Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Carregar com a cruz. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!


“Então Jesus declarou aos seus discípulos: <Se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me acompanhe>.” (Mt 16, 24)

Abaixo, uma pequena reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 23,35-43 (Os soldados caçoam de Jesus pregado na cruz, dizendo: ‘Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!').
É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
WCejnóg



IHU - Adital
18 de novembro de 2016.

Carregar com a cruz
  
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 23,35-43, que corresponde a Solenidade de Cristo Rei ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

O relato da crucificação, proclamado na festa do Cristo Rei, recorda aos seguidores de Jesus que seu reino não é um reino de glória e de poder, mas de serviço, amor e entrega total para resgatar o ser humano do mal, do pecado e da morte.

Acostumados a proclamar a «vitória da Cruz», corremos o risco de esquecer que o Crucificado nada tem a ver com um falso triunfalismo que esvazia de conteúdo o gesto mais sublime de serviço humilde de Deus para com suas criaturas. A Cruz não é uma espécie de troféu que mostramos a outros com orgulho, mas o símbolo do Amor crucificado de Deus que nos convida a seguir seu exemplo.

Cantamos, adoramos e beijamos a Cruz de Cristo porque no profundo do nosso ser sentimos a necessidade de dar graças a Deus pelo seu amor insondável, mas sem esquecer que o primeiro que nos pede Jesus de forma insistente não é beijar a Cruz mas sim carregar com ela.  E isso consiste simplesmente em seguir seus passos de forma responsável e comprometida, sabendo que esse caminho nos levará mais tarde ou mais cedo a partilhar seu destino doloroso.

Não nos está permitido aproximar-nos do mistério da Cruz de forma passiva, sem intenção alguma de carregar com ela. Por isso, temos que cuidar muito de algumas celebrações que podem criar em torno da Cruz uma atmosfera atrativa mas perigosa, se nos distraem do seguir fielmente o Crucificado fazendo-nos viver a ilusão de um cristianismo sem Cruz. É precisamente ao beijar a Cruz quando temos que escutar a chamada de Jesus: «Se alguém vem detrás de mim... que carregue com a sua cruz e me siga».

Para os seguidores de Jesus, reivindicar a Cruz é aproximar-nos serviçalmente aos crucificados; introduzir justiça onde se abusa dos indefesos; reclamar compaixão onde só há indiferença ante os que sofrem. Isto irá trazer-nos conflitos, rejeição e sofrimento. Será a nossa forma humilde de carregar com a Cruz de Cristo.

O teólogo católico Johann Baptist Metz insistiu no perigo que a imagem do Crucificado nos esteja a ocultar o rosto de quem vive hoje crucificado. No cristianismo dos países do bem-estar está acontecendo, segundo ele, um fenômeno muito grave: «A Cruz já não intranquiliza a ninguém, não tem nenhum aguilhão; perdeu a tensão do seguimento a Jesus, não chama a nenhuma responsabilidade, mas retira-nos dela».


Não teremos todos de rever qual a nossa verdadeira atitude ante o Crucificado? Não teremos de nos aproximarmos Dele de forma mais responsável e comprometida?



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