Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Uma Igreja mais evangélica. – Reflexão de José Antonio Pagola. Ótima!



 E Jesus, vendo as multidões, subiu a um monte, e assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; e abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão aterra;
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verãoa Deus;
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, falarem todo mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardãonos céus; porque assim perseguiram os profetas que vieramantes de vós.”     (Mt 5, 1-12)

Abaixo, uma pequena reflexão, porém muito expressíva, concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 5, 1-12 (Sermão da montanha – Bem-aventuranças).  É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
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IHU - Adital
27 Janeiro 2017.

Uma Igreja mais evangélica

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Mateus 5, 1-12 que corresponde ao Quarto Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.


Eis o texto

Ao formular as bem-aventuranças, Mateus, diferentemente de Lucas, preocupa-se em traçar as linhas que devem caracterizar os seguidores de Jesus. Daí a importância que têm para nós nestes tempos em que a Igreja deve ir encontrando o seu próprio estilo de vida no meio de uma sociedade secularizada.

Não é possível propor a Boa Nova de Jesus de qualquer forma. O Evangelho se difunde somente a partir de atitudes evangélicas. As bem-aventuranças nos indicam o espírito que há de inspirar a atuação da Igreja enquanto peregrina a caminho do Pai. Temos de escutá-las em atitude de conversão pessoal e comunitária. Somente assim poderemos caminhar para o futuro.

Feliz a Igreja “pobre de espírito” e de coração simples, que atua sem prepotência nem arrogância, sem riquezas nem esplendor, sustentada pela autoridade humilde de Jesus. Dela é o reino de Deus.

Feliz a Igreja que chora com os que choram e sofrem, ao ser despojada de privilégios e poder, pois poderá partilhar melhor a sorte dos perdedores e também o destino de Jesus. Um dia será consolada por Deus.

Feliz a Igreja que renuncia a impor-se pela força, pela coação ou pela submissão, praticando sempre a mansidão do seu Mestre e Senhor. Herdará um dia a terra prometida.

Feliz a Igreja que tem fome e sede de justiça dentro de si mesma e para o mundo inteiro, pois procurará a sua própria conversão e trabalhará por uma vida mais justa e digna para todos, começando pelos últimos. A sua ânsia será saciada por Deus.

Feliz a Igreja compassiva que renuncia ao rigorismo e prefere a misericórdia antes que os sacrifícios, pois acolherá os pecadores e não lhes ocultará a Boa Nova de Jesus. Ela obterá de Deus a misericórdia.

Feliz a Igreja de coração limpo e conduta transparente, que não encobre os seus pecados nem promove o secretismo ou a ambiguidade, pois caminhará na verdade de Jesus. Um dia verá Deus.

Feliz a Igreja que trabalha pela paz e luta contra as guerras, que junta os corações e semeia a concórdia, pois contagiará a paz de Jesus que o mundo não pode dar. Ela será filha de Deus.

Feliz a Igreja que sofre hostilidade e perseguição por causa da justiça sem evitar o martírio, pois saberá chorar com as vítimas e conhecerá a cruz de Jesus. Dela é o reino de Deus.

A sociedade atual necessita conhecer comunidades cristãs marcadas por este espírito das bem-aventuranças. Somente uma Igreja evangélica tem autoridade e credibilidade para mostrar o rosto de Jesus aos homens e mulheres de hoje.

Cada um de nós deve decidir como quer viver e como quer morrer. Cada um deve escutar a sua própria verdade. Para mim, não é o mesmo acreditar em Deus que não acreditar nele. Para mim, faz bem realizar o caminho por este mundo sentindo-me acolhido, fortalecido, perdoado e salvo pelo Deus revelado em Jesus.





sábado, 21 de janeiro de 2017

A incômoda presença dos indígenas no Brasil. – Artigo de José Ribamar Bessa Freire. Vale a pena ler!


Acho muito oportuno e bem expressivo o artigo: A incômoda presença dos indígenas no Brasil”, de José Ribamar Bessa Freire, que foi publicado no Correio do Brasil (19/01/2017). É mais um artigo sobre a questão indígena no Brasil. Trago-o também para o blog Indagações-Zapytania a fim de contribuir pelo menos um pouco na sua divulgação.

