O artigo "Fala de solidariedade no Ano Novo, mas quer
que os pobres paguem pela crise”,
de Leonardo Sakamoto, é muito atual e
oportuno. Gostei da maneira realista e
crítica com que o autor aponta os
equívocos da nova política neoliberal
que está sendo imposta à sociedade brasileira pelo governo de Temer e confirmada pela maioria
conservadora e corrupta do Congresso.
O texto foi publicado pelo autor no seu blog e também no site do Instituto
Humanites Unisinos (IHU). Trago-o também
para o blog Indagações-Zapytania para
contribuir um pouquinho na sua divulgação. Acho que é muito importante a
sociedade brasileira tomar conhecimento do que de fato está acontecendo
atualmente no Brasil e saber formar uma opinião verdadeira e justa, livre de
manipulações.
Não deixe de ler!
WCejnóg
IHU - Adital
04 Janeiro 2017
"Fala de solidariedade no Ano Novo, mas quer
que os pobres paguem pela crise”.
"Existe maior hipocrisia do que
desejar fraternidade a um país atolado em uma gigantesca crise econômica e
ficar em silêncio quando apenas os mais pobres pagam para sairmos do
atoleiro?". A indagação é de Leonardo
Sakamoto,
jornalista e cientista polítco, em artigo publicado
em seu blog, 01-01-2017.
Eis o artigo.
Por Leonardo Sakamoto
Para muita gente, solidariedade é uma palavra que significa ''entrega
de calças velhas para vítimas de enchente”, “brinquedos usados repassados a
orfanatos no Natal”, ''uma moeda entregue no semáforo'', “um doc
limpa-consciência feito a algum orfanato” ou ''doação dos restos da ceia da
virada do 31/12 para o 01/01 a algum morador de rua''.
Nada sobre um esforço
coletivo de buscar a dignidade para todos o ano inteiro de forma estrutural.
Existe maior
hipocrisia do que desejar fraternidade a um país atolado em uma gigantesca crise
econômica e ficar
em silêncio quando apenas os mais pobres pagam para sairmos do atoleiro? Ou,
pior: defender abertamente que os ricos sejam poupados?
A já aprovada limitação
dos gastos públicos por 20 anos, o que afetará a educação e a saúde públicas, e as reformas
previdenciária e trabalhista, propostas de forma
draconiana e sem discussão com a sociedade, inundam a casa dos brasileiros e
das brasileiras via milionárias propagandas oficiais. Querem te convencer que é
legal ficar mais pobre ainda.
Mas nada se fala sobre
a necessidade de passar a fatura da crise também aos mais ricos, por exemplo,
com a volta de um imposto
sobre os dividendos recebidos de empresas,
taxação de grandes fortunas e grandes heranças e uma reforma decente da tabela
do imposto de renda – isentando a maior parte da classe média e cobrando faixas
de 35% e 40% junto aos mais ricos.
Isso não resolve os
problemas econômicos. Mas seriam ótimas ações para que o governo federal e o
Congresso Nacional demonstrassem que suas prioridades de curto prazo não são
apenas com as classes sociais e empresas que os colocaram lá, mas também com o
povão que não foi às ruas, nem a favor, nem contra o impeachment, e assistiu a
tudo bestializado.
Democratizar a redução
de direitos em um
país desigual em Justiça é um ato civilizatório.
O problema é que muita
gente – no governo e fora dele – não consegue ser fraterna com os mais pobres
porque não os enxerga como irmãos. Nem solidária, por não reconhecer neles
semelhantes com direitos iguais. Aliás, para muitos, o deficit de empatia é tão
grande que já seria uma vitória se percebessem naqueles que nada têm algum
traço de humanidade.
Enfim, um Feliz 2017.
Fonte: IHU-Adital
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