"Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador
que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de
arrependimento”. (Lc 15,7)
Hoje, uma
excelente reflexão, muito concreta e atual. Como pano de fundo tem o texto bíblico Lc 15, 1-32 (sentar-se com pecadores). O texto é de autoria do padre e teólogo espanhol
José Antonio Pagola. Foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos
(IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
13
Setembro 2019
O
gesto mais escandaloso
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho segundo Lucas 15,1-32, que corresponde ao 24° Domingo do Tempo
Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o texto
O gesto mais provocador e escandaloso de
Jesus foi, sem dúvida, sua forma de acolher com especial simpatia a pecadoras e
pecadores, excluídos pelos dirigentes religiosos e socialmente marcados pela
sua conduta à margem da Lei. O que mais irritava era o costume de Jesus de
comer amigavelmente com eles.
Normalmente esquecemos que Jesus criou uma
situação surpreendente na sociedade de seu tempo. Os pecadores não fogem dele.
Pelo contrário, sentem-se atraídos pela sua pessoa e a sua mensagem.
Lucas diz-nos que “os pecadores e publicanos costumavam aproximar-se de Jesus
para ouvi-lo”. Aparentemente, encontram nele um acolhimento e compreensão que
não encontram em nenhum outro lugar.
Enquanto isso, os setores fariseus e os
doutores da Lei, os homens de maior prestígio moral e religioso ante o povo, só
sabem criticar, escandalizados, o comportamento de Jesus: “Esse homem acolhe os
pecadores e come com eles”. Como pode um homem de Deus comer na mesma mesa com
aquelas pessoas pecadoras e indesejáveis?
Jesus nunca fez caso das suas críticas. Sabia que
Deus não é o Juiz severo e rigoroso de que falam com tanta segurança, aqueles
mestres que ocupam os primeiros assentos das sinagogas. Ele conhece bem o
coração do Pai. Deus entende os pecadores; ofereça seu perdão a todos;
não exclui ninguém; perdoa tudo. Ninguém deve obscurecer e desfigurar seu
perdão insondável e gratuito.
Portanto, Jesus oferece-lhes sua compreensão e
amizade. Aquelas prostitutas e cobradores devem sentir-se acolhidos por
Deus. Isso vem primeiro. Nada devem temer. Podem sentar-se à sua mesa, podem
beber vinho e cantar cânticos com Jesus. Seu acolhimento vai curando-os por
dentro. Liberta-os da vergonha e da humilhação. Devolve-lhes a alegria de
viver.
Jesus acolhe-os como são sem exigir-lhes
nada. Vai contagiando-os com sua paz e sua confiança em Deus, sem ter certeza
de que responderão mudando o seu comportamento. Faz confiando totalmente na
misericórdia de Deus que já os está esperando com os braços abertos, como um
bom pai que corre ao encontro do seu filho perdido.
A primeira tarefa de uma Igreja fiel a Jesus não é
condenar os pecadores, mas os compreender e acolher amistosamente. Em Roma pude
comprovar faz alguns meses que, sempre que o papa Francisco insistia que
Deus perdoa sempre, perdoa tudo, perdoa a todos, as pessoas aplaudiam com
entusiasmo.
Certamente é o que muitas pessoas de fé pequena e
hesitante precisam ouvir claramente hoje da Igreja.
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