Penso que é muito importante a sociedade  brasileira despertar em si uma consciência coletiva baseada nos princípios da verdade histórica, da justiça e do direito em relação aos povos indígenas, que hoje, em pleno século XXI, ainda precisam lutar pela sua sobrevivência. O Brasil urgentemente precisa reconhecer e confirmar legalmente a necessidade de proteger e reparar os danos onde isso for possível (por exemplo, na forma de demarcação e homologação de terras indígenas), e de devolver o merecido respeito a todos esses povos que foram e são os primeiros e legítimos habitantes deste país.

Não deixe de ler!
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Correio do Brasil
Publicado em 19/01/2016

Embora os indígenas sejam os habitantes nativos do território descoberto pelos portugueses e denominado Brasil, seu povo e suas aldeias foram dizimados e ainda hoje a minoria restante tem suas terras roubadas, é rejeitada e sofre violências.

Por José Ribamar Bessa Freire, de Niterói:


O assassinato do bebê Kaingang é um entre os muitos cometidos contra os indígenas
Embora estarrecidos, temos de admitir que pertencemos à mesma família humana do jovem que degolou o bebé Kaingang de dois anos na rodoviária de Imbituba (SC).


Compartilhamos, envergonhados, a mesma identidade nacional do suspeito do crime, Matheus Silveira, o Teto, 23 anos, que está preso. Já para a Polícia, esse é apenas o caso de um“usuário de drogas, que sofre de distúrbios mentais“. Será? O delegado ouviu familiares e ex-colegas do Colégio Caic. Não concluiu o inquérito, mas já adiantou não ter visto conotação racista no crime, embora admita que o assassino estava “incomodado com a presença dos indígenas no local“.

Parece legítimo ir além do fato policial ou do diagnóstico médico e indagar a origem de tal incômodo. Para isso, convém identificar o lugar do índio na sociedade nacional, na visão do brasileiro médio, o que é definido na fala e no silêncio, nas ações e omissões de entidades como escola, mídia, museu, família, igreja, partidos políticos, associações de classe, tribunais, polícia, monumentos e até nas comemorações que definem o que deve ser lembrado ou esquecido.

A presença incômoda do índio não é só na rodoviária, mas no âmbito nacional. Isso foi explicitado, em 1900, pelo presidente da Comissão do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil, o engenheiro Paulo de Frontin. No discurso oficial de abertura, ele falou como representante da nação:
“O Brasil não é o índio; os selvícolas, esparsos, ainda abundam nas nossas magestosas florestas e em nada differem dos seus ascendentes de 400 anos atrás; não são nem podem ser considerados parte integrante da nossa nacionalidade; a esta cabe assimilá-los e, não o conseguindo, eliminá-los”.

Não houve qualquer contestação à proposta anunciada diante do cardeal que celebrou missa campal na Praia do Russell, depois da inauguração do Monumento ao Descobrimento, na Praça da Glória, integrado pelas estátuas de Cabral, Caminha e Frei Henrique. Afinal, sem índios, suas terras ficam disponíveis no mercado.

O Estado neobrasileiro assumia, desta forma, a política colonial que originou no continente americano a “maior catástrofe demográfica da história da humanidade”, segundo os demógrafos da Escola de Berkeley, que calculam em 10 milhões a população indígena, em 1500, no território que é hoje o Brasil. No primeiro século de colonização houve 90% de despovoamento, segundo W. Borah, com refinados métodos de análise.

Os dados são confirmados na documentação do Guia de Fontes para a História Indígena, da USP, organizado por Manuela C. da Cunha e John Monteiro que trabalharam com 120 pesquisadores em arquivos das capitais brasileiras(1994). Uma carta, de 5 de janeiro de 1654, do vigário do Pará, cônego Manoel Teixeira, de 70 anos, escrita no leito de morte, calcula que “mais de dois milhões de índios de mais de quatrocentas aldeias” foram extintos “a trabalho e a ferro”. Seu autor confessa “grandes injustiças e crueldades contra os índios“, povoações incendiadas, “tirando-os de suas terras com enganos”.

Como qualquer documento histórico, este deve ser submetido à crítica, mas não pode ser ignorado, como querem os que o acusam de “vitimismo” ou de “fantasioso”. A cifra de 2 milhões não é para ser tomada como um dado estatístico, mas como revelador de um embate de grande magnitude que permanece ignorado ou minimizado pela sociedade nacional, que não se posiciona diante dele.

Pesquisa do Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ) avaliou o papel da escola, da mídia e de outras instituições na imagem que os brasileiros têm dos índios. Foram mais de 200 entrevistas com pessoas que nunca visitaram uma aldeia, mas têm opinião firme sobre o lugar dos índios no Brasil. Para um deles, com curso universitário concluído, os índios são “preguiçosos”, “bêbados”, “entrave para o progresso”, “um câncer que deve ser extirpado do Brasil”.

