Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Na vida, quantas ilusões!


A nossa vida está cada vez mais agitada e corrida.  Estamos sem tempo, sempre ‘correndo’ atrás de alguma coisa. Se olhar bem em volta, todos participam dessa corrida. Quem tem dificuldades, quem tem pouco ou nada na vida - se esforça e corre contra o tempo para sobreviver. Quem tem já alguma coisa, corre para conseguir mais, para garantir o futuro. Quem tem muito – quer multiplicar a sua fortuna.  E o tempo passa... A nossa vida passa... Nós passamos!
Volta a pergunta: Qual é o sentido da vida?   Perseguir os desejos, realizar as metas e conseguir ter as coisas, sabendo que um dia vamos deixar  tudo, esta seria a razão para viver?
Será que esses desejos todos que queremos alcançar,  mas que são tão passageiros, não querem dizer que, na verdade, queremos algo mais? Não estamos em busca do tesouro duradouro e definitivo?
Talvez, hoje,  muitas pessoas não  importam-se em saber qual é a resposta.  Porém, as palavras da Bíblia continuam ressoando no ar para todo ser humano poder ouvir: “Insensato! Ainda nesta mesma noite tirarão a tua vida, e para quem ficará tudo  que  acumulaste? É o que acontecerá com quem guarda tesouros para si e não é rico diante de Deus”.  (Lc 12,20-  21).
O texto abaixo aprofunda esta questão:
WCejnog

(4)

(...) Costumamos dizer que a gente sempre ainda encontra algo, que parece digno de esforço. Porém, quando já alcançamos esse algo, o nosso desejo já mira um novo alvo. Uma impaciência constante continua a nos empurrar sempre de novo. Nunca podemos dizer que já estamos  realmente e definitivamente satisfeitos e realizados. De onde vem essa profunda inclinação pela busca de algo ‘mais’, que não nos deixa totalmente em paz? Podemos comparar isso com a corrida atrás da própria sombra – permanece sempre inalcançável, preservando a mesma distância.

Todos nós experimentamos momentos, quando não temos saudades, desejos, e nos sentimos felizes. Acontece isso após a realização de alguma coisa grande, quando alcançamos alguma meta maior. Mas, quanto tempo isso dura? De antemão já sabemos que é passageiro. Justamente, nos momentos de felicidade sofremos mais, sentindo que esses instantes passam e não conseguimos os deter. Assim sendo, mesmo quando realizamos os nossos desejos, nós não estamos completamente satisfeitos. Desejos não realizados – este seria o nosso destino? Até que  ponto nos é permitido cultivar os desejos e saudades para não corrermos atrás das ilusões?

O que se refere a cada ser humano, também se refere à humanidade. Pelo prisma da história vemos o enorme progresso que nos deixa entorpecidos. Manifesta-se ele  na medicina, bioquímica, técnica e tecnologia, psicologia, sociologia e, de modo geral, em todas as ciências. A vida também melhorou: vivemos bem melhor que as pessoas nos séculos passados. Hoje, realizaram-se  as coisas, que no passado pareciam puros sonhos ou fantasias para os homens daqueles tempos.  Mais ainda: o que hoje ainda  consideramos impossível, os cientistas já colocaram na pauta de seus trabalhos e experimentos, prometendo futuros sucessos.  A humanidade segue, portanto, esse forte desejo que está profundamente nela enraizado, de criar  um “amanhã melhor” e um “mundo  mais perfeito”.  Mas, apesar  de todas as conquistas e  progresso , parece que estamos ainda  no início da busca,  correndo atrás dos desejos indefinidos ou ilusões? (...)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p.18.)

*****************************

sábado, 26 de novembro de 2011

Crise global - aonde pode nos levar?

