“E Jesus,
respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes:
Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os
mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.”. (Mt, 11, 4-5)
Vejo
os textos escritos por José Antonio Pagola bem interessantes e, principalmente,
muito atuais e diretos para os católicos (e cristãos, de modo geral) nos dias
de hoje. Acredito que publicar essas reflexões extraordinárias no blog
Indagações-Zapytania é uma forma concreta de ajudar na sua divulgação,
Abaixo,
uma reflexão bem concreta, que tem como fundo o texto bíblico Mt 11, 2-12 (Jesus
responde à pergunta de João Batista).
Foi
publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler.
WCejnog
IHU-Adital
09 Dezembro 2016.
Curar feridas
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 11,2-12 que corresponde ao Terceiro
Domingo de Advento, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
A atuação de Jesus deixou desconcertado o
Batista. Ele esperava um Messias que extirparia do mundo o pecado, impondo
o julgamento rigoroso de Deus, não um Messias dedicado a curar feridas e a
aliviar sofrimentos. A partir da prisão de Maqueronte, envia uma mensagem a
Jesus: “És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?”.
Jesus responde-lhe com a sua vida de
profeta curador: “Ide contar a João o que estais vendo e ouvindo: os
cegos recuperam a vista, os coxos andam; os leprosos ficam limpos e os surdos
ouvem; os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se a Boa Nova”. Este é o
verdadeiro Messias: O que vem para aliviar o sofrimento, curar a vida e abrir
um horizonte de esperança aos pobres.
Jesus sente-se enviado por um Pai misericordioso
que quer para todos um mundo mais digno e ditoso. Por isso entrega-se a curar
feridas, curar doenças e libertar a vida. E por isso pede a todos: “Sede
compassivos como o vosso Pai é compassivo”.
Jesus não se
sente enviado por um Juiz rigoroso para julgar os pecadores e condenar
o mundo. Por isso não atemoriza ninguém com gestos justiceiros; pelo
contrário, oferece a pecadores e prostitutas a Sua amizade e o Seu perdão. E
por isso pede a todos: “Não julgueis e não sereis julgados”.
Jesus não cura nunca de forma arbitrária ou por
puro sensacionalismo. Cura movido pela compaixão, procurando restaurar
a vida dessas pessoas doentes, abatidas e quebradas. São as primeiras
que devem experimentar que Deus é amigo de uma vida digna e sã.
Jesus não insistiu nunca no caráter
prodigioso das suas curas, nem pensou nelas como receita fácil para
suprimir o sofrimento no mundo. Apresentou a sua atividade de cura como sinal
para mostrar aos seus seguidores em que direção temos de atuar para abrir
caminhos a esse projeto humanizador do Pai que Ele chamava “reino de Deus”.
O Papa Francisco afirma que “curar feridas”
é uma tarefa urgente: “Vejo com claridade que o que a Igreja necessita hoje
é a capacidade de curar feridas”. Fala logo de “nos responsabilizarmos pelas
pessoas, acompanhando-as como o bom samaritano, que lava, limpa e consola”.
Fala também de “caminhar com as pessoas na noite, saber dialogar e inclusive
descer à sua noite e obscuridade sem nos perdermos”.
Ao confiar a Sua missão aos discípulos, Jesus não
os imagina como doutores, hierarcas, liturgistas ou teólogos, mas como quem
cura. Sempre lhes confia uma dupla tarefa: curar doentes e anunciar que
o reino de Deus está próximo.
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