O curioso é que essa imagem não coincide com a da própria mãe do entrevistado, dona de casa com apenas o ensino fundamental. Algumas respostas nos permitiram verificar que o preconceito se manifesta, talvez com mais força, naquelas pessoas com escolaridade avançada, que tem mais acesso à mídia. Se isso se confirma, quanto mais escola e mais mídia, maior é o preconceito.

Esse é um dado a ser pensado no momento em que se discute a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e se pretende abrir uma brecha para a história indígena, tradicionalmente ausente da escola. Uma oposição histérica berra na mídia: – E a Mesopotâmia? E o Egito? – como se fossem temas incompatíveis. Esse discurso recebe o apoio do Clube Militar do Rio de Janeiro, para quem o BNCC quer “esculpir um Brasil descontaminado de heranças europeias“, invertendo assim a questão. O silêncio cúmplice da escola e de parte da mídia evidencia que o discurso de Paulo de Frontin continua sustentando ideologicamente a virulência. No confronto entre os que não podem esquecer e os que não querem lembrar, é preciso construir “outro tipo de memória”, como quer Boaventura Santos.

__________

José Ribamar Bessa Freireprofessor da Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNI-Rio), onde orienta pesquisas de doutorado e mestrado e da Faculdade de Educação da UERJ, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indigenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO) e edita o site-blog Taqui Pra Ti. Tem mestrado em Paris e doutorado no Rio de Janeiro. É colunista do novo Direto da Redação.


Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.

Fonte:correiodobrasil.com.br

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Algo novo e bom. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!


 E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.” (Mt 4, 23)


Hoje, uma belíssima reflexão muito atual e importante. Como pano de fundo  tem o texto bíblico Mt 4, 12-23  (Jesus inicia a sua pregação em público e chama os primeiros discípulos). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e refletir!
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IHU – Adital
20 Janeiro 2017

Algo novo e bom

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Mateus 4, 12-23, que corresponde ao Terceiro Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

O primeiro escritor que recolheu a atuação e a mensagem de Jesus resumiu tudo dizendo que Jesus proclamava a “Boa Nova de Deus”. Mais tarde, os demais evangelistas utilizam o mesmo termo grego (euaggelion) e expressam a mesma convicção: no Deus anunciado por Jesus, as pessoas encontravam algo “novo” e “bom”.

Há ainda nesse Evangelho algo que possa ser lido, no meio da nossa sociedade indiferente e descrente, como algo novo e bom para o homem e a mulher dos nossos dias? Algo que se possa encontrar no Deus anunciado por Jesus e que não é fornecido facilmente pela ciência, pela técnica ou pelo progresso? Como é possível viver a fé em Deus nos nossos dias?

No Evangelho de Jesus, os crentes se encontraram com um Deus do qual sentem e vivem a vida como uma oferenda que tem sua origem no mistério último da realidade que é o Amor. Para mim, é bom não me sentir só e perdido na existência, nem nas mãos do destino ou do azar. Tenho Alguém em quem posso confiar e a quem posso agradecer a vida.

No Evangelho de Jesus, encontramo-nos com um Deus que, apesar da nossa falta de jeito, nos dá força para defender a nossa liberdade sem acabarmos por ser escravos de qualquer ídolo; para seguir aprendendo sempre formas novas e mais humanas de trabalhar e de disfrutar, de sofrer e de amar. Para mim, é bom poder contar com a força da minha pequena fé nesse Deus.

No Evangelho de Jesus, encontramo-nos com um Deus que desperta a nossa responsabilidade para não nos desentendermos dos outros. Não conseguiremos fazer grandes coisas, mas sabemos que podemos contribuir para uma vida mais digna e mais ditosa para todos pensando sobretudo nos mais necessitados e indefesos. Para mim, é bom acreditar num Deus que com frequência me pregunta o que faço pelos meus irmãos. Contribui para que eu viva com mais lucidez e dignidade.

No Evangelho de Jesus, encontramo-nos com um Deus que nos ajuda a vislumbrar que o mal, a injustiça e a morte não têm a última palavra. Um dia, tudo o que aqui não pôde ser, o que ficou a meio, os nossos maiores anseios e os nossos mais íntimos desejos alcançarão em Deus a sua plenitude. A mim faz-me bem viver e esperar a minha morte com esta confiança.

