“Jesus
respondeu: “Cuidado! Que ninguém vos engane. Porque virão muitos
apresentando-se em meu nome como sendo o Cristo e dizendo: ‘Chegou a hora!’ Não
lhes deem crédito!” (Lc
21,8)
Abaixo, uma boa reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc, 21, 5-19 (Tempos de aflição). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
Foi publicada na no site do Instituto
Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU – ADITAL
15 Novembro 2019
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho segundo Lc 21,5-19 que corresponde ao 33° Domingo do Tempo Comum,
ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto.
Eis o texto
Nos Evangelhos se recolhem alguns textos de
caráter apocalíptico em que não é fácil diferenciar a mensagem que pode ser
atribuída a Jesus e as preocupações das primeiras comunidades cristãs
envolvidas em situações trágicas enquanto esperam, com angústia e no meio de
perseguições, o final dos tempos.
Segundo o relato de Lucas, os tempos difíceis não
devem ser tempos de lamentos e desalento. Não é tampouco a hora da resignação
ou da fuga. A ideia de Jesus é outra. Precisamente em tempos de crise, “tereis
ocasião de dar testemunho”. É então quando nos é oferecida a melhor
oportunidade para dar testemunho da nossa adesão a Jesus e ao Seu projeto.
Levamos muito tempo sofrendo uma crise que golpeia
duramente a muitos. O que aconteceu neste tempo permite-nos conhecer já com
realismo o dano social e o sofrimento que gera. Não terá chegado o momento
de avaliarmos como estamos reagindo?
Talvez, o primeiro seja rever profundamente
nossa atitude: Temos nos posicionado de forma responsável, despertando em
nós um sentido básico de solidariedade ou estamos vivendo de costas a tudo o
que pode perturbar a nossa tranquilidade? Que fazemos a partir dos nossos
grupos e comunidades cristãs? Marcamos a nós próprios uma linha de ação
generosa ou vivemos celebrando nossa fé à margem do que está acontecendo?
A crise está abrindo uma fratura social injusta
entre aqueles que podem viver sem medo do futuro e aqueles que estão sendo
excluídos da sociedade e privados de uma saída digna. Não sentimos o chamado
para introduzir “cortes” na nossa vida, para viver assim nos próximos anos, de
forma mais sóbria e solidária?
Pouco a pouco, vamos conhecendo mais de perto quem
vai ficando mais indefeso e sem recursos (famílias sem rendimento algum,
desempregados de longa duração, imigrantes doentes...). Será que nos
preocupamos em abrir os olhos para ver se podemos nos comprometer em
aliviar a situação de alguns? Podemos pensar em alguma iniciativa realista a
partir das comunidades cristãs?
Não devemos esquecer que a crise não cria só
empobrecimento material. Gera também insegurança, medo, impotência e
experiência de fracasso. Desfaz projetos, afunda famílias, destrói a esperança.
Não teremos de recuperar a importância da ajuda entre familiares, o
apoio entre vizinhos, o acolhimento e acompanhamento a partir da comunidade
cristã? Poucas coisas podem ser mais nobres nestes momentos do que o aprender a
cuidar-nos mutuamente.
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