"Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque
encontraste graça diante de Deus.
Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus.
Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim».” (Lc 1, 30-33)
Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus.
Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim».” (Lc 1, 30-33)
Hoje
trago para este blog, mais uma reflexão muito concreta e atual, de autoria do
padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Como pano de fundo tem o texto bíblico Lc 1, 26-38 (O ‘sim’ de Maria).
Foi
publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
6
Dezembro 2019
A alegria possível
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho
de Jesus Cristo segundo Lucas 1,26-38, que corresponde à Solenidade da
Imaculada Conceição, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
A primeira palavra de Deus aos Seus filhos, quando
o Salvador se aproxima do mundo, é um convite à alegria. É o que escuta
Maria: «Alegrai-vos».
Jürgen Moltmann, o grande teólogo da esperança, expressou-o assim: «A palavra última e primeira da grande libertação
que vem de Deus não é ódio, mas alegria; não é condenação, mas absolvição”.
Cristo nasceu da alegria de Deus e morre e ressuscita para levar a sua alegria
a este mundo contraditório e absurdo.
No entanto, a alegria não é fácil. A ninguém se
pode forçar a estar alegre; não se pode impor a alegria desde fora. O verdadeiro
gozo deve nascer do mais fundo de nós mesmos. Caso contrário, será riso
exterior, gargalhada vazia, euforia passageira, mas a alegria ficará fora, à
porta do nosso coração.
A alegria é um presente bonito, mas também
vulnerável. Um dom que devemos cuidar com humildade e generosidade no fundo da
alma. O romancista alemão Hermann Hesse diz que os rostos atormentados,
nervosos e tristes de tantos homens e mulheres se devem a que «a felicidade só
pode ser sentida pela alma, não pela razão, nem pela barriga, nem pela cabeça,
nem pela bolsa».
Mas há algo mais. Como se pode ser feliz quando há
tanto sofrimento na Terra? Como se pode rir quando ainda não estão secas todas
as lágrimas e brotam diariamente outras novas? Como aproveitar quando dois
terços da humanidade estão afundados na fome, miséria ou guerra?
A alegria de Maria é a alegria de uma mulher crente
que se alegra em Deus, Salvador, o que eleva os humilhados e dispersa os
soberbos, o que colma de bens os famintos e dispensa o rico vazio. A
alegria verdadeira só é possível no coração do que anseia e busca justiça,
liberdade e fraternidade para todos. Maria alegra-se em Deus, porque vem
consumar a esperança dos abandonados.
Só se pode ser alegre em comunhão com os que sofrem
e em solidariedade com os que choram. Só tem direito à alegria quem luta para
torná-la possível entre os humilhados. Só pode ser feliz quem se esforça por
fazer felizes os outros. Só pode celebrar o Natal quem procura sinceramente
o nascimento de um novo homem entre nós.
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