Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

“Não necessitamos de Deus entre nós?” – Reflexão de José Antonio Pagola.



"José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados". (Mt 1, 20-21)

Abaixo, uma bonita reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 1,18-24  (‘Ele será chamado Emanuel, Deus conosco’). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg


IHU – ADITAL
20 Dezembro 2019

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 1,18-24, que corresponde ao 4° Domingo de Advento, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto.

Há uma pergunta que todos os anos me ronda desde que começo a observar nas ruas os preparativos que anunciam a proximidade do Natal: que pode haver ainda de verdade no fundo destas festas tão estragadas pelos interesses consumistas e pela nossa própria mediocridade?

Não sou o único. Ouço muitas pessoas falarem da superficialidade do Natal, da perda do seu caráter familiar e caseiro, da vergonhosa manipulação dos símbolos religiosos e de tantos excessos e despropósitos que deterioram hoje o Natal.

Mas, em minha opinião, o problema é mais profundo. Como pode celebrar o mistério de um “Deus feito homem” uma sociedade que vive praticamente de costas para Deus e que destrói de tantas formas a dignidade do ser humano?

Como pode celebrar o “nascimento de Deus” uma sociedade em que o famoso professor francês G. Lipovetsky, ao descrever a atual indiferença, foi capaz de dizer estas palavras: “Deus morreu, os grandes objetivos extinguem-se, mas para todo o mundo é igual, esta é a feliz notícia”?

Aparentemente, são muitas as pessoas para quem é exatamente igual acreditar ou não acreditar, ouvir que “Deus está morto” ou que “Deus nasceu”. Sua vida continua funcionando como de costume. Não parecem necessitar já de Deus.

E, no entanto, a história contemporânea já nos está obrigando a colocar algumas questões sérias. Algum tempo atrás, falava-se “da morte de Deus”; hoje se fala “da morte do homem”. Há alguns anos se proclamava “o desaparecimento de Deus”; hoje se anuncia “o desaparecimento do homem”. Não será que a morte de Deus traga consigo inevitavelmente a morte do homem?

Expulso Deus das nossas vidas, encerrados num mundo criado por nós mesmos e que reflete apenas as nossas próprias contradições e misérias, quem nos pode dizer quem somos e o que realmente queremos?

Não precisaremos que Deus nasça novamente entre nós, que brote com luz nova nas nossas consciências, que abra caminho no meio de nossos conflitos e contradições? Para nos encontrarmos com esse Deus, não devemos ir muito longe. Basta aproximar-nos silenciosamente de nós mesmos. Basta mergulharmos nas nossas interrogações e desejos mais profundos.

Esta é a mensagem do Natal: Deus está perto de ti, onde tu estás, com tal que te abras ao seu Mistério. O Deus inacessível fez-se humano e a sua proximidade misteriosa envolve-nos. Em cada um de nós, pode nascer Deus






  

Fonte: IHU – Comentário doEvangelho

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