“Antes, porém, que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos;
sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis
e governadores por causa do meu nome. Esta
será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé”. (Lc 21, 12-13)
Abaixo, uma pequena reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano
de fundo o texto bíblico Lc 21,
5-19 (Jesus fala
da destruição do templo e sobre os tempos difíceis). É de autoria do
padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg
IHU
11 Novembro 2016.
Para tempos difíceis
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho segundo Lucas 21,5-19, que corresponde ao 33° Domingo do
Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o
texto
As profundas mudanças socioculturais
que se estão a produzir nos nossos dias e a crise religiosa que sacode as
raízes do cristianismo no ocidente urge-nos mais do que nunca a procurar em
Jesus a luz e a força que necessitamos para ler e viver estes tempos de forma
lúcida e responsável.
Chamada ao realismo
Em nenhum momento pressagia Jesus aos
seus seguidores um caminho fácil de êxito e glória. Pelo contrário, dá-lhes a
entender que a sua longa história estará cheia de dificuldades e lutas. É
contrário ao espírito de Jesus cultivar o triunfalismo ou alimentar a nostalgia
de grandezas. Este caminho que nos parece duro é o que está mais de acordo com
uma Igreja fiel ao Senhor.
Não à ingenuidade
Em momentos de crise, desconcerto e
confusão não deve estranhar que se escutem mensagens e revelações propondo
caminhos novos de salvação. Estas são as consignas de Jesus. Em primeiro lugar,
«não sejam enganados»: não cair na ingenuidade de dar crédito a
mensagens alheias ao evangelho, nem fora nem dentro da Igreja. Portanto, «Não
sigam essa gente»: Não seguir a quem nos separa de Jesus Cristo, único
fundamento e origem da nossa fé.
Centrarmos no
essencial
Cada geração cristã tem os seus
próprios problemas, dificuldades e buscas. Não temos de perder a calma, mas
assumir a nossa própria responsabilidade. Não se nos pede nada que esteja acima
das nossas forças. Contamos com a ajuda do próprio Jesus: «Eu vos darei
palavras e sabedoria» ... Inclusive num ambiente hostil de rejeição ou
desafeto, podemos praticar o evangelho e viver com sensatez cristã.
A hora do
testemunho
Os tempos difíceis não hão de ser
tempos para lamentos, nostalgia ou desalento. Não é a hora da resignação,
passividade ou demissão. A ideia de Jesus é outra: em tempos difíceis «tereis
ocasião de dar testemunho». É agora precisamente quando temos que reavivar
entre nós a chamada para ser testemunhas humildes mas convincentes de Jesus, da
sua mensagem e do seu projeto.
Paciência
Esta é a exortação de Jesus para
momentos duros: «É permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida».
O término original pode ser traduzido indistintamente como«paciência» ou
«perseverança». Entre os cristãos falamos pouco da paciência, mas
necessitamo-la mais do que nunca. É o momento de cultivar um estilo de vida
cristã, paciente e tenaz, que nos ajude a responder a novas situações e
desafios sem perder a paz nem a lucidez.
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