‘Novamente Jesus disse: "Paz seja
com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os envio". E com isso, soprou
sobre eles e disse: "Recebam o Espírito Santo".’ (Jo 20, 21-22)
Pentecostes
Hoje, uma
bonita reflexão, muito concreta e atual. Como pano de fundo tem o texto bíblico Jo 20,19-23 (Jesus aparece aos onze). É de autoria do padre e teólogo espanhol José
Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg
IHU - ADITAL
07 Junho 2019
O Espírito é de todos
A
leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo
João 20,19-23
que corresponde à Solenidade
do Pentecostes ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola
comenta o texto.
Eis o texto
A nossa vida é feita de múltiplas experiências. Satisfação e decepções, conquistas e fracassos, luzes e sombras entrelaçam
na nossa vida diária, enchendo-nos de vida ou sobrecarregando o nosso coração.
Mas com frequência não somos capazes de perceber
tudo o que há em nós mesmos. O que captamos com a nossa consciência é
apenas uma pequena ilha no mar muito mais amplo e profundo da nossa vida. Por
vezes nos escapa, inclusive, o mais essencial e decisivo.
No seu precioso livro Experiência Espiritual, K.
Rahner recorda-nos com vigor essa “experiência” radicalmente diferente que
se dá sempre em nós, embora passe muitas vezes despercebida: a presença viva do
Espírito de Deus que trabalha dentro de nosso ser.
Uma experiência que permanece, quase sempre,
encoberta por muitas outras que ocupam nosso tempo e a nossa atenção. Uma
presença que fica como reprimida e oculta sob outras impressões e preocupações
que se apoderam do nosso coração.
Quase sempre nos parece que o grande e o gratuito
devem ser sempre algo pouco frequente, mas, quando se trata de Deus, não é
assim. Em certos setores do cristianismo houve uma tendência a considerar
essa presença viva do Espírito como algo mais reservado a pessoas escolhidas e
selecionadas. Uma experiência mais apropriada para crentes privilegiados.
Rahner recordou-nos que o Espírito de Deus está
sempre vivo no coração do ser humano, pois o Espírito é simplesmente a
comunicação do mesmo Deus no mais íntimo da nossa existência. Esse Espírito de
Deus se comunica e se dá até mesmo onde aparentemente nada acontece. Ali onde
se aceita a vida e se cumpre com simplicidade a obrigação pesada de cada dia.
O Espírito de Deus continua trabalhando
silenciosamente no coração das pessoas comuns e simples, em contraste com o
orgulho e as pretensões daqueles que se sentem na posse do Espírito.
A festa de Pentecostes é um convite para
procurar a presença do Espírito de Deus em todos nós, não para apresentá-lo
como um troféu que temos em relação aos outros que não foram escolhidos, mas
para acolher a esse Deus que está na origem de toda a vida, por menor e pobre
que nos possa parecer.
O Espírito de Deus pertence a todos, porque o amor
imenso de Deus não pode esquecer nenhuma lágrima, nenhum lamento nem esperança
que brota do coração de seus filhos e filhas.
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