Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Realismo responsável. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



« Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”.» (Lc 14,33)

Abaixo, uma reflexão muito concreta e atual que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 14, 25-33 (Jesus instrui os discípulos). É de autoria do teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!

WCejnóg

IHU – Comentário do Evangelho
02 Setembro 2016

Realismo responsável

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 14,25-33 que corresponde ào 23° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Os exemplos utilizados por Jesus são muito diferentes, mas os seus ensinamentos são os mesmos: quem empreende um projeto importante de forma temerária, sem avaliar antes os meios e forças para alcançar o que pretende, corre o risco de acabar fracassando. 

Nenhum lavrador começa a construir uma torre para proteger suas vinhas, sem antes ter tido tempo para calcular se a poderá concluir com êxito, para que a obra não fique inacabada, provocando o escárnio dos vizinhos. Nenhum rei decide entrar em combate com um adversário poderoso, sem antes analisar se aquela batalha pode terminar em vitória ou será um suicídio.

À primeira vista, pode parecer que Jesus convida para um comportamento prudente e precavido, muito afastado da audácia com que fala habitualmente aos seus. Nada mais afastado da realidade. A missão que quer encomendar aos seus é tão importante que ninguém deve comprometer-se nela de forma inconsciente, temerária ou presunçosa.

Sua advertência ganha grande atualidade nestes momentos críticos e decisivos para o futuro da nossa fé. Jesus chama, em primeiro lugar, a uma reflexão madura: os dois protagonistas das parábolas «sentam-se» para refletir. Seria uma grave irresponsabilidade viver hoje como discípulos de Jesus, que não sabem o que querem, nem onde pretendem chegar, nem com que meios devem trabalhar.

Quando iremos sentar para juntar forças, refletir juntos e procurar entre todos o caminho que temos de seguir? Não necessitaremos dedicar mais tempo, mais escuta do evangelho e mais meditação para descobrir chamadas, despertar carismas e cultivar um estilo renovado de quem segue Jesus?

Jesus chama também ao realismo. Estamos vivendo uma mudança sociocultural sem precedentes. Será possível contagiar a fé neste mundo novo que está nascendo, sem o conhecer bem e sem o compreender por dentro? Será possível facilitar o acesso ao Evangelho ignorando o pensamento, os sentimentos e a linguagem dos homens e mulheres do nosso tempo? Não será um erro  responder aos desafios de hoje com estratégias de antigamente?

Seria uma temeridade nestes momentos atuar de forma inconsciente e cega. Nos expomos ao fracasso, à frustração e até ao ridículo. Segundo a parábola, a «torre inacabada» só serve para provocar o escárnio das pessoas para com o construtor. Não devemos esquecer a linguagem realista e humilde de Jesus que convida os seus discípulos a ser «fermento» no meio do povo ou
punhado de «sal» que dá sabor novo à vida das pessoas.



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