Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Dinheiro. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!



Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. (Lc 16, 13)

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania é de autoria do teólogo espanhol José Antônio Pagola. Considero ela muito interessante e, sobretudo, bem atual para os cristãos de hoje. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 16, 1-13 (parábola do administrador infiel).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Recomendo para leitura e reflexão.
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REVISTA  IHU ON-LINE
16 de setembro de 2016

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 16,1-13 que corresponde ào 25° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. 
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

A sociedade que conheceu Jesus era muito diferente da nossa. Apenas as famílias poderosas de Jerusalém e os grandes senhores de Tiberíades podiam acumular moedas de ouro e prata. Os camponeses só podiam ficar com algumas moedas de bronze ou cobre, de escasso valor. Muitos viviam sem dinheiro, intercambiando produtos num regime de pura subsistência.

Nesta sociedade, Jesus fala do dinheiro com uma frequência surpreendente. Sem terras nem trabalho fixo, sua vida itinerante de Profeta dedicado à causa de Deus permite-lhe falar com total liberdade. Por outra parte, o seu amor aos pobres e a sua paixão pela justiça de Deus urgem-no a defender sempre os mais excluídos.

Fala do dinheiro com uma linguagem muito pessoal. Chama-lhe espontaneamente «dinheiro injusto» ou «riquezas injustas». Ao que parece, não conhece «dinheiro limpo». A riqueza daqueles poderosos é injusta porque foi amassada de forma injusta e porque desfrutam sem a compartilhar com os pobres e os famintos.

Que pode fazer quem possui estas riquezas injustas? Lucas conservou umas palavras curiosas de Jesus. Apesar de que a frase pode resultar algo obscura pela sua concisão, o seu conteúdo não deve cair no esquecimento. «Eu vos digo: Ganhai amigos com o dinheiro injusto para que quando os falte, os recebam nas moradas eternas».

Jesus está dizendo assim aos ricos: «Utilizai a vossa riqueza injusta em ajudar os pobres; ganhai a sua amizade partilhando com eles os vossos bens. Eles serão vossos amigos e, quando na hora da morte o dinheiro não vos sirva já para nada, eles vos acolherão na casa do Pai». Dito com outras palavras: a melhor forma de «branquear» o dinheiro injusto ante Deus é partilhá-lo com os seus filhos mais pobres.

Suas palavras não foram bem acolhidas. Lucas nos disse que «estavam ouvindo estas coisas uns fariseus, amantes das riquezas, e escarneceram dele». Não entendem a mensagem de Jesus. Não lhes interessa ouvir falar de dinheiro. A eles só lhes preocupa conhecer e cumprir fielmente a lei. A riqueza considera-se como um sinal de que Deus abençoa a sua vida.

Apesar de vir reforçada por uma larga tradição bíblica, esta visão da riqueza como sinal de bênção não é evangélica. Há que o dizer em voz alta porque há pessoas ricas que de forma quase espontânea pensam que o seu êxito econômico e a sua prosperidade é o melhor sinal que Deus aprova a sua vida.

Um seguidor de Jesus não pode fazer qualquer coisa com o dinheiro: há um modo de ganhar dinheiro, de gastá-lo e de desfrutá-lo que é injusto, pois esquece os mais pobres.




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