“O pai disse aos empregados: ‘Trazei
depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e
sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete.
Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi
encontrado’. E começaram a festa.” (Lc 15, 22-24)
Abaixo, uma boa reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 15, 1-3.11-32 (O Pai misericordioso). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
Foi publicada na no site do
Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU-ADITAL
29 Março 2019.
Com os braços sempre abertos
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 15,1-3.11-32 que corresponde ao
4° Domingo de Quaresma, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Para não poucos, Deus é tudo menos alguém capaz de
colocar alegria na sua vida. Pensar nele
traz-lhes más recordações: no seu interior se desperta a ideia de um ser
ameaçador e exigente, que torna a vida mais fastidiosa, incômoda e perigosa.
Pouco a pouco prescindiram dele. A fé foi
“reprimida” no seu interior. Hoje não sabem se acreditam ou não acreditam.
Ficaram sem caminhos para Deus. Alguns recordam ainda a “parábola do filho
pródigo”, mas nunca a ouviram nos seus corações.
O verdadeiro protagonista desta parábola é o pai. Por duas vezes repete o mesmo grito de alegria: ”Este meu filho estava
morto e voltou à vida: estava perdido e nós o encontramos”. Este grito revela o
que está no coração de seu pai. Esse pai não se importa com a sua honra, os
seus interesses ou com o tratamento que os seus filhos lhe dão. Nunca usa uma
linguagem moral. Pensa apenas na vida do seu filho: que não seja destruído,
que não fique morto, que não viva perdido sem conhecer a alegria da vida.
O relato descreve com todos os detalhes o encontro
surpreendente do pai com o filho que abandonou o lar. Estando ainda longe, o
pai ”viu-o” chegar cheio de fome e humilhado, e comoveu-se até às entranhas. Esse
olhar bom, cheio de bondade e compaixão é o que nos salva. Só Deus
nos olha assim.
Então ”começa a correr”. Não é o filho que volta
para casa. É o pai que sai a correr e procura o abraço com mais ardor que o
próprio filho. ”Atirou-se ao pescoço
e começou a beijá-lo”. Assim está sempre Deus. Correndo com os braços abertos
para aqueles que voltam para Ele.
O filho começa a sua confissão: preparou longamente
no seu interior. O pai interrompe-o para poupá-lo de mais humilhações. Não lhe
impõe qualquer castigo, não lhe exige nenhum rito de expiação; não lhe impõe
nenhuma condição para recebê-lo em casa. Só Deus acolhe e protege assim os
pecadores.
O pai só pensa na dignidade de seu filho. Tem de
agir depressa. Manda trazer o melhor vestido, o anel do filho e as sandálias
para entrar em casa.
Assim, será recebido num banquete realizado em sua honra. O filho deve conhecer junto com o seu pai a vida digna e feliz que ele não pôde desfrutar longe dele.
Quem ouve esta parábola do lado de fora não
entenderá nada. Continuará a caminhar pela vida sem Deus. Quem a escuta no seu coração,
talvez chore de alegria e gratidão. Sentirá pela primeira vez que o mistério
final da vida é Alguém que nos acolhe e nos perdoa porque só quer a nossa
alegria.
Fonte: IHU – Comentáriodo Evangelho