“... e,
levantando as suas mãos, os abençoou.” (Lc 24,50)
Ascensão
A reflexão que trago hoje para o blog
Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito interessante.
Tem como
pano de fundo o texto bíblico Lc 24,
46-54 (Jesus abençoa discípulos deixando-os
como seus testemunhas no mundo, e em seguida ascende aos céus).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale
a pena ler.
WCejnog
IHU – ADITAL
31 Maio 2019
A benção de Jesus
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 24,46-54 que corresponde à
Festa da Ascensão ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
São os últimos momentos de Jesus com os Seus. Em
seguida os deixará para entrar definitivamente no mistério do Pai. Já não os
poderá acompanhar pelos caminhos do mundo como o fez na Galileia. Sua presença
não poderá ser substituída por ninguém.
Jesus só pensa que chegue a todos os povos o
anúncio do perdão e da misericórdia de Deus. Que todos escutem sua chamada
à conversão. Ninguém deve sentir-se perdido. Ninguém deve viver sem esperança.
Todos devem saber que Deus compreende e ama sem fim seus filhos e filhas. Quem
poderá anunciar essa Boa Nova?
Segundo o relato de Lucas, Jesus não pensa em
sacerdotes ou bispos. Nem em doutores ou teólogos. Quer deixar na terra
«testemunhas». Isto é o primeiro: «Vós sois testemunhas dessas coisas».
Serão testemunhas de Jesus os que comunicarem sua experiência num Deus bom e
contagiarem com seu estilo de vida, trabalhando por um mundo mais humano.
Mas Jesus conhece bem seus discípulos. São fracos e
covardes. Onde encontrarão a audácia para serem testemunhas de alguém que foi
crucificado pelo representante do Império e pelos dirigentes do Templo? Jesus
tranquiliza-os: «Eu vos enviarei o dom prometido pelo meu Pai». Não lhes vai
faltar a «força do alto». O Espírito de Deus os defenderá.
Para expressar graficamente o desejo de Jesus, o
evangelista Lucas descreve sua partida deste mundo de forma surpreendente:
Jesus volta ao Pai, levantando suas mãos e abençoando seus discípulos. É
seu último gesto. Jesus entra no mistério insondável de Deus e sobre o mundo
desce sua bênção.
Os cristãos esqueceram que somos portadores da
bênção de Jesus. Nossa primeira tarefa é ser testemunhas da Bondade
de Deus, manter viva a esperança, não nos rendermos ante o poder do mal. Este
mundo que às vezes parece um «inferno maldito» não está perdido. Deus olha para
ele com ternura e compaixão. Também hoje é possível fazer o bem, difundir
a bondade. É possível trabalhar por um mundo mais humano e uma convivência mais
saudável. Podemos ser mais solidários e menos egoístas. Mais austeros e menos
escravos de dinheiro. A mesma crise econômica pode levar-nos a procurar
urgentemente uma sociedade menos corrupta.
Jesus é uma bênção e as pessoas precisam sabê-lo. O
primeiro é promover uma «pastoral da bondade». Temos que sentir-nos como
testemunhas e profetas desse Jesus que passou a vida semeando gestos e palavras
de bondade. Assim despertou no povo da Galileia a esperança em um Deus Bom e
Salvador. Jesus é uma bênção e as pessoas devem saber disso.
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