Cada um de nós quer ser feliz. O ser humano é assim. Constantemente esperamos e esperamos por alguma coisa. Uma pessoa que não tem mais nada a esperar vai atrofiando. A nossa vida se alimenta de desejos e esperanças.
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(...) Alguns pensadores com freqüência falam hoje do “princípio de esperança” e debatem sobre o “vazio”, que o próprio ser humano cria para si. Diariamente ouvimos palavras que viram moda como evolução, progresso, desenvolvimento, expectativas, saudade, futuro, etc. Na verdade, todas elas servem para descrever o mesmo poder, com o qual o ser humano pretende alcançar as metas, que ele considera importantíssimas. E isso seria a realização da sua vida, a felicidade. Tudo o que fazemos está impregnado com esse desejo bastante indefinido. Continuamente estamos esperando por algo. Na maioria das vezes desejamos as coisas mais próximas: esperamos uma carta, um e-mail, um presente, a chegada de alguém próximo. Ou, então, esperamos pelo dia de poder visitar um amigo, por algum evento muito especial, alguma festa... Essas pequenas esperanças nos ajudam, trazem-nos uma dinâmica de vida. Naturalmente, existem expectativas visando metas mais distantes: as crianças gostariam de estar maiores, os estudantes que os estudos já terminassem; pensam no futuro: quando estarão ganhando dinheiro, ficarão independentes, progredirão na profissão, terão carro, poderão casar, ter filhos, casa – e um futuro garantido?
Na verdade, todos nós gostaríamos de ter alguma coisa na vida. Mas, o que? Estamos cercados, de todos os lados, pelas propagandas e chamativos de consumo. Os comerciais afirmam que quem compra isso ou aquilo, bebe este produto, compra aquela roupa, sapatos, adquire este aparelho ou máquina, compra aquele carro, este curtirá mais a vida. É claro, este ‘mais’ está ligado à cosmética, alimentação, saúde, moda e a um monte de pequenos acessórios. Quando não temos condições de comprar algo, ficamos insatisfeitos. Aí , dizemos: ‘se eu tivésse bastante dinheiro, daria para viver muito bem’. Quando já se tem bastante dessas coisas, a corrida para ter “mais” fica ainda mais acirrada. Tudo que já temos, na verdade, ainda não é o que realmente gostaríamos de ter. Então, continuamos perseguindo os desejos, mais e mais, na mesma direção onde todos correm.
Será que o ser humano já alcançou tudo quando vive em abundância e quando exerce um importante papel na sociedade? Será que ele se sente feliz quando tem o alto nível de vida e o prestigio social? – Para algumas pessoas isso basta. São muitos aqueles que nada lhes falta. Aparentemente estão satisfeitas com aquilo que têm. Não sentem outros problemas. Mas, será que essa ‘satisfação’ não significa apenas a realização de algumas necessidades importantes, e só? Preferem não pensar mais, porque assim é mais confortável – para que perguntar mais sobre a vida?
Também quando existem problemas, quando a família desestruturada, os filhos cada um pro seu lado, ou talvez a esposa, ou marido, doente? O que vai acontecer quando o nosso cargo será ocupado por alguém mais jovem, ou quando não teremos mais forças para trabalhar profissionalmente? O que vai restar, quando os nosso planos não deram certo, ou se durante uma noite alguma tragédia levar todo o nosso patrimônio? Será que não vale a pena continuar a vida? Estaríamos realmente no fim?
Apesar de todo conhecimento das ciências e do mundo, permanece a experiência e a consciência de que a nossa existência passa pelas mudanças. (...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, pp. 16-17.)
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