Considero interessante e importante o artigo Impostos angolanos, serviços públicos suecos, de Rogério Godinho, que hoje trago para o blog
Indagações-Zapytania. Apesar de ser
curto, o texto é bastante esclarecedor e nos convida à reflexão crítica.
Foi publicado em fevereiro deste ano (2016) na
revista Carta Capital e, posteriormente, também no site do Instituto Humanitas
Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU – Notícias
Quarta, 17 de fevereiro
de 2016
Impostos
angolanos, serviços públicos suecos
"Se você ganha até
1.900 reais, como 66% dos brasileiros, não paga imposto de renda. Mas todo o
seu dinheiro vai para a subsistência, que é taxada. Absurdamente taxada. E
ainda usa um serviço público ruim", escreve Rogério Godinho, em artigo publicado por Carta Capital, 17-02-2016.
Eis o artigo.
A carga tributária do Brasil é de
34,4%. O que isso quer dizer? Nada. A do Chade é 4,2%, de Angola 5,7% e
Bangladesh 8,5%. A do Reino Unido é 39%, da Áustria 43,4% e da Suécia 47,9%.
Alguém pode vir com
alguns poucos exemplos de países que pagam menos do que nós e estão melhor, mas
isso também não quer dizer nada.
O problema real tem
muito mais a ver com a forma como é cobrado. Como já escrevi em vários textos,
o Brasil cobra muito no consumo e pouco na renda.
Isso na média. Porque
mesmo na renda se cobra pouco de quem está em cima e muito de quem está
embaixo.
O resultado: A galera de
baixo é a que mais sente; A galera do meio é a que mais paga, A galera de cima
não sente e (quase) não paga.
Como assim?
Se você ganha até 1.900
reais, como 66% dos brasileiros, não paga imposto de renda. Mas
todo o seu dinheiro vai para a subsistência, que é taxada. Absurdamente taxada.
E ainda usa um serviço público ruim.
Se você ganha entre
2.000 reais e 6.800 reais, como 25% dos brasileiros, pode pagar até 27,5%. E
também gasta muito para sobreviver, então paga alto. Sobra pouco. E não quer
usar o serviço público ruim, então sobra menos ainda.
Bom mesmo é quem ganha
muito. Mas muito, aquele 1% de cima, sabe? Esse reclama porque a empresa dele é
taxada, mas embute isso no preço dos produtos – aquele imposto que mata o resto dos
brasileiros – enquanto tem sua renda isenta. Chamam de lucros e dividendos.
Sabe quantos países
isentam lucros e dividendos? Dois. Brasil e Estônia.
Quando muito, essa
galera de cima paga aquela média de 3% sobre o patrimônio, enquanto a média
mundial está entre 8% e 12%.
E aí ficamos discutindo
se a CPMF é
boa ou ruim. E por quê? Porque a galera do meio compra facinho o discurso de
que a carga tributária é alta.
Só que a Suécia tem sete
vezes mais dinheiro por habitante para gastar no serviço público. Mas a galera
de cima não usa serviço público. Ela quer mesmo é pagar ainda menos imposto.
Então, vende esse
discurso para a galera do meio, que passa a querer imposto baixo angolano e serviço público sueco.
É isso. Reflita.
Fonte: IHU - Notícias
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