O Natal
Abaixo, uma pequena mas muito concreta
e bonita reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 2, 1-14. É uma
excelente meditação para todos nós, os cristãos, que todo ano celebramos a
Festa de Natal.
A reflexão é de autoria do padre
e teólogo espanhol José Antonio Pagola e foi publicada no site do Instituto
Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
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IHU - Adital
23 Dezembro 2016.
Um Deus próximo
A leitura que a Igreja propõe para esta Noite
de Natal é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas, 2, 1-14.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola a
comenta o texto.
Eis o texto.
O Natal é muito mais que todo esse
ambiente superficial e manipulado que se respira nestes dias nas nossas ruas.
Uma festa muito mais profunda e alegre que todos os sistemas da nossa sociedade
de consumo.
Os crentes, temos que recuperar de novo o coração
desta festa e descobrir detrás de tanta superficialidade e aturdimento o
mistério que dá origem à nossa alegria. Temos que aprender a “celebrar”
o Natal. Nem todos sabem o que é celebrar. Nem todos sabem o que é
abrir o coração à alegria.
E, no entanto, não entenderemos o Natal se não
sabemos fazer silêncio no nosso coração, abrir a nossa alma ao mistério de
um Deus que se aproxima de nós, alegrar-nos com a vida que se nos oferece e
saborear a festa da chegada de um Deus Amigo.
No meio do nosso viver diário, por vezes tão
aborrecido, apagado e triste, convida-se à alegria. “Não pode haver
tristeza quando nasce a vida” (Leão Magno). Não se trata de uma
alegria insípida e superficial. A alegria de quem está alegre sem saber por quê.“
”Temos motivos para o júbilo radiante, para a alegria plena e para a festa
solene: Deus fez-se homem e veio para viver entre nós” (Leonardo Boff). Há
uma alegria que só se pode desfrutar por quem se abre à aproximação de Deus e
se deixa atrair pela Sua ternura.
Uma alegria que nos liberta de medos, desconfianças
e inibições ante Deus. Como temer um Deus que se nos aproxima como um
menino? Como esquivar-se a quem se nos oferece como um pequeno frágil
e indefeso? Deus não veio armado de poder para impor-se aos homens.
Aproximou-se com a ternura de um menino a quem podemos acolher ou rejeitar.
Deus não pode ser já o Ser “onipotente” e “poderoso”
que nós suspeitamos, fechado na seriedade e no mistério de um mundo
inacessível. Deus é este menino entregue carinhosamente à humanidade,
este pequeno que procura o nosso olhar para nos alegrarmos com o Seu sorriso.
O acontecimento de que Deus se fez menino diz muito
mais de como é Deus do que todas as nossas reflexões e especulações sobre o Seu
mistério. Se soubéssemos deter-nos em silêncio ante este menino e acolher desde
o fundo do nosso ser toda a proximidade e a ternura de Deus, talvez entendêssemos
por que o coração de um crente deve estar afetado de uma alegria diferente
nestes dias de Natal.
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