«Vós sereis testemunhas de tudo isso. Eu
enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu.» (Lc 24, 48-49)
Abaixo, uma reflexão muito concreta e atual que tem como pano de fundo o
texto bíblico Lc 24, 46-53. É de
autoria do teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
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IHU-Notícias
Sexta, 06 de maio de
2016
Crescimento
e criatividade
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 24,46-53 que corresponde ao Domingo da Ascensão do
Senhor, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o texto
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Os evangelhos
oferecem-nos diversas chaves para entender como iniciaram o seu percurso
histórico as primeiras comunidades cristãs sem a presença de Jesus à frente dos
seus seguidores. Talvez, não tenha sido tão simples como por vezes o
imaginamos. Como entenderam e
viveram a sua relação com Ele, uma vez desaparecido da terra?
Mateus não diz uma
palavra da sua ascensão ao
Céu. Termina o seu evangelho com um episódio de despedida numa montanha da
Galileia na qual Jesus lhes faz esta promessa solene: «Sabei que Eu estou
convosco todos os dias até o fim do mundo». Os discípulos não sentirão sua
ausência. Jesus estará sempre com eles. Mas, como?
Lucas oferece uma visão
diferente. No episódio final do seu evangelho, Jesus «separa-se deles subindo
até o Céu». Os discípulos têm que aceitar com todo o realismo a separação: Jesus vive já no mistério de Deus. Sobe ao Pai
«bendizendo» os Seus. Seus seguidores começam seu percurso
protegidos por aquela bênção com que Jesus curava os doentes, perdoava os
pecadores e acariciava os pequenos.
O evangelista João
coloca na boca de Jesus umas palavras que propõem outra chave. Ao despedir-se
dos Seus, Jesus diz-lhes: «Eu vou para o Pai e vós estais tristes... No
entanto, convém-vos que Eu vá para que recebais o Espírito Santo». A tristeza
dos discípulos é explicável. Desejam a segurança que lhes dá terem Jesus sempre
junto a eles. É a tentação de
viver de forma infantil debaixo da proteção do Mestre.
A resposta de Jesus
mostra uma sábia pedagogia. Sua
ausência fará acreditar na maturidade dos seus seguidores. Deixa-lhes
a marca do seu Espírito. Será Ele quem, na sua ausência, promoverá o
crescimento responsável e adulto dos seus. É bom recordá-lo nuns tempos em que
parece crescer entre nós o medo à criatividade, à tentação do imobilismo ou à
nostalgia por um cristianismo pensado para outros tempos e outra cultura.
Os cristãos, temos caído mais de uma vez ao longo da história na tentação
de viver o seguimento a Jesus de forma infantil. A festa da Ascensão do
Senhor recorda-nos que, terminada a presença histórica de Jesus, vivemos «o
tempo do Espírito», tempo de criatividade e de crescimento responsável. O
Espírito não proporciona aos seguidores de Jesus «receitas eternas». Dá-nos luz
e alento para procurar caminhos sempre novos para reproduzir hoje sua atuação.
Assim, conduz-nos para a verdade completa de Jesus.
Fonte:
IHU – Notícias
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