"As minhas ovelhas ouvem a
minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; elas
jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão. Meu Pai, que mas deu,
é maior do que todos; e ninguém as pode arrebatar da mão de meu Pai. Eu e o Pai
somos um.” (Jo, 10,27-30)
Hoje, uma
excelente reflexão, muito concreta e atual. Como pano de fundo tem o texto bíblico Jo 10, 27-30 (Jesus, o Bom Pastor protege suas ovelhas). O texto é de autoria do padre e teólogo espanhol
José Antonio Pagola. Foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos
(IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
10
Maio 2019
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo João 10,27-30 que corresponde ao Quarto
Domingo de Páscoa ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto.
Eis o texto
Era inverno, Jesus caminhava pelo pórtico de
Salomão, uma das galerias ao ar livre, que rodeava a grande esplanada do
Templo. Este pórtico, em particular, era um lugar frequentado por pessoas,
pois, aparentemente, estava protegido contra o vento por uma muralha.
Logo, um grupo de judeus corre ao redor de Jesus. O
diálogo é tenso. Os judeus perseguem-no com suas perguntas. Jesus
critica-os porque eles não aceitam sua mensagem nem sua ação. Em concreto,
diz-lhes: “Vós não acreditais porque não sois das minhas ovelhas”. O que
significa essa metáfora?
Jesus é muito claro: “Minhas ovelhas ouvem a minha
voz e Eu as conheço; elas me seguem e eu lhes dou a vida eterna”. Jesus não
força ninguém. Ele apenas chama. A decisão de segui-lo depende de cada um de
nós. Só se o ouvirmos e o seguirmos, estabelecemos com Jesus essa relação
que leva à vida eterna.
Nada é tão decisivo para ser cristão como tomar a
decisão de viver como seguidor ou seguidora de Jesus. O grande risco dos
cristãos foi sempre o de pretender ser, sem seguir a Jesus. De fato, muitos
dos que se foram afastando das nossas comunidades são pessoas que ninguém
ajudou a tomar a decisão de viver seguindo seus passos.
No entanto, essa é a primeira decisão de um
cristão. A decisão que muda tudo, porque é começar a viver de uma nova forma a
adesão a Cristo e pertencer à Igreja: encontrar, finalmente, o caminho, a
verdade, o sentido e a razão da fé cristã.
E o primeiro para tomar essa decisão é escutar sua
chamada. Ninguém se põe a caminho nos passos de Jesus seguindo somente sua
própria intuição ou seu desejo de viver um ideal. Começamos a segui-lo
quando nos sentimos atraídos e chamados por Cristo. Por isso, a fé não consiste
primordialmente em acreditar em algo sobre Jesus, mas em acreditar Nele.
Quando falta o seguimento a Jesus,
cuidado reafirmado uma e outra vez no seu próprio coração e na comunidade crente,
nossa fé corre o risco de ficar reduzida a uma aceitação de crenças, uma prática de obrigações religiosas e uma obediência à disciplina da
Igreja.
É fácil, então, estabelecer-se na prática
religiosa, sem nos deixarmos questionar pelas chamadas que Jesus nos faz desde
o Evangelho que escutamos cada domingo. Jesus está dentro dessa religião, mas
não nos arrasta para trás dos seus passos. Sem darmos conta, habituamo-nos a
viver de forma rotineira e repetitiva. Falta-nos a criatividade, a
renovação e a alegria daqueles que vivem esforçando-se por seguir Jesus.
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