“’A virgem
ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamarão Emanuel’, que significa ‘Deus
conosco’". (Mt 1, 23)
Abaixo, uma pequena reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano
de fundo o texto bíblico Mt 1,18-24 (Evangelista fala do nascimento de Jesus).
É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
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IHU - Adital
16 dezembro 2016
Experiência interior
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 1, 18-24 que corresponde ao Quarto
Domingo de Advento, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio
Pagola comenta o texto.
Eis o texto
O evangelista Mateus tem um
interesse especial em dizer aos seus leitores que Jesus deve ser chamado também
de «Emmanuel». Sabe muito bem que pode resultar chocante e estranho. A quem se
lhe pode chamar com um nome que significa «Deus conosco»? No entanto, este nome
encerra o núcleo da fé cristã e é o centro da celebração do Natal.
Esse mistério último que nos rodeia por todos os
lados e que os crentes chamam «Deus» não é algo longínquo e distante.
Está com todos e cada um de nós. Como o posso saber? É possível acreditar de
forma razoável que Deus está comigo se não tenho alguma experiência pessoal,
por pequena que seja?
Geralmente, aos cristãos não nos foi ensinado a perceber
a presença do mistério de Deus no nosso interior. Por isso muitos o
imaginam em algum lugar indefinido e abstrato do universo. Outros o procuram
adorando Cristo presente na eucaristia. Bastante pessoas procuram escutá-Lo na
Bíblia. Para outros, o melhor caminho é Jesus.
O mistério de Deus tem, sem dúvida, os seus
caminhos para fazer-se presente em cada vida. Mas pode dizer-se que, na cultura
atual, se não O experimentarmos de alguma forma vivo dentro de nós,
dificilmente O encontraremos fora. Pelo contrário, se percebemos Sua
presença em nós, poderemos rastrear Sua presença à nossa volta.
É possível? O segredo consiste sobretudo
em saber estar de olhos fechados e em silêncio aprazível, acolhendo, com um
coração simples, essa presença misteriosa que nos está alentando e sustentando.
Não se trata de pensar nisso, mas de estar, «acolher» a paz, a vida, o amor, o
perdão... que nos chega desde o mais íntimo do nosso ser.
É normal que, ao entrar no nosso próprio mistério,
nos encontremos com os nossos medos e preocupações, as nossas feridas e
tristezas, a nossa mediocridade e o nosso pecado. Não temos de nos inquietar,
mas permanecer no silêncio. A presença amistosa que está no fundo mais
íntimo de nós irá apaziguando, libertando e curando.
Karl Rahner, um dos
teólogos mais importantes do século XX, afirma que, no meio da sociedade
secular dos nossos dias, «esta experiência do coração é a única com que se pode
compreender a mensagem de fé do Natal: Deus fez-se homem». O mistério último da
vida é um mistério de bondade, de perdão e salvação, que está
conosco: dentro de todos e cada um de nós. Se O acolhemos em silêncio,
conheceremos a alegria do Natal.
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