Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Experiência interior. – Reflexão de José Antonio Pagola. Bem atual!



’A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamarão Emanuel’, que significa ‘Deus conosco’". (Mt 1, 23)

Abaixo, uma pequena reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 1,18-24 (Evangelista fala do nascimento de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
WCejnóg


IHU - Adital
16 dezembro 2016

Experiência interior

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 1, 18-24 que corresponde ao Quarto Domingo de Advento, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

O evangelista Mateus tem um interesse especial em dizer aos seus leitores que Jesus deve ser chamado também de «Emmanuel». Sabe muito bem que pode resultar chocante e estranho. A quem se lhe pode chamar com um nome que significa «Deus conosco»? No entanto, este nome encerra o núcleo da fé cristã e é o centro da celebração do Natal.

Esse mistério último que nos rodeia por todos os lados e que os crentes chamam «Deus» não é algo longínquo e distante. Está com todos e cada um de nós. Como o posso saber? É possível acreditar de forma razoável que Deus está comigo se não tenho alguma experiência pessoal, por pequena que seja?

Geralmente, aos cristãos não nos foi ensinado a perceber a presença do mistério de Deus no nosso interior. Por isso muitos o imaginam em algum lugar indefinido e abstrato do universo. Outros o procuram adorando Cristo presente na eucaristia. Bastante pessoas procuram escutá-Lo na Bíblia. Para outros, o melhor caminho é Jesus.

O mistério de Deus tem, sem dúvida, os seus caminhos para fazer-se presente em cada vida. Mas pode dizer-se que, na cultura atual, se não O experimentarmos de alguma forma vivo dentro de nós, dificilmente O encontraremos fora. Pelo contrário, se percebemos Sua presença em nós, poderemos rastrear Sua presença à nossa volta.

É possível? O segredo consiste sobretudo em saber estar de olhos fechados e em silêncio aprazível, acolhendo, com um coração simples, essa presença misteriosa que nos está alentando e sustentando. Não se trata de pensar nisso, mas de estar, «acolher» a paz, a vida, o amor, o perdão... que nos chega desde o mais íntimo do nosso ser.

É normal que, ao entrar no nosso próprio mistério, nos encontremos com os nossos medos e preocupações, as nossas feridas e tristezas, a nossa mediocridade e o nosso pecado. Não temos de nos inquietar, mas permanecer no silêncio. A presença amistosa que está no fundo mais íntimo de nós irá apaziguando, libertando e curando.


Karl Rahner, um dos teólogos mais importantes do século XX, afirma que, no meio da sociedade secular dos nossos dias, «esta experiência do coração é a única com que se pode compreender a mensagem de fé do Natal: Deus fez-se homem». O mistério último da vida é um mistério de bondade, de perdão e salvação, que está conosco: dentro de todos e cada um de nós. Se O acolhemos em silêncio, conheceremos a alegria do Natal.



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