1568, juntamente com Frei Antônio de Jesús Heredia, inicia a Reforma. No dia
25 de janeiro de 1675 foi beatificado por Clemente X. Foi canonizado em 27 de
dezembro de 1726 e declarado Doutor da Igreja em 1926 por Pio XI. Em 1952 foi
proclamado "Patrono dos Poetas Espanhóis". Sua festa é comemorada no dia 14 de
dezembro. Sobre São João da Cruz, confira As obras
completas de São João da Cruz (Petrópolis: Vozes, 2002) (Nota
da IHU On-Line).
8.- Friedrich
Nietzsche (1844-1900): filósofo alemão, conhecido por seus
conceitos além-do-homem, transvaloração dos valores, niilismo, vontade de poder
e eterno retorno. Entre suas obras figuram como as mais importantes Assim
falou Zaratustra (9. ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1998), O anticristo (Lisboa: Guimarães,
1916) e A genealogia da moral (5. ed. São Paulo: Centauro,
2004). Escreveu até 1888, quando foi acometido por um colapso nervoso que nunca
o abandonou até o dia de sua morte. A Nietzsche foi dedicado o tema de
capa da edição número 127 da IHU On-Line, de 13-12-2004, intitulado Nietzsche:
filósofo do martelo e do crepúsculo, disponível para download
em http://bit.ly/Hl7xwP. Sobre o filósofo alemão, conferir ainda a entrevista exclusiva
realizada pela IHU On-Line edição 175, de 10-04-2006, com o jesuíta cubano Emilio
Brito, docente na Université Catholique de Louvain, intitulada
“Nietzsche e Paulo”, disponível para download em http://bit.ly/dyA7sR. A edição 15 dos Cadernos IHU em formação é
intitulada O pensamento de Friedrich Nietzsche, e pode ser acessada
em http://bit.ly/HdcqOB. Confira, também, a entrevista concedida por Ernildo
Stein à edição 328 da revista IHU On-Line,
de 10-05-2010, disponível em http://bit.ly/162F4rH, intitulada O biologismo radical de Nietzsche não pode ser minimizado,
na qual discute ideias de sua conferência “A crítica de Heidegger ao biologismo
de Nietzsche e a questão da biopolítica”, parte integrante do Ciclo de Estudos
Filosofias da diferença — Pré-evento do XI Simpósio Internacional IHU: O
(des)governo biopolítico da vida humana. Na edição 330 da Revista IHU
On-Line, de 24-05-2010, leia a entrevista Nietzsche,
o pensamento trágico e a afirmação da totalidade da existência,
concedida pelo Prof. Dr. Oswaldo Giacoia e disponível para
download em http://bit.ly/nqUxGO. Na edição 388, de 09-04-2012, leia a entrevista O amor
fati como resposta à tirania do sentido, com Danilo
Bilate, disponível em http://bit.ly/HzaJpJ. (Nota da IHU On-Line)
9.- Orígenes
(aproximadamente 185-254): mestre catequista na Alexandria e discípulo de São
Clemente. Criador de um sistema filosófico-teológico no qual o cristianismo se
apresentava como a culminância da filosofia grega. (Nota da IHU On-Line)
10.- Mestre
Eckhart (1260-1327): nasceu em Hochheim, na Turíngia.
Ingressando no convento dos dominicanos de Erfurt, estudou em Estrasburgo e em
Colônia. Tornou-se mestre em Teologia e ensinou em Paris. Em sua obra, está
muito presente a unidade entre Deus e o homem, entre o que consideramos
sobrenatural e o que achamos ser natural. É um pensamento holístico, pois. Para
Eckhart, devemos reconhecer Deus em nós, mas este
caminho não é fácil. O homem deve se "exercitar nas obras, que são seus
frutos", mas, ao mesmo tempo, "deve aprender a ser livre mesmo em
meio às nossas obras". Eckhart morreu em 1327. Em 27 de
março de 1329, foi dada ao público a bula In agro dominico,
através da qual o Papa João XXII condenou vinte e oito proposições do Mestre Eckhart.
Das vinte e oito, dezessete foram consideradas heréticas e onze, escabrosas e
temerárias. Entre estas, estava a de que nos transformamos em Deus. Mas esta
condenação papal justifica-se, na medida em que as ideias de Eckhart
tinham uma dimensão revolucionária. Elas foram acolhidas pelas camadas
populares e burguesas, que interpretavam o apelo eckhartiano à interioridade da
fé e à união divina como uma rebelião implícita à exterioridade
"farisaica" de uma hierarquia e de um clero moralmente decadente. Sua
herança influenciou, entre outros, significativamente, a Martinho
Lutero. Sobre o tema Místicas, conferir tema de capa do IHU
On-Line, edição 133. (Nota da IHU On-Line).
11.-
Angelus Silesius (1624-1667): pseudônimo de Johannes Scheffler, poeta germânico,
nascido em 1624 em Breslau, Polônia, e falecido na mesma cidade em 1667. (Nota
da IHU On-Line).
12.- Brâmane:
é um membro da casta sacerdotal, a primeira do Varnaśrama dharma ou Varna
vyavastha, a tradicional divisão em quatro castas (varna) da sociedade
hinduísta. (Nota da IHU On-Line).
13.- Swami
Abhishiktananda (1910-1973): nome indiano de Dom Henri Le
Saux, monge beneditino. Em 1950, foi cofundador, junto com
Father Jules Monchanin, do Satchidananda Ashram, uma instituição monástica
dedicada à integração dos valores da tradição beneditina com os valores da
tradição monástica hindu. (Nota da IHU On-Line)