Cada um de nós deve decidir como quer viver e como quer morrer. Cada um deve escutar a sua própria verdade. Para mim, não é o mesmo acreditar em Deus que não acreditar nele. Para mim, faz bem realizar o caminho por este mundo sentindo-me acolhido, fortalecido, perdoado e salvo pelo Deus revelado em Jesus.




quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Papa Francisco: Profeta contra a irrelevância. Artigo de Kurt Appel. Muito bom!



Gosto do papa Francisco e “torço” muito por ele. Pensando nisso, trago hoje para o blog Indagações-Zapytania o artigo Papa Francisco: Profeta contra a irrelevância, do professor Kurt Appel, que fala sobre o papa. A matéria foi publicada em dezembro de 2016 em Settimana News, e postriormente também no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Faço convite aos interessados e a quem ainda não  leu esse texto para uma proveitosa leitura. Vale a pena!

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IHU - Adital
04 janeiro 2017

Papa Francisco: Profeta contra a irrelevância

  
"O aniversário de 80 anos  na Igreja Católica normalmente designa a data em que os cardeais perdem o direito de eleger o papa, e em que – do ponto de vista de Roma – bispos meritórios renunciam definitivamente ao seu ofício, tendo já ultrapassado de cinco anos a idade normal da aposentadoria. Em Bergoglio, nada faz pensar nesses prazos. Está cheio de energia e mentalmente age de modo mais jovial e aberto do que a maioria dos bispos, padres e políticos, incluindo até mesmo aqueles biologicamente décadas mais jovens. Muitos esperam que este papa, tão inesperadamente vindo de longe, permaneça ainda muitos anos à frente da Igreja Católica. Uma pequena, mas influente minoria, pelo contrário, espera que o papa aproveite a oportunidade de seus oitenta anos para demitir-se do cargo", escreve Kurt Appel, professor da Universidade de Viena, em artigo publicado por Settimana News, 17-12-2016. A tradução é de Ramiro Mincato.

Eis o artigo.

Papa Francisco é amado por muitos crentes, e não poucos o veem quase como um salvador. Muitos intelectuais, personalidades cristãs, líderes religiosos, bem como agnósticos e ateus o admiram, e pode-se supor que ele seja a única autoridade moral global do nosso tempo. No interior da igreja também ganhou muitos bispos e padres conservadores, mas, não poucos deste grupo mostram-se bastante céticos e alguns o consideram um herege.

O "Papa da Misericórdia"

A Igreja Católica, que em sua história, é especialista em marketing, há algum tempo começou a dar aos papas um atributo atraente. O Papa João XXIII foi o "Papa bom",João Paulo II, o "Papa da nova evangelização", Bento XVI "Papa da verdade". Só com Paulo VI – aquele grande e tímido intelectual, certamente não adequado às estratégias de marketing – este esforço não conseguiu êxito nas relações públicas da Igreja, e tornou-se o "Papa da pílula".

Ao Papa Francisco é dado o título de "Papa da Misericórdia". Este atributo parece legítimo pelo seu pontificado, pois seus escritos, homilias e catequese indicam que o próprio papa se compreende como testemunha da misericórdia de Deus. A renovação, ligada à Bíblia em sua consciente relação com este nome divino central (Ex 34,6s), não se encontra somente em seu enorme potencial ecumênico – pense-se à confissão muçulmana de Deus misericordioso –, mas também na renovação do ordenamento simbólico da Igreja Católica. A ordem simbólica de uma comunidade é marcada pela sua expressão linguística, cultural, estética, ética, afetiva e cognitiva. A Igreja Católica é caracterizada, ao menos desde a Contrarreforma e o barroco a ela associado, por um enorme programa estético. Em certo sentido, ela traz para a terra o palácio celeste. Com isso, o mundo católico apresenta um belo cosmos, finamente estruturado, organizado em cada detalhe, garantido por várias hierarquias. Esta ordem, onde que cada pessoa tem seu próprio lugar específico, vai desde as três classes de cardeais, aos paramentos litúrgicos dos sacerdotes, até as regras da moral sexual católica fixadas no catecismo e à hierarquia das verdades. O problema é que esta ordem, na modernidade, descobre-se sempre mais frágil.

Autodeterminação e individualismo, emancipação das estruturas políticas e familiares tradicionais, perda de legitimidade das assim chamadas hierarquias "divinas", e uma grande consciência do potencial de violência dos sistemas normativos e disciplinares totais, colocaram sempre mais à dura prova a Igreja.