Quanto mais eu tento entender o que está acontecendo hoje no mundo globalizado, tanto mais ressoa forte a pergunta: por que o ser humano, apesar das suas faculdades extraordinárias (ele é o ‘rei’ da criação!), não anda na direção certa e faz opções erradas, com as conseqüências imprevisíveis? Eis o dilema que norteia a mente e a consciência de muitos de nós.
Para aprofundar um olhar crítico sobre este assunto, não posso me privar de repassar aqui um artigo do Giuseppe Staccone  (italiano, graduado em Filosofia, doutor em Teologia e em Letras por universidades romanas, trabalhou cerca de 20 anos no Brasil. Autor de vários livros e muitos artigos).
 WCejnog
 Eis o artigo.

COM A CRISE GLOBAL, ASSOMA A QUESTÃO MORAL
 Giuseppe Staccone
 Fonte: Enviada pelo autor
 
 
A crise que grassa pelo mundo afora é advertida, predominantemente, como crise econômica. Mas esta é uma visão redutiva da dimensão complexa da crise global na qual estamos imersos. No nosso quotidiano advertimos que, mesmo tendo o necessário ou até um pouco mais para viver dignamente, não estamos satisfeitos, nem contentes. Por exemplo, a falta de segurança afeta a nossa tranqüilidade! A perspectiva de um futuro incerto para nossos filhos nos deixa preocupados!
A produção e o consumo de bens materiais não basta para alicerçar o bem-estar e a felicidade dos seres humanos. No avanço do processo de humanização chegamos ao patamar histórico, não consolidado, do “reconhecimento de todos por todos”! De fato, nós queremos o reconhecimento da nossa dignidade humana. Da nossa liberdade humana. Das nossas potencialidades humanas... Nós, de forma mais ou menos consciente, buscamos a realização da nossa “dimensão” humana, de pessoas iguais e livres numa sociedade justa. Cada um de nós quer contar/valer na sociedade e não nos contentamos com ser, apenas, um número a ser contado ou uma unidade a ser catalogada.
Na sociedade do “capitalismo doentio”, em que vivemos, somos encaminhados, com doses maciças de publicidade, a viver como “indivíduos consumidores”! Os indicadores que mais contam, e dos quais mais se fala em nosso mundo globalizado, são os indicadores econômicos. Uma sociedade, qualquer sociedade, é avaliada pelos indicadores econômicos, e não por outros indicadores, que seriam mais complexos e mais indicativos da “qualidade de vida humana” que as pessoas vivem realmente.
Ao consumismo se sacrificam a identidade pessoal, a capacidade crítica de avaliação do que é bom ou ruim, justo ou injusto, necessário ou supérfluo; enfim, imola-se o discernimento pessoal que é o fundamento da liberdade e da dignidade da vida humana. Tudo se sacrifica para buscar uma “satisfação” imediata, fundada na posse e/ou no consumo de bens, materiais ou imateriais que sejam.
Junto ao consumismo, em nossas sociedades avulta o gigantismo da corrupção dos indivíduos e das instituições. No nosso mundo corrompido valem, sempre menos, as capacidades e o preparo das pessoas, pois os fatores de avanço econômico e social se prendem, sempre mais, aos “laços” familiares ou associativos, ao clientelismo, à militância política, à ligação com “máfias” ou agremiações poderosas...
Está patente que o crescimento dos consumos não ajudou a edificar sociedades mais reguladas e mais justas! Antes, fez emergir vícios e injustiças que favorecem a corrupção dos costumes e das leis, o oportunismo, a deslealdade e a desonestidade. Difunde-se, ao mesmo tempo, o ceticismo ético que afunda o prestígio dos valores necessários para cimentar uma justa convivência social e política.
Nesta situação assoma a “questão moral” como marco iniludível que desafia a modificar e renovar nossas vidas pessoais e nossas sociedades. A ética, de fato, nos questiona sobre o ponto essencial da convivência em sociedade: se damos a cada um aquilo que lhe é devido como ser humano! A democracia que adotamos está, por sua vez, fundada no valor da pessoa humana. É sim um conjunto de regras procedimentais, mas tem como objetivo favorecer a convivência harmoniosa entre todos os cidadãos, superando os conflitos com medidas em benefício do bem comum.
O desafio nos colhe no estádio avançado de uma “crise” global, não somente econômica, mas ecológica e de relações humanas, de valores e de atitudes associais, que pode destruir a nossa própria possibilidade de sobreviver como espécie humana. Disto nasce a urgência de mudanças profundas e inovadoras nas nossas atitudes mentais e práticas.

