Jesus respondeu-lhes: “Ide contar a João
o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam,
os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são
evangelizados. Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!”. (Mt 11, 4-6)
Trago hoje uma
excelente reflexão, muito concreta e oportuna. Como pano de fundo tem o texto bíblico Mt 11, 2-11 (És tu, aquele que há de vir?). É de autoria do padre e teólogo
espanhol José Antonio Pagola e foi publicada no site do Instituto Humanitas
Unisinos (IHU).
Esta reflexão, como todas as outras desse autor, oferece-nos uma boa oportunidade
para conhecermos mais e entendermos melhor as palavras bíblicas, que não
raramente apresentam-se difíceis para a nossa compreensão.
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU – ADITAL
13 Dezembro 2019
A identidade de Jesus
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 11,2-11 que corresponde ao Terceiro
Domingo do Advento, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto.
Eis o texto
Até a prisão de Maqueronte, onde está preso por
Antipas, chegam ao Batista notícias de Jesus. O que ouve
deixa-o desconcertado. Não corresponde às suas expectativas. Ele espera um
Messias que se imponha com a força terrível do julgamento de Deus, salvando
aqueles que receberam seu batismo e condenando aqueles que o rejeitaram. Quem é
Jesus?
Para ficar sem dúvidas, encarrega dois discípulos
que perguntem a Jesus sobre sua verdadeira identidade: “És Tu o que deve vir
ou temos que esperar por outro?” A questão era decisiva nos primeiros
momentos do cristianismo.
A resposta de Jesus não é teórica, mas muito
concreta e precisa: comuniquem a João “o que estão vendo e ouvindo”.
Perguntam-lhe pela sua identidade, e Jesus responde-lhes com sua ação curativa ao
serviço dos doentes, dos pobres e dos infelizes que encontra nas aldeias da
Galileia, sem recursos nem esperança para uma vida melhor: “Os cegos veem e os
inválidos andam; os leprosos estão limpos e os surdos ouvem; os mortos
ressuscitam e aos pobres anuncia-se a Boa Nova”.
Para conhecer Jesus, é melhor ver de quem se
aproxima e a que se dedica. Para captar bem sua identidade, não basta
confessar teoricamente que é Ele o Messias, Filho de Deus. É necessário
sintonizar com o seu modo de ser Messias, que não é outro senão o de aliviar o
sofrimento, curar a vida e abrir um horizonte de esperança para os pobres.
Jesus sabe que a sua resposta pode decepcionar
aqueles que sonham com um Messias poderoso. Por isso acrescenta: “Bem-aventurado
aquele que não se sente decepcionado comigo”. Que ninguém espere outro
Messias que realize outro tipo de “obras”; que ninguém invente outro Cristo
mais ao seu gosto, pois o Filho foi enviado para tornar a vida mais digna e
bem-aventurada para todos, até atingir a sua plenitude na festa final do Pai.
Que Messias os cristãos seguem hoje?
Dedicamo-nos a fazer “as obras” que fazia Jesus?
E se não as fazemos, o que estamos a fazer no meio
do mundo?
O que estão “vendo” e “ouvindo” as pessoas na
Igreja de Jesus?
O que estão vendo nas nossas vidas?
O que escutam nas nossas palavras?
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