“E, entrando na
casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e
abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra." (Mt 2, 11)
Epifania
O comentário que trago hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito bom. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 2, 1-12 (Os magos do Oriente chegam a Belém para adorar o menino Jesus). Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale
a pena ler.
WCejnog
IHU – Adital
06 Janeiro 2017
Responder à luz
A leitura que a Igreja propõe para esta Festa da
Epifania do Senhor é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 2, 1-12. O
teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Segundo o grande teólogo Paul Tillich,
a grande tragédia do homem moderno é ter perdido a dimensão de profundidade. Já
não é capaz de perguntar de onde vem e para onde vai. Não sabe interrogar-se pelo
que faz ou deve fazer de si mesmo neste breve lapso de tempo entre o seu
nascimento e a sua morte.
Estas perguntas não encontram já resposta alguma em
muitos homens e mulheres de hoje. Mais ainda, nem sequer são colocadas quando
se perdeu essa «dimensão de profundidade». As gerações atuais não
têm já a coragem de se colocarem estas questões com a seriedade e a
profundidade com que o fizeram as gerações passadas. Preferem continuar a caminhar
nas trevas.
Por isso, nestes tempos temos de voltar a recordar
que ser crente é, antes de qualquer coisa, perguntar apaixonadamente pelo sentido
da nossa vida e estar abertos a uma resposta, mesmo quando não a
vejamos de forma clara e precisa.
O relato dos magos foi visto pelos Padres da Igreja
como exemplo de alguns homens que, ainda vivendo nas trevas do
paganismo, foram capazes de responder fielmente à luz que os chamava à fé. São
homens que, com a sua atuação, nos convidam a escutar toda a chamada
que nos urge a caminhar de maneira fiel para Cristo.
A nossa vida decorre com frequência na crosta da
existência. Trabalhos, contatos, problemas, encontros, ocupações diversas,
levam-nos e trazem-nos, e a vida passa-nos enchendo cada instante com algo que
temos de fazer, dizer, ver ou planejar.
Corremos assim o risco de perder a nossa própria
identidade, converter-nos numa coisa mais entre outras e viver sem saber já em
que direção caminhar. Há uma luz capaz de orientar a nossa existência? Há
uma resposta aos nossos anseios e aspirações mais profundas? Desde a
fé cristã, essa resposta existe. Essa luz brilha já nesse Menino nascido em
Belém.
O importante é tomar consciência de que vivemos nas
trevas, de que perdemos o sentido fundamental da vida. Quem reconhece isto não
se encontra longe de iniciar a busca do caminho acertado.
Oxalá no meio do nosso viver diário não se perca
nunca a capacidade de permanecer aberto a toda a luz que possa iluminar
a nossa existência, a toda a chamada que possa dar profundidade à nossa
vida.
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