Giuseppe Staccone
gstacco@gmail.com

***************************** 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Protesto contra a sociedade de consumo


Na atualidade, a nossa sociedade se torna cada vez mais escrava do mercado, onde a produção e o consumo pretendem determinar os valores da vida humana. Isso afeta todos nós, mas especialmente os nossos adolescentes e jovens. Se de um lado eles são incentivados  a entrar na ‘dança’ do mercado e se mostrarem competitivos, flexíveis e  criativos (para ter alguma chance de conseguir um emprego), por outro – são vítimas da cultura do consumo: não podem comprar tudo o que lhes é oferecido e anunciado como “indispensável”. Isso gera a insuportável sensação de falta de limites, a  insegurança e violência. Esta situação, junto com os outros fatores, reforça o convite para uso de drogas. Assistimos uma violência contra os nosso jovens, adolescentes e crianças. Muitos deles, mais conscientes, organizam-se manifestando o seu protesto. As noticias do mundo inteiro, nos últimos anos (e especialmente nos últimos meses nos países árabes e na Europa), com freqüência exibem as manifestações de estudantes universitários e jovens em geral que estão nas ruas exigindo mudanças e lutando por elas.  Fica claro que eles não se contentam com as coisas erradas, com imposições da política e do mercado e com a falta de perspectivas para a vida e para o futuro. A vida, para eles, tem sentido? 
WCejnog

********
(3)

(...) Um fragmento da carta de um jovem de 16 anos enviado a um monge: “Necessito  de aconselhamento e preciso de fé; preciso acreditar em alguma coisa, que dê sentido a minha vida. Já faz bom tempo que uso drogas para poder esquecer os problemas.  Gostaria de romper com isso, mas fico com medo do que me pode esperar depois. A cocaína me permite esquecer das coisas por pouco tempo. Depois começa, sempre de novo, aquele vazio.(...)  Por favor, ajude-me  responder a pergunta, por que eu  devo viver”.

Pode ser que os jovens busquem respostas para essa pergunta avançando na direção errada. Quando perturbam  o trânsito nas cidades, ocupam os prédios públicos, manifestam  violência nas manifestações contra certas políticas do Estado, protestando contra o sistema – os jovens demonstram que  procuram algo, o que possa  enriquecer a sua vida e alargar os horizontes da consciência. Eles  lutam por suas expectativas e esperanças da vida, o que é certo e bom.(...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p.17.)


************************

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Desejo insaciável

Cada um de nós quer ser feliz. O ser humano é assim. Constantemente esperamos  e esperamos por alguma coisa. Uma pessoa que não tem mais nada a esperar  vai atrofiando. A nossa vida se alimenta de desejos e esperanças.
WCejnog
(2)

(...) Alguns pensadores com freqüência  falam hoje do “princípio de esperança” e debatem sobre o “vazio”, que o próprio ser humano cria para si. Diariamente ouvimos palavras que viram moda como evolução, progresso, desenvolvimento, expectativas, saudade, futuro, etc.  Na verdade, todas elas servem para descrever o mesmo poder, com o qual o  ser humano pretende alcançar as metas, que ele  considera importantíssimas. E isso seria  a realização da sua vida, a felicidade.  Tudo o que fazemos está impregnado com esse desejo bastante indefinido. Continuamente estamos  esperando por algo. Na maioria das vezes desejamos as coisas mais próximas:  esperamos uma carta, um e-mail,  um presente, a chegada de alguém próximo. Ou, então, esperamos pelo dia de poder visitar um amigo, por algum evento muito especial,  alguma festa...  Essas pequenas esperanças  nos ajudam, trazem-nos uma dinâmica de vida. Naturalmente, existem expectativas visando metas mais distantes:  as crianças gostariam de estar maiores, os estudantes que os estudos  já terminassem; pensam no futuro:  quando estarão ganhando dinheiro, ficarão independentes, progredirão na profissão, terão carro, poderão casar, ter  filhos, casa – e um futuro garantido?

