“Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. (Lc 16, 13)
A
reflexão
que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania é de autoria do teólogo
espanhol José Antônio Pagola. Considero ela muito interessante e, sobretudo,
bem atual para os cristãos de hoje. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 16,
1-13 (parábola
do administrador infiel).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Recomendo para leitura e reflexão.
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REVISTA IHU ON-LINE
16 de setembro de 2016
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 16,1-13 que corresponde ào 25°
Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol
José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
A sociedade que
conheceu Jesus era muito diferente da nossa. Apenas as famílias
poderosas de Jerusalém e os grandes senhores de Tiberíades podiam acumular
moedas de ouro e prata. Os camponeses só podiam ficar com algumas moedas de
bronze ou cobre, de escasso valor. Muitos viviam sem dinheiro, intercambiando
produtos num regime de pura subsistência.
Nesta sociedade, Jesus
fala do dinheiro com uma frequência surpreendente. Sem terras
nem trabalho fixo, sua vida itinerante de Profeta dedicado à causa de Deus
permite-lhe falar com total liberdade. Por outra parte, o seu amor aos pobres e
a sua paixão pela justiça de Deus urgem-no a defender sempre os mais excluídos.
Fala do dinheiro com
uma linguagem muito pessoal. Chama-lhe espontaneamente «dinheiro
injusto» ou «riquezas injustas». Ao que parece, não conhece
«dinheiro limpo». A riqueza daqueles poderosos é injusta porque foi amassada de
forma injusta e porque desfrutam sem a compartilhar com os pobres e os
famintos.
Que pode fazer quem
possui estas riquezas injustas? Lucas conservou umas palavras curiosas de Jesus. Apesar de que a
frase pode resultar algo obscura pela sua concisão, o seu conteúdo não deve
cair no esquecimento. «Eu vos digo: Ganhai amigos com o dinheiro injusto para
que quando os falte, os recebam nas moradas eternas».
Jesus está dizendo
assim aos ricos: «Utilizai a vossa riqueza injusta em
ajudar os pobres; ganhai a sua amizade partilhando com eles os
vossos bens. Eles serão vossos amigos e, quando na hora da morte o dinheiro não
vos sirva já para nada, eles vos acolherão na casa do Pai». Dito com outras palavras: a melhor forma de «branquear» o dinheiro injusto ante
Deus é partilhá-lo com os seus filhos mais pobres.
Suas palavras não
foram bem acolhidas. Lucas nos disse que «estavam ouvindo
estas coisas uns fariseus, amantes das riquezas, e escarneceram dele». Não entendem a
mensagem de Jesus. Não lhes interessa ouvir falar de dinheiro. A eles só lhes
preocupa conhecer e cumprir fielmente a lei. A riqueza considera-se como um
sinal de que Deus abençoa a sua vida.
Apesar de vir
reforçada por uma larga tradição bíblica, esta visão da riqueza como sinal de bênção não é evangélica. Há que o dizer em voz alta
porque há pessoas ricas que de forma quase espontânea pensam que o seu êxito
econômico e a sua prosperidade é o melhor sinal que Deus aprova a sua vida.
Um seguidor de Jesus não pode fazer qualquer coisa com o dinheiro: há um modo de ganhar dinheiro, de gastá-lo e de desfrutá-lo que é injusto, pois esquece os mais pobres.
Fonte:
REVISTA IHU ON-LINE
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