Papa João Paulo II e Bento XVI entendiam por "nova evangelização", sobretudo, um retorno à Igreja, como um sistema de ordem universal e constitutivo de identidade – com particular atenção à defesa da dignidade humana universal – onde, sobretudo o clero, como mediador entre o homem e Deus, desemprenhava o papel de guia. O problema era, no entanto, que nas novas megacidades e realidades culturais, o ordo construído ao longo dos séculos possuía uma base social sempre menor. Privada de sua tradicional base cultural, a Igreja tornou-se sempre mais mediatizada e virtualizada. Suas tradições, constitutivas de identidade, tornaram-se, no perfeito estilo pós-moderno "marcas" sem conteúdo e sem história, enquanto o clero mais jovem é esmagado entre o papel de guardião de uma ordem imaginária intocável e os mundos frágeis que se encontram in loco. Paradoxalmente, então, a Igreja, que queria combater a pós-moderna perda de identidade e o niilismo, tornou-se, ela mesma, cada vez mais expressão da sociedade global pós-moderna: longe da história concreta e de suas feridas, longe da esperança concreta e das suas fadigas.

Nova visão de Igreja

A peculiaridade do Papa Francisco é que ele conseguiu – referindo-se de modo consciente ao Papa do ConcílioPaulo VI  – dar novo significado aos ordenamentos simbólicos da Igreja. Sob o tema norteador da misericórdia, coloca o inteiro mundo simbólico do catolicismo a serviço da percepção da vulnerabilidade e das consequentes potências de cura. O homem pós-moderno é frágil, porque muitos dos mecanismos de proteção tradicionais (família, metafísica, Igreja etc.) foram abolidos, e responde a esta fragilidade ou com uma constante virtualização do mundo ferido, ou – e este é o caminho de Bergoglio –, com o reconhecimento da vulnerabilidade, como primeiro e decisivo passo de um ser-com solidário e misericordioso. Recentemente cardeais e bispos, em face às críticas da parte de quatro cardeais (Meisner, Burke e Caffarra e Brandmüller), apontaram a continuidade entre os ensinamentos de João Paulo II e  Francisco, o que é provavelmente verdade. Mas não o é inteiramente. Porque Bergoglio, mesmo que nada tenha mudado do ensino tradicional, no entanto, coloca-o radicalmente a serviço de uma visão "compassiva" (aisthesis), quer dizer, convida a experimentar e assumir solidariamente a vulnerabilidade, de modo que o ordenamento clássico da igreja barroca seja, em certo sentido, "superado" (no sentido hegeliano de preservar, suspender, elevar a um nível superior).

O “valor acrescentado” da teologia

Exatamente, na luta contínua pela concretização do olhar sobre a miséria dos outros, Bergoglio  quebra, ao menos momentaneamente, a medialização do papado. De vez em quando, pelo menos, pode-se alimentar a ideia de que este papa existe realmente. O olhar sobre o concreto induz também a uma mudança teológica radical, vinda à luz já nos principais escritos de Paulo VI [Populorum Progressio  (1967), Evangelii Nuntiandi (1975)]. Caracteriza-se pelo fato de que a teologia, como nos primeiros séculos, põe-se a serviço de um modo específico de análise social.

Nos seus três documentos principais (Evangelii GaudiumLaudato si’'Amoris Laetitia), o papa Francisco foi capaz de comunicar também ao mundo laico (e não cristão) o “valor acrescentado” da análise teológica e, então, testemunhar Deus como momento de abertura ao mundo real de hoje. A teologia, desta forma, não gira obsessivamente sobre si mesma, mas tenta penetrar nas questões concretas de seu tempo, onde - do ponto de vista cristão – ela encarna o próprio Kyrios. Neste sentido, não em último lugar, Bergoglio é o papa que devolve um espaço significativo para as perguntas dentro da Igreja.

A renovação que Francisco encarna, e que para muitos aparece como um milagre, não pode, no entanto, negligenciar os perigos aos quais seu pontificado está exposto. Seu lema "misericórdia" refere-se ao centro da mensagem bíblica, mas poderia muito bem ser vítima de uma ideia de um amor de arbitrariedade, como quando "misericórdia" significa tudo e nada, e até mesmo o bispo ou o cristão mais cruel começam a embelezar-se com ela. Neste sentido, já se começam a ver as primeiras tendências. O termo "misericórdia" não é, portanto, privado de ambiguidades. De fato, se por um lado designa o mistério do ser – com divino, por outro lado, na esfera da sociabilidade humana, pode ser facilmente abusado em sentido paternalístico. Sobretudo no campo das instituições públicas, não se poderá confiar na misericórdia das autoridades, mas se farão valer os direitos jurídicos.

