“ E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas
sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e
moléstias entre o povo.” (Mt 4, 23)
Hoje, uma
belíssima reflexão muito atual e importante. Como pano de fundo tem o texto bíblico Mt 4, 12-23 (Jesus inicia a
sua pregação em público e chama os primeiros discípulos). É de autoria do padre e teólogo
espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e refletir!
WCejnóg
IHU – Adital
20 Janeiro 2017
Algo novo e bom
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho segundo Mateus 4, 12-23, que corresponde ao Terceiro Domingo do Tempo
Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
O primeiro escritor que recolheu a atuação e a
mensagem de Jesus resumiu tudo dizendo que Jesus proclamava a “Boa Nova de
Deus”. Mais tarde, os demais evangelistas utilizam o mesmo termo grego
(euaggelion) e expressam a mesma convicção: no Deus anunciado por
Jesus, as pessoas encontravam algo “novo” e “bom”.
Há ainda nesse Evangelho algo que possa ser lido,
no meio da nossa sociedade indiferente e descrente, como algo novo e bom para o
homem e a mulher dos nossos dias? Algo que se possa encontrar no Deus anunciado
por Jesus e que não é fornecido facilmente pela ciência, pela técnica ou pelo
progresso? Como é possível viver a fé em Deus nos nossos dias?
No Evangelho de Jesus, os crentes se encontraram
com um Deus do qual sentem e vivem a vida como uma oferenda que tem sua origem
no mistério último da realidade que é o Amor. Para mim, é bom não me
sentir só e perdido na existência, nem nas mãos do destino ou do azar. Tenho
Alguém em quem posso confiar e a quem posso agradecer a vida.
No Evangelho de Jesus, encontramo-nos com um Deus
que, apesar da nossa falta de jeito, nos dá força para defender a nossa
liberdade sem acabarmos por ser escravos de qualquer ídolo; para seguir
aprendendo sempre formas novas e mais humanas de trabalhar e de disfrutar, de
sofrer e de amar. Para mim, é bom poder contar com a força da minha
pequena fé nesse Deus.
No Evangelho de Jesus, encontramo-nos com um Deus
que desperta a nossa responsabilidade para não nos desentendermos dos outros.
Não conseguiremos fazer grandes coisas, mas sabemos que podemos contribuir para
uma vida mais digna e mais ditosa para todos pensando sobretudo nos mais
necessitados e indefesos. Para mim, é bom acreditar num Deus que com
frequência me pregunta o que faço pelos meus irmãos. Contribui para
que eu viva com mais lucidez e dignidade.
No Evangelho de Jesus, encontramo-nos com um Deus
que nos ajuda a vislumbrar que o mal, a injustiça e a morte não têm a última
palavra. Um dia, tudo o que aqui não pôde ser, o que ficou a meio, os nossos
maiores anseios e os nossos mais íntimos desejos alcançarão em Deus a sua
plenitude. A mim faz-me bem viver e esperar a minha morte com esta
confiança.
Cada um de nós deve decidir como quer viver e como
quer morrer. Cada um deve escutar a sua própria verdade. Para mim, não é o
mesmo acreditar em Deus que não acreditar nele. Para mim, faz bem
realizar o caminho por este mundo sentindo-me acolhido, fortalecido,
perdoado e salvo pelo Deus revelado em Jesus.
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