"Um
novo mandamento dou a vocês: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês
devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus
discípulos, se vocês se amarem uns aos outros". (Jo 13, 34-35)
Hoje, uma
excelente reflexão, muito concreta e atual. Como pano de fundo tem o texto bíblico Jo 13, 31-35 (Um novo mandamento). O texto é de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi
publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
WCejnóg
IHU
– ADITAL
17
Maio 2019
Amizade
dentro da Igreja
A
leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo
João 13,31-35
que corresponde ao Quinto Domingo de Páscoa, ciclo C, do Ano Litúrgico. O
teólogo espanhol José Antonio
Pagola comenta o texto.
Eis o texto
É a véspera da sua execução. Jesus celebra a última
ceia com os Seus. Acaba de lavar os pés dos Seus discípulos. Judas já tomou sua
trágica decisão, e depois de tomar o último pedaço das mãos de Jesus, partiu
para fazer o seu trabalho. Jesus diz em voz alta o que todos sentem:
“Meus filhos, já não estarei convosco por muito tempo”.
Fala-lhes com ternura. Quer que fiquem gravados no
seu coração Seus últimos gestos e palavras. “Dou-vos um mandamento novo: que
vos ameis uns aos outros; como Eu vos amei, amem-se também entre vós. O sinal
pelo qual vos conhecerão como Meus discípulos será que vos amais uns aos
outros”. Este é o testamento de Jesus.
Jesus fala de um “mandamento novo”. Onde está a
novidade? O lema de amar o próximo está já presente na tradição bíblica. Também
os filósofos gregos falam de filantropia e amor a todos os seres humanos. A novidade
está na forma de amar própria de Jesus: “Amem-se como eu vos amei”.
Assim se irá difundindo através dos seus seguidores seu estilo de amar.
A primeira coisa que os discípulos experimentaram é
que Jesus os amou como amigos: “Não vos chamo servos... eu vos chamei amigos”. Na
Igreja, temos que nos amar simplesmente como amigos e amigas. E entre
amigos cuida-se a igualdade, a proximidade e o apoio mútuo. Ninguém está acima
de ninguém. Nenhum amigo é senhor dos seus amigos.
Por isso, Jesus corta pela raiz as ambições dos
Seus discípulos quando os vê a discutir quem é o primeiro. A procura de
protagonismos interesseiros quebra a amizade e a comunhão. Jesus lembra-lhes o
seu estilo: “Eu não vim para ser servido, mas para servir”. Entre amigos,
ninguém deve impor-se. Todos devem estar dispostos a servir e colaborar.
Esta amizade vivida pelos seguidores de Jesus não
gera uma comunidade fechada. Pelo contrário, o clima cordial e amigável que se
vive entre eles prepara-os para acolher aqueles que necessitam de acolhimento e
amizade. Jesus ensinou-os a comer com pecadores e com gente excluída e
desprezada. Repreendeu-os por afastarem as crianças. Na comunidade de Jesus,
os pequenos não estorvam, mas sim os grandes.
Um dia, Jesus chamou os doze, colocou uma criança
no meio deles, abraçou-a e disse: “Aquele que recebe uma criança como esta em
meu nome, recebe-me a Mim”. Na Igreja desejada por Jesus, os mais pequenos,
frágeis e vulneráveis devem estar no centro da atenção e do cuidado de todos.
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