“Chegada a manhã, Jesus estava na
praia. Todavia, os discípulos não o reconheceram.” (Jo, 21,4))
Abaixo, uma boa reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 21, 1-19 (Encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
Foi
publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a
pena ler!
WCejnóg
IHU –
ADITAL
03 Maio
2019
Como
reavivar a nossa fé?
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo João 21,1-19 que corresponde ao Quarto
Domingo de Páscoa ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio
Pagola comenta o texto.
Eis o texto
No epílogo do Evangelho de João, recolhe-se um
relato do encontro do Jesus ressuscitado com os seus discípulos nas
margens do lago da Galileia. Quando se escreve, os cristãos estão a viver
momentos difíceis de provação e perseguição: alguns renegam a sua fé. O
narrador quer reavivar a fé dos seus leitores.
A noite aproxima-se e os discípulos saem a pescar.
Não estão os Doze. O grupo se dividiu ao ser crucificado seu Mestre. Estão de
volta com as barcas e as redes que tinham deixado para seguir Jesus. Tudo
acabou. De novo estão sós.
A pesca é um fracasso completo. O narrador enfatiza
com força: «Saíram, embarcaram e naquela noite não pescaram nada». Voltam com
as redes vazias. Não é essa a experiência de muitas comunidades cristãs que
veem como se debilitam as suas forças e a sua capacidade de evangelização?
Muitas vezes, os nossos esforços no meio de uma
sociedade indiferente dificilmente conseguem resultados. Também nós constatamos
que as nossas redes estão vazias. É fácil a tentação do desânimo e do
desespero. Como sustentar e reacender a nossa fé?
Nesse contexto de fracasso, o relato diz que
«estava amanhecendo quando Jesus se apresentou na margem». No entanto, os
discípulos não o reconheceram desde o barco. Talvez a distância, talvez a bruma
do amanhecer e, sobretudo, seu coração entristecido que os impede de vê-lo.
Jesus fala com eles, mas «não sabiam que era Jesus».
Não é este um dos efeitos mais perniciosos da crise
religiosa que estamos sofrendo? Preocupados
em sobreviver, vendo cada vez mais a nossa debilidade, não nos resulta fácil
reconhecer entre nós a presença do Jesus ressuscitado, que nos fala do
Evangelho e nos alimenta na celebração da ceia eucarística.
É o discípulo mais querido de Jesus o primeiro que
o reconhece: «É o Senhor!». Não estão sós. Tudo pode começar de novo.
Tudo pode ser diferente. Com humildade, mas com fé, Pedro reconhecerá o seu
pecado e confessará o seu amor sincero a Jesus: «Senhor, Tu sabes que Te
amo». Os outros discípulos não podem sentir mais nada.
Nos nossos grupos e comunidades cristãs,
necessitamos de testemunhas de Jesus. Crentes que, com a sua vida e a sua
palavra, nos ajudem a descobrir nestes momentos a presença viva de Jesus no
meio de nossa experiência de fracasso e fragilidade. Os cristãos, sairemos
desta crise aumentando a nossa confiança em Jesus. Às vezes, não somos capazes
de suspeitar da Sua força para nos tirar do desânimo e do desespero.
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