Na verdade, todos nós gostaríamos de ter alguma coisa na vida. Mas, o que?  Estamos cercados, de todos os lados, pelas propagandas e chamativos de consumo. Os comerciais afirmam  que quem compra isso ou aquilo, bebe este produto, compra aquela roupa, sapatos, adquire este aparelho ou máquina, compra aquele  carro, este curtirá mais a vida. É claro, este ‘mais’ está  ligado à cosmética, alimentação, saúde, moda e a um monte de pequenos acessórios. Quando não temos condições de comprar algo, ficamos insatisfeitos.  Aí , dizemos: ‘se eu tivésse  bastante  dinheiro, daria para viver muito bem’. Quando já  se tem  bastante dessas coisas, a corrida para ter “mais” fica  ainda mais acirrada. Tudo que já temos, na verdade,  ainda não é o que realmente gostaríamos de ter.  Então, continuamos perseguindo os desejos, mais e mais, na mesma direção onde todos correm.

Será que o ser humano já alcançou tudo quando vive em abundância e quando exerce um importante papel  na sociedade?  Será que ele se  sente feliz quando tem  o alto nível de vida e o prestigio social? – Para algumas pessoas isso basta. São muitos aqueles que nada lhes falta. Aparentemente estão satisfeitas com aquilo que têm.  Não sentem  outros problemas.  Mas, será que essa ‘satisfação’ não significa apenas a realização de algumas  necessidades importantes,  e só?  Preferem não pensar  mais,  porque assim é mais confortável – para que perguntar mais sobre a vida? 

  
 Também quando existem problemas, quando a família desestruturada, os filhos cada um pro seu lado, ou talvez a esposa, ou marido, doente? O que vai acontecer quando o nosso cargo será ocupado por alguém mais jovem, ou quando não teremos mais forças para trabalhar profissionalmente? O que vai restar, quando os nosso planos não deram certo, ou se durante uma noite alguma tragédia levar  todo o nosso patrimônio? Será que não vale a pena continuar a vida? Estaríamos realmente no fim?

Apesar de todo conhecimento das ciências e do mundo, permanece a experiência e a consciência de que a nossa existência passa pelas mudanças. (...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, pp. 16-17.)

*************************

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A vida tem sentido?


Para refletir sobre esta questão, nada melhor do  que  abrir o livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben” , e seguir o seu raciocínio. É um livro ‘de cabeçeira’ para muitos de nós, ansiosos em encontrar respostas lógicas, dadas com muita sabedoria e perspicácia. Uso aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), e servindo-me de uma tradução livre (para o português) aponto alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. Entrar e caminhar por este ‘caminho’ é um convite irresistível.
WCejnog

(1)
 (...) Imagine uma situação onde alguém chega ao guichê no aeroporto e pede: “Por favor uma passagem de primeira classe”. Uma, de primeira classe, nada mais. Não importa para onde, não importa qual destino. O importante apenas é que seja de primeira  classe, com as poltronas mais macias que existem.  Seria uma brincadeira?  É claro, o caso inventado.  Mas, se observar  bem, não são poucas pessoas que na sua vida, no seu dia-a-dia, comportam se deste jeito. Importante para elas é apenas ter um bom lugar, uma excelente posição social, cargo, uma renda garantida – não importa aonde isso leva.