Novas formas de institucionalização

Para uma encarnação crível do Evangelho do amor misericordioso, a Igreja precisa de novas formas de institucionalização. Ela se encontra diante do fato de que na Europa, mas também, cada vez mais, nos Estados Unidos, cresce uma geração de jovens completamente alheios às tradicionais formas de expressão religiosa, o que pode ser uma das razões para que o próximo Sínodo dos Bispos seja dedicado à juventude. Além disso, há cada vez menos lugares reais onde se possa fazer experiência de Igreja. Na verdade, o suporte da rede eclesial, o clero, para cuja promoção os dois últimos papas gastaram tanta energia, não é nem quantitativa, nem qualitativamente capaz de conduzir (por si só), a Igreja do futuro. Os leigos, no entanto, geralmente, ainda não contam nada e permanecem estruturalmente dependentes da boa vontade do respectivo bispo ou padre.


A Igreja precisa, portanto, olhando para a misericórdia divina, de uma renovação espiritual que se mede pelo fato de que os pobres, os marginalizados, os feridos encontram hospedagem nela. Olhando para esta tarefa, deve também reformar radicalmente suas estruturas. Caso contrário, irá cair, em décadas, numa completa irrelevância. Talvez o pontificado de Bergoglio seja a última chance para uma tal reorientação.

Fonte: IHU - Adital


sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Com o fogo do Espírito. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!



Hoje, relembrando uma reflexão muito concreta e importante (já foi pulicada em 2014). Como pano de fundo  tem o texto bíblico Jo 1, 29-34 (testemunho de João Batista). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e refletir!

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IHU – Adital
13 janeiro 2017

Com o fogo do Espírito

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo João 1, 29-34, que corresponde ao Segundo Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

As primeiras comunidades cristãs preocuparam-se em diferenciar bem o batismo de João, que submergia as pessoas nas águas do Jordão, e o batismo de Jesus, que comunicava seu Espírito para limpar, renovar e transformar o coração dos seus seguidores. Sem esse Espírito de Jesus, a Igreja apaga-se e extingue-se.

Só o Espírito de Jesus pode colocar mais verdade no cristianismo atual. Só o Seu Espírito pode nos conduzir a recuperar nossa verdadeira identidade, abandonando caminhos que nos desviam uma e outra vez do Evangelho. Só esse Espírito pode nos dar luz e força para empreender a renovação que necessita hoje a Igreja.

O papa Francisco sabe muito bem que o maior obstáculo para colocar em marcha uma nova etapa evangelizadora é a mediocridade espiritual. Ele o diz de uma forma categórica. Deseja alentar com todas suas forças uma etapa “mais ardente, alegre, generosa, audaz, cheia de amor até o fim, e de vida contagiosa”. Mas tudo será insuficiente “se não arde nos corações o fogo do Espírito”.

Por isso procura para a Igreja de hoje  “evangelizadores  com Espírito”  que se abram sem medo à sua ação, e encontrem nesse Espírito Santo de Jesus “a força para anunciar a verdade do Evangelho com audácia, em voz alta e em todo o tempo e lugar, inclusive contra a corrente”.

Segundo o papa, a renovação que quer impulsionar no cristianismo atual não é possível “quando a falta de uma espiritualidade profunda se traduz em pessimismo, fatalismo e desconfiança”, ou quando nos leva a pensar que “nada pode mudar” e, portanto, que “é inútil esforçar-se”, ou quando baixamos os braços definitivamente, “dominados por um descontentamento crônico ou por uma apatia que seca a alma”.

Francisco adverte-nos que “às vezes perdemos o entusiasmo ao esquecer que o Evangelho responde às necessidades mais profundas das pessoas”. No entanto, não é assim. O papa expressa, com força, sua convicção: “Não é o mesmo ter conhecido Jesus que não conhecê-Lo, não é o mesmo caminhar com Ele que caminhar a esmo, não é o mesmo poder escutá-Lo que ignorar sua Palavra [...] não é o mesmo tratar de construir o mundo com seu Evangelho que fazê-Lo sozinho, apenas com a própria razão”.

