Acho
interessante e oportuno o artigo “A religião
banalizada”, do padre Demetrius dos Santos Silva*. A publicação pode ser
encontrada no blog “O trovador de Deus”. Data da publicação não informada. O
texto traz várias colocações esclarecedoras sobre as causas que levam muitas
pessoas à instrumentalização da religião.
Quero
compartilhá-lo também aqui nesta página, e com isso ajudar um pouco na sua
divulgação.
Vale
a pena ler!
WCejnóg
Por Frei Demetrius dos Santos Silva
A religião banalizada
Disse Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores. Porque, ou odiará a um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”. (Mt 6,24)
Disse Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores. Porque, ou odiará a um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”. (Mt 6,24)
Quando pensamos em religião, pensamos em
aprimoramento do ser humano, onde a doutrina e a ética, reflexos da
espiritualidade, transformam a pessoa em alguém melhor.
No entanto, a religião pode ser instrumentalizada
de tal forma que produza no ser humano a pior espécie de sentimento. A
religião, quando banalizada, desperta nas pessoas tudo o que há de mais nocivo:
preconceitos, fanatismo, ganância, ódio, egoísmo, etc.
A religião banalizada tem outros objetivos que não
a religação do ser humano com seu Deus. Riqueza, poder e fama são os
verdadeiros objetivos da religião banalizada. O ridículo é apresentado como
lindo; a mentira é apresentada como verdade; a ganância é apresentada como
gratuidade e o egoísmo é apresentado como santidade.
Tempos atrás, certo pastor afirmou que uma menina
estava morta (mesmo estando ela respirando) e assim ele simulou a ressurreição
da criança. (1) Uma mulher, dizendo que
tinha dores no útero, após ser “exorcizada” por um pastor, jurou que “deu à
luz” à três caveiras de plástico, destas vendidas em camelôs a 4 reais. (2) Um padre me disse que, ao fazer um exorcismo,
a endemoninhada se levitou e pairou no ar (parece filme de terror). Outro
cidadão disse que tinha uma grande dívida no banco e que, ao passar o lenço, em
que o pastor enxugara seu suor, na maçaneta da porta do banco, teve sua dívida
desaparecida misteriosamente! (3)
Todas essas histórias seriam consideradas ridículas
por qualquer pessoa com o mínimo de atividade cerebral. No entanto, muitos
cristãos e cristãs atribuem essas mentiras escandalosas a Deus, como se isso
fosse verdade.
Por outro lado, em nome da religião, vemos pessoas
invadindo igrejas e destruindo imagens, vemos traficantes supostamente
“convertidos” ao evangelho (e ainda traficantes) expulsando das favelas aqueles
que frequentam as religiões de matrizes africanas (Candomblé e Umbanda). Vemos
famílias destruídas porque seus membros neo-convertidos se recusam a se
misturar com os parentes “contaminados”. Tudo isso em nome de Deus, mas Deus
passa longe desses absurdos.
A religião banalizada explora a fraqueza humana e
com isso faz riqueza para suas autoridades. A pergunta que me faço é a
seguinte: “Como a religião banalizada consegue atrair e convencer tantas
pessoas?”
Ao analisar a religião banalizada, o Pastor Ed René
Kivitz (4) nos chama à atenção para perceber que há um discurso comum que
atinge e convence as pessoas através de suas fraquezas. Geralmente o discurso
“faz a cabeça” da pessoa “fisgando-a” pelo medo, pela culpa ou pela ganância.
Vejamos alguns exemplos:
1) Fisgando pelo medo
A religião banalizada fisga as pessoas pelo medo.
Muitas pessoas têm uma vida “podre” ou um passado que dá vergonha e, em
determinado momento, elas passam a ter medo de perder sua família, perder sua
alma, de ir para o inferno, etc. É aí que os pregadores falam para a pessoa que
só uma adesão a tal igreja vai libertar a pessoa do mal que há de vir. E para
garantir sua participação ativa nessa nova denominação, a pessoa passará a
ofertar grandes somas para demonstrar sua nova fé e garantir sua entrada no céu
já aqui na terra.
2) Fisgando pela culpa
A religião banalizada também fisga as pessoas pela
culpa. São tantas as pessoas que sofrem porque se sentem culpadas pelas
desgraças que acontecem na vida. Mães e pais que se sentem culpados porque seus
filhos são usuários de drogas. Mulheres que se sentem culpadas porque seus
esposos