Para a maioria das pessoas, no entanto, isso não basta. Não basta  apenas o lugar na “primeira classe”. Elas querem saber para onde leva o caminho e se  vale a pena a viagem. Será que nós sabemos por que vivemos, para que vivemos  e se a vida, de modo geral, tem sentido? 

O que encontramos atualmente são várias respostas, às vezes até contraditórias, para essas perguntas.  O homem de hoje, muito mais  que antigamente, tornou-se muito mais independente na formulação de suas opiniões.  Acontece, porém, que quando se trata do tema do fim da vida, sobretudo da vida humana, ele não tem tanta certeza. Não só duvida dessa ou daquela opinião, como, às vezes, simplesmente acha impossível obter uma resposta para isso. 

A pergunta pelo sentido da vida cada vez mais parte  dos jovens, e é de natureza prática. De um lado o ser humano não pode não se importar com isso, porque em jogo está a vida dele, e ela,  certamente,  não é sem valor. Por outro lado, o homem só saberá quem é, se souber para que vive  e por que deve morrer

Alguns pensam: é suficiente que vivemos, trabalhamos e comemos, que exercemos alguma profissão, ganhamos dinheiro... ou – quando têm uma situação melhor  - que podemos estudar, servir à sociedade e ao progresso, colaborar na construção de um “amanhã melhor”... Quanto ao fim de tudo isso – melhor simplesmente não pensar  e, um dia,  de um ou outro jeito,  desaparecer...
                             
Mas, a pergunta persiste:  será que é isso mesmo? Esse seria o sentido da vida? (..)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981,PP. 15-16.)

***********************

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Conheço porque existo?


Muitas vezes, parece, temos dificuldade para admitir que  todas  as outras pessoas têm a mesma possibilidade que nós, e podem ver e ter a experiência do mundo e das outras pessoas do mesmo jeito que nós o fazemos, isto é, a partir de si.  Se pensar bem, como pode ser isso? – eu existo para elas unicamente e exclusivamente porque elas existem? Mas isso parece absurdo, já que eu sei que eu existo, só que eu não existiria para qualquer outro ser humano, se ele não pudesse ter consciência da minha existência, e isso ele só pode ter porque existe. Parece estranho. Pensando assim, os meus filhos não tem dúvida que eu existo,  que o seu pai existe...;  mas,  será que a minha existência, o  existir ou não, está condicionado do fato que eles podem afirmar isso ou não? Se eu não tivesse filhos, logicamente nem existiria nenhuma afirmação deles sobre mim... e eu existiria porque existo. 

È verdade que só porque eu não  tenho consciência de alguma outra realidade ou existência, não quer dizer que ela não existe. Tanta coisa que  eu não sei, nem suspeito que pode existir... E continuamos  assistindo novas listas e listas de  existências e coisas que alguém  ainda hoje continua ‘descobrindo’, e levando esse fato ao conhecimento meu e de todos, e por isso as coisas descobertas começam a existir..! Mas elas existiram e existem independentemente disso  se são descobertas ou não... Elas apenas não existem para quem não sabe que elas existem e quem não tem consciência delas.  Eis o paradoxo!

Na base de experiências que possuo e da aprendizagem eu tenho a possibilidade de  me servir de intuição e de imaginação, para supor, quase com toda certeza, que os processos e fatos  vão continuar ocorrendo neste mundo, enquanto ele existir. Sei que o mundo, o planeta é tão grande, e tem tantos mistérios e  características, que ainda não foram nem sequer  descobertos e classificados. Mesmo que não posso provar isso – eu simplesmente sei.