Tudo isto, temos de descobri-lo por experiência pessoal de Jesus. Do contrário, diz o papa, a quem não O descobre, ”depressa lhe falta força e paixão; é uma pessoa que não está convencida, entusiasmada, segura, apaixonada, não convence ninguém”. Não estará aqui um dos principais obstáculos para impulsionar a renovação pretendida pelo papa Francisco?

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho



quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

É lamentável o triste legado de Barack Obama. – Artigo de Cornel West. Bem atual!




Achei muito oportuno e atual o artigo É lamentável o triste legado de Barack Obama, de Cornel West, que hoje trago também para o blog Indagações-Zapytania. O texto apresenta vários exemplos de decisões e ações desastrosas (e/ou pouco felizes) do governo Obama sobre as quais pouco se fala e das quais muitos de nós não tínhamos conhecimento claro. Normalmente somos ‘bombardeados’ pelas notícias, opiniões e interpretações que a Mídia dominante ‘passa’ à sociedade... Mas será que tudo isso corresponde à verdade? Por que não se fala de tudo?
Penso que saber mais sobre qualquer assunto ajuda a cada um de nós formar uma opinião própria mais objetiva e justa.
O texto foi publicado por The Guardian, 09/01/2017 e posteriormente, também no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler com atenção todo o texto!
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IHU - Adital
12 janeiro 2017.

É lamentável o triste legado de Barack Obama
  
"A era Obama pode ter sido a nossa última chance de romper com o nosso espírito neoliberal. Estamos estagnados em marcas voltadas para o mercado que deixam de lado a integridade e em políticas direcionadas para o lucro que estão acima dos bens públicos. Nosso mundo "pós-integridade" e "pós-verdade" é sufocado por marcas de entretenimento e atividades lucrativas que têm pouco ou nada a ver com a verdade, a integridade ou a sobrevivência do planeta a longo prazo. Estamos testemunhando a versão pós-moderna da gangsterização do mundo em larga escala", a opinião é de Cornel West, filósofo, autor, crítico, ator, ativista americano dos direitos civis e líder dos Socialistas Democráticos da América. É professor de Filosofia Pública Prática na Universidade de Harvard, em artigo publicado por The Guardian, 09-01-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.

Eis o artigo.


Oito anos atrás o mundo estava à beira de uma grande festa: a estreia de um brilhante e carismático presidente negro nos Estados Unidos da América. Hoje estamos à beira de um abismo: a posse de um presidente branco mentiroso e repugnante para substituí-lo.

Este é o declínio deprimente do mais alto cargo do império mais poderoso da história do mundo, que poderia facilmente produzir cinismo generalizado e um niilismo tóxico. Será que realmente existe alguma esperança para a verdade e a justiça nesta era decadente?
Os EUA ainda conseguem ser honestos sobre si mesmos e reconciliar-se com o seu vício autodestrutivo do culto ao dinheiro e da xenofobia covarde?

Ralph Waldo Emerson e Herman Melville - os dois grandes intelectuais dos EUA do século XIX - lutaram com questões semelhantes e chegaram à mesma conclusão que Heráclito: caráter é destino ("semeia um caráter, colherá um destino").

A era Obama pode ter sido a nossa última chance de romper com o nosso espírito neoliberal. Estamos estagnados em marcas voltadas para o mercado que deixam de lado a integridade e em políticas direcionadas para o lucro que estão acima dos bens públicos. Nosso mundo "pós-integridade" e "pós-verdade" é sufocado por marcas de entretenimento e atividades lucrativas que têm pouco ou nada a ver com a verdade, a integridade ou a sobrevivência do planeta a longo prazo. Estamos testemunhando a versão pós-moderna da gangsterização do mundo em larga escala.

O reinado de Obama não produziu o pesadelo de Donald Trump - mas contribuiu para isso. E os torcedores fanáticos de Obama que se recusaram a responsabilizá-lo também têm sua parcela nisso.

Alguns de nós imploramos e suplicamos a Obama para romper com as prioridades de Wall Street e socorrer a Main Street (rua principal, em inglês). Mas ele seguiu a opinião de seus "inteligentes" conselheiros neoliberais para socorrer a primeira. Em março de 2009, Obama se reuniu com líderes de Wall Street. Ele proclamou: Estou entre você e os tiranos. Estou do seu lado e vou protegê-los, - ele prometeu. E nenhum executivo criminoso de Wall Street foi para a cadeia.

