"José, filho de Davi, não tema
receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito
Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque
ele salvará o seu povo dos seus pecados". (Mt 1, 20-21)
Abaixo, uma bonita reflexão, muito atual, que tem
como pano de fundo o texto bíblico Mt
1,18-24 (‘Ele será chamado Emanuel, Deus
conosco’). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
20
Dezembro 2019
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho
de Jesus Cristo segundo Mateus 1,18-24, que corresponde ao 4° Domingo de
Advento, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola
comenta o texto.
Eis o texto.
Há uma pergunta que todos os anos me ronda desde
que começo a observar nas ruas os preparativos que anunciam a proximidade do Natal:
que pode haver ainda de verdade no fundo destas festas tão estragadas pelos
interesses consumistas e pela nossa própria mediocridade?
Não sou o único. Ouço muitas pessoas falarem da
superficialidade do Natal, da perda do seu caráter familiar e caseiro, da
vergonhosa manipulação dos símbolos religiosos e de tantos excessos e
despropósitos que deterioram hoje o Natal.
Mas, em minha opinião, o problema é mais profundo.
Como pode celebrar o mistério de um “Deus feito homem” uma sociedade que vive
praticamente de costas para Deus e que destrói de tantas formas a dignidade do
ser humano?
Como pode celebrar o “nascimento de Deus” uma
sociedade em que o famoso professor francês G. Lipovetsky, ao descrever
a atual indiferença, foi capaz de dizer estas palavras: “Deus morreu, os
grandes objetivos extinguem-se, mas para todo o mundo é igual, esta é a feliz
notícia”?
Aparentemente, são muitas as pessoas para quem é
exatamente igual acreditar ou não acreditar, ouvir que “Deus está morto” ou que
“Deus nasceu”. Sua vida continua funcionando como de costume. Não parecem
necessitar já de Deus.
E, no entanto, a história contemporânea já nos está
obrigando a colocar algumas questões sérias. Algum tempo atrás, falava-se
“da morte de Deus”; hoje se fala “da morte do homem”. Há alguns anos se
proclamava “o desaparecimento de Deus”; hoje se anuncia “o desaparecimento do
homem”. Não será que a morte de Deus traga consigo inevitavelmente a morte
do homem?
Expulso Deus das nossas vidas, encerrados num mundo
criado por nós mesmos e que reflete apenas as nossas próprias contradições e
misérias, quem nos pode dizer quem somos e o que realmente queremos?
Não precisaremos que Deus nasça novamente entre
nós, que brote com luz nova nas nossas consciências, que abra caminho no meio
de nossos conflitos e contradições? Para nos encontrarmos com esse Deus, não
devemos ir muito longe. Basta aproximar-nos silenciosamente de nós mesmos.
Basta mergulharmos nas nossas interrogações e desejos mais profundos.
Esta é a mensagem do Natal: Deus está perto de
ti, onde tu estás, com tal que te abras ao seu Mistério. O Deus inacessível
fez-se humano e a sua proximidade misteriosa envolve-nos. Em cada um de nós,
pode nascer Deus
Nenhum comentário:
Postar um comentário