Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

“A Teologia da Libertação está mais atual do que nunca”. – Artigo de Padre Ticão. Interessante!



Hoje, trago para o blog Indagações-Zapytania o artigo “A Teologia da Libertação está mais atual do que nunca” de  autoria de Pe. Ticão. O texto é interessante e pode ser útil para quem procura compreender melhor a questão de Teologia da Libertação e a importância que ela ainda tem (e pode vir a ter) nos dias de hoje. O texto foi publicado em abril deste ano (2019) no Carta Capital.
Vale a pena conferir.
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Por Padre Ticão

4 de abril de 2019

 Teologia da Libertação (Reprodução)



O povo de Deus nasceu para ser livre e feliz. Vivamos esta verdade com fé e coragem
Em parceria com o Professor Waldir*

“A história humana foi escrita por uma mão branca, uma mão masculina, da classe social dominante. A perspectiva dos vencidos da história é diferente. Tentou-se apagar de sua memória a recordação de seus combates. Isto os priva de uma vontade histórica de rebelião” JJ Tamayo Acosta

A América Latina do período pós Concílio Vaticano II (1962-1965) e da Conferência Episcopal Latina Americana realizada em Medellín-Colômbia em 1968 assistiu ao nascimento de uma teologia essencialmente libertadora que trazia em sua essência, como condição sine qua non, para viver o Evangelho de Cristo, a opção preferencial pelos pobres e a defesa de seus direitos. Estamos nos referindo à Teologia da Libertação.

Incompreendida – e por esta razão condenada por muitos -, a Teologia da Libertação engloba várias correntes de pensamento, que interpretam os ensinamentos de Jesus Cristo em termos de uma libertação das injustiças impostas aos mais pobres pelas condições econômicas, políticas e sociais determinadas pelo poder dominador.

Conquanto o movimento possua raízes anteriores, admite-se o ano de 1971 como seu marco inicial, dado por meio do livro “A Teologia da Libertação”, escrito pelo teólogo peruano Gustavo Gutierrez.

Não tardou para que os escritos do padre peruano se tornassem conhecidos em toda América Latina e reunisse em torno de si teólogos de renome: Jon Sobrino, Leônidas Proaño, Juan Luís Segundo, Leonardo Boff, Frei Betto, além de bispos e cardeais como Dom Pedro Casaldáliga, Dom Waldir Calheiros, Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Aloísio Lorscheider, entre outros.

A Teologia da Libertação trouxe para a Igreja um sopro novo de esperança, aproximando-a dos mais pobres e desprezados pelos regimes de governos, impostos pela força e total desrespeito aos homens e mulheres que gritavam por justiça e liberdade.

As opressões sofridas pelo povo pobre remontam aos primórdios da história humana. Na esfera da fé e dos registros bíblicos, tais como descritos no livro do Êxodo, observa-se, facilmente, as ações de Deus em prol da libertação de seu povo, das opressões impostas pelos poderosos faraós.

O Evangelho de Lucas em seu quarto capítulo apresenta o programa de toda atividade de Jesus quando ele aplica a si mesmo, a texto de Isaías 61, 1-2 que acabara de ler na Sinagoga de Nazaré, o qual anuncia a missão libertadora a ser realizada pelo Messias em favor dos pobres, assumindo-a no hoje concreto em que se encontra.

No Evangelho de Mateus, capítulo 23, Jesus critica os intelectuais e os líderes da classe dominante, que transformam o saber em poder, agindo hipocritamente e oprimindo o povo.

Condena também os líderes religiosos que sustentam um sistema formalista e hipócrita que não respeita a liberdade dos filhos de Deus.
Nos dias atuais, nos deparamos com novas opressões impostas aos mais pobres e desvalidos por meio de reformas trabalhista e previdenciária, dentre outras. O povo já oprimido e prisioneiro de um sistema cruel e desumano está em vias de ser condenado à prisão imposta pela miséria a qual será submetido, caso nenhuma ação contrária e libertadora seja impetrada.

A Teologia da Libertação, que nos ensinou a caminhar de mãos dadas na defesa dos direitos de cada um e de todos sob a luz do Evangelho – assim como tantos outros movimentos surgidos com o mesmo objetivo -, sofreu e continua a sofrer, ataques pejorativos violentos e disseminadores do ódio.

Com qual objetivo esses ataques são praticados? O que esperam alcançar com isso? Quem são os responsáveis? Estas são questões que devemos responder com propriedade e sabedoria ante as afirmações dos “hipócritas e fariseus”.

O povo de Deus nasceu para ser livre e feliz. Vivamos esta verdade com fé e coragem.


*Professor Waldir é licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia. Agente pastoral, escritor e assessor de movimentos sociais
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Pe. Chicão


Padre Antônio Luís Marchioni / Autor



Pároco da Paróquia São Francisco de Assis de Ermelino Matarazzo, Diocese de São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo-SP. Importante liderança dos Movimentos e Pastorais Sociais da região, atua nas mais diversas áreas em defesa de Políticas Públicas que atendam efetivamente às necessidades da população. (Carta Capital)


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