Pedimos pela responsabilização dos norte-americanos que torturaram muçulmanos inocentes e o esclarecimento do drone dos EUA que atinge e mata civis inocentes. A administração de Obama nos disse que nenhum civil havia sido morto. E, em seguida, fomos informados de que alguns tinham sido mortos. E então recebemos a informação de que talvez cerca de 65 tinham sido mortos. No entanto, quando Warren Weinstein, um civil americano, foi assassinado em 2015, houve uma conferência de imprensa imediata, com profundas desculpas e compensação financeira. E até hoje não sabemos quantos perderam suas vidas.

Chegamos às ruas novamente com o Black Lives Matter, entre outros grupos, e fomos presos por protestar contra a morte de um jovem negro pela polícia. Nós protestamos quando as Forças de Defesa Israelenses mataram mais de 2.000 palestinos (incluindo 550 crianças) em 50 dias. No entanto, Obama respondeu com palavras sobre a situação difícil de policiais, investigações de departamento (em que nenhum policial foi preso) e sobre o adicional de $225 milhões de apoio financeiro ao exército israelense. Obama não disse uma palavra sobre as crianças palestinas mortas, mas chamou o jovem negro de Baltimore de "criminoso e violento".

Além disso, a política de educação de Obama desencadeou ainda mais forças de mercado que fecharam centenas de escolas públicas para abrir escolas autônomas. 
O 1% mais privilegiado teve cerca de dois terços de crescimento em renda em oito anos, mesmo com a pobreza infantil, principalmente pobreza infantil negra, permaneceu gigantesca. As revoltas dos trabalhadores de Wisconsin, Seatlle e Chicago (vigorosamente reprimidas pelo prefeito Rahm Emanuel, confidente próximo de Obama) foram silenciadas.

Em 2009, Obama declarou que o Prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, era um "excelente prefeito". No entanto, ele esqueceu-se de que mais de 4 milhões de pessoas foram detidas e revistadas pela vigilância de Bloomberg. Juntamente com Carl Dix e outros, fui preso dois anos mais tarde por protestar contra estas mesmas políticas que Obama ignorou ao elogiar Bloomberg.

No entanto, a grande mídia e a academia não deram destaque a essas verdades dolorosas ligadas a Obama. Em vez disso, os especialistas mais bem pagos na TV e no rádio comemoraram a marca de Obama. E a maioria dos porta-vozes negros descaradamente defenderam os silêncios e crimes de Obama em nome do simbolismo racial e de seu próprio carreirismo.

Quanta hipocrisia vê-los agora falando verdades ao poder branco quando a maioria emudeceu frente ao poder negro. Sua autoridade moral é fraca e sua recém-descoberta militância, rasa.

A matança brutal de cidadãos norte-americanos sem o devido processo após ordens diretas de Obama foi omitida por partidários neoliberais de todas as cores. E Edward Snowden,Chelsea Manning,Jeffrey Sterling e outros que falaram a verdade foram demonizados, e os crimes que eles expuseram, raramente mencionados.
A maior conquista legislativa do presidente foi fornecer assistência à saúde para mais de 25 milhões de cidadãos, mesmo que outros 20 milhões ainda estejam desprotegidos. Mas permaneceu uma política de mercado criada pela conservadora Heritage Foundation, cujo pioneiro foi Mitt Romney, em Massachusetts

A falta de coragem de Obama para enfrentar os criminosos de Wall Street e seu lapso de caráter ao ordenar os ataques de drones involuntariamente deflagraram revoltas populistas de direita no país e terríveis rebeliões fascistas islâmicas no Oriente Médio. E, como deporter-in-chief - com cerca de 2,5 milhões de imigrantes deportados -, as políticas de Obama prenunciaram os planos bárbaros de Trump.

Bernie Sanders galantemente tentou gerar um populismo de esquerda, mas foi esmagado por Clinton e Obama nas desleais primárias do Partido Democrata. Então, agora nos encontramos no início de uma era neofascista: uma economia neoliberal de esteroides, uma atitude repressiva reacionária a "alienígenas" domésticos, um arsenal militar ansioso por uma guerra e em negação ao aquecimento global. Ao mesmo tempo, estamos assistindo a um eclipse da verdade e da integridade em nome da marca Trump, facilitado pela mídia corporativa sedenta por lucro.

Que legado triste para o nosso candidato da esperança e da mudança - mesmo para nós guerreiros que ainda agitamos os desbotados nomes da verdade e da justiça.

Fonte: IHU – Adital