Hoje, trago para o blog Indagações-Zapytania o artigo “A Teologia da Libertação está mais atual do que nunca” de autoria de Pe. Ticão. O texto é interessante e pode ser útil
para quem procura compreender melhor a questão de Teologia da Libertação e a
importância que ela ainda tem (e pode vir a ter) nos dias de hoje. O texto foi
publicado em abril deste ano (2019) no Carta Capital.
Vale a pena conferir.
WCejnog
Por Padre Ticão
4 de abril de 2019
Teologia da Libertação (Reprodução)
O povo de
Deus nasceu para ser livre e feliz. Vivamos esta verdade com fé e coragem
Em parceria com o Professor Waldir*
“A história humana foi escrita por uma mão branca,
uma mão masculina, da classe social dominante. A perspectiva dos vencidos da história
é diferente. Tentou-se apagar de sua memória a recordação de seus combates.
Isto os priva de uma vontade histórica de rebelião” JJ Tamayo Acosta
A América Latina do período pós Concílio Vaticano
II (1962-1965) e da Conferência Episcopal Latina Americana realizada em
Medellín-Colômbia em 1968 assistiu ao nascimento de uma teologia essencialmente
libertadora que trazia em sua essência, como condição sine qua non, para viver
o Evangelho de Cristo, a opção preferencial pelos pobres e a defesa de seus
direitos. Estamos nos referindo à Teologia
da Libertação.
Incompreendida – e por esta razão condenada por
muitos -, a Teologia da Libertação engloba várias correntes de pensamento, que
interpretam os ensinamentos de Jesus Cristo em termos de uma libertação das
injustiças impostas aos mais pobres pelas condições econômicas, políticas e
sociais determinadas pelo poder dominador.
Conquanto o movimento possua raízes anteriores,
admite-se o ano de 1971 como seu marco inicial, dado por meio do livro “A
Teologia da Libertação”, escrito pelo teólogo peruano Gustavo Gutierrez.
Não tardou para que os escritos do padre peruano se
tornassem conhecidos em toda América Latina e reunisse em torno de si teólogos
de renome: Jon Sobrino, Leônidas Proaño, Juan Luís Segundo, Leonardo Boff, Frei
Betto, além de bispos e cardeais como Dom Pedro Casaldáliga, Dom Waldir Calheiros, Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Aloísio
Lorscheider, entre outros.
A Teologia da Libertação trouxe para a Igreja um
sopro novo de esperança, aproximando-a dos mais pobres e desprezados pelos
regimes de governos, impostos pela força e total desrespeito aos homens e
mulheres que gritavam por justiça e liberdade.
As opressões sofridas pelo povo pobre remontam aos
primórdios da história humana. Na esfera da fé e dos registros bíblicos, tais
como descritos no livro do Êxodo, observa-se, facilmente, as ações de Deus em
prol da libertação de seu povo, das opressões impostas pelos poderosos faraós.
O Evangelho de Lucas em seu quarto capítulo
apresenta o programa de toda atividade de Jesus quando ele aplica a si mesmo, a
texto de Isaías 61, 1-2 que acabara de ler na Sinagoga de Nazaré, o qual
anuncia a missão libertadora a ser realizada pelo Messias em favor dos pobres,
assumindo-a no hoje concreto em que se encontra.
No Evangelho de Mateus, capítulo 23, Jesus critica os
intelectuais e os líderes da classe dominante, que transformam o saber em
poder, agindo hipocritamente e oprimindo o povo.
Condena também os líderes religiosos que sustentam
um sistema formalista e hipócrita que não respeita a liberdade dos filhos de
Deus.
Nos dias atuais, nos deparamos com novas opressões
impostas aos mais pobres e desvalidos por meio de reformas trabalhista e previdenciária, dentre outras. O povo já oprimido e prisioneiro de um sistema cruel e
desumano está em vias de ser condenado à prisão imposta pela miséria a qual
será submetido, caso nenhuma ação contrária e libertadora seja impetrada.
A Teologia da Libertação, que nos ensinou a
caminhar de mãos dadas na defesa dos direitos de cada um e de todos sob a luz
do Evangelho – assim como tantos outros movimentos surgidos com o mesmo
objetivo -, sofreu e continua a sofrer, ataques pejorativos violentos e disseminadores
do ódio.
Com qual objetivo esses ataques são praticados? O
que esperam alcançar com isso? Quem são os responsáveis? Estas são questões que
devemos responder com propriedade e sabedoria ante as afirmações dos
“hipócritas e fariseus”.
O povo de Deus nasceu para ser livre e feliz.
Vivamos esta verdade com fé e coragem.
*Professor Waldir é licenciado em
Filosofia e bacharelando em Teologia. Agente pastoral, escritor e assessor de
movimentos sociais
______________
______________
Pe. Chicão
Padre
Antônio Luís Marchioni / Autor
Pároco da Paróquia São Francisco de Assis de
Ermelino Matarazzo, Diocese de São Miguel Paulista, na zona leste de São
Paulo-SP. Importante liderança dos Movimentos e Pastorais Sociais da região,
atua nas mais diversas áreas em defesa de Políticas Públicas que atendam
efetivamente às necessidades da população. (Carta Capital)
Fonte: Carta Capital
Nenhum comentário:
Postar um comentário