E o mundo, o nosso Planeta, que é tão grande e diverso,  fazendo a parte do Universo, em que ele não  é praticamente nada - è uma partícula  dentro da imensidão do Universo! E onde aqui estou eu? Onde aqui é o ser humano e o que ele pode significar em tudo isso?  Na verdade,  estamos  diante do insondável Mistério da existência e da vida, que fazem parte do mistério de ser.  Sei alguma coisa (e o ser humano de hoje sabe  um volume considerável de  coisas sobre si mesmo e sobre o mundo, tentando  até brincar de Deus!), mas, o que isso significa diante desse mistério? – nada!   Que importância tem que sabemos alguma coisa? – nenhuma!  No infinito do Universo nós, seres humanos,  somos tão pequenos! 

Porque existo? Porque existimos? Isso tem sentido...?
Estou pensando em Deus!
WCejnog

*************************

domingo, 20 de novembro de 2011

Existo então penso?


“Penso, logo existo” - Descartes fala a verdade, tão óbvia e clara, para todos nós, nesse sentido de que só quem pensa nesse mundo se manifesta e se faz como ser, então passa a existir. Mas também é verdade que eu, para pensar preciso antes existir... É,  sem dúvida nenhuma, a existência precede o pensamento e a ação. Existo, e isto é o fato. A partir deste fato é possível que eu possa pensar. São as questões que saltam aos olhos de qualquer ser que é capaz de refletir e pensar sobre o seu próprio ser e a vida. Mas, muitas vezes, para muita gente - e posso saber disso porque eu posso me relacionar com os outros – essas questões existem somente debaixo das coisas superficiais, que desviam a atenção das pessoas da reflexão, escolhendo o comodismo, onde, então, o ser humano prefere nem pensar e nem saber.

Estou imaginando como é possível existir o mundo, e eu nele, e como isso é complexo. Suponhamos que para mim o mundo só existe porque eu o apercebo, eu o vejo, contemplo, sinto, toco, observo, enfim,  levo essas informações para dentro  de mim e sei que o mundo existe. Eu também existo, porque posso fazer o mesmo comigo: eu me apercebo e, então, crio consciência de que eu existo. 

O mundo, que eu apercebo, é  tudo aquilo que está fora  de mim, o que existe e o que se manifesta através de inúmeras e diferentes reações e fenômenos em  volta de mim, e inclui também a mim mesmo, como um dos seus elementos que existem. Então, o mundo existe, e eu  somente sei que ele existe, porque eu o posso aperceber, e isso é possível  exclusivamente porque eu existo. Não é uma coisa estupenda?! 

Não é a toa que o ser humano consciente tem um impulso quase que natural para sentir-se de  grande importância e como se o seu ego constituísse o centro do mundo. Entendo que é assim porque o mundo existe e ‘gira’ em volta dele. A pessoa se  sente no centro e todo o resto gira em torno dela. Essa consciência de existência em si, e de existir do mundo, acontece por meio do ato consciente  de  perceber que se existe.

Mas, penso eu,  isso  faz parte do jogo de existência. Se eu vejo o mundo, e por isso o mundo existe, assim também acontece com todos os outros  seres humanos que existem no mundo. Assim acontecia também com todos os outros, de ontem e desde o início, quando o ser humano teve essa consciência da existência. Então cada uma dessas pessoas também vai afirmar que o mundo existe e que ela existe, somente porque ela pode fazer isso, isto é, porque ela existe. Tece-se uma enorme teia de ligações conscientes no mundo, através dos seres humanos (representantes de todas as criaturas vivas, no seu mais alto grau de evolução), que fazem isso ao se comunicarem. 

O Planeta Azul, nossa casa, está vivo, pulsando, porque as criaturas que nela existem, através dos humanos,  tem consciência da sua existência. Poderia se chamar isso de consciência globalizada? Não se trata somente do mundo civilizado da humanidade, com todas as suas facetas, dinâmicas e processos, passíveis a observação e descrição – e por isso também existente. Trata-se do processo fundamental e primário de existência apercebida somente e exclusivamente graças a consciência de um dos seus elementos, no caso os  seres humanos, como coroação de tudo que neste mundo existe.

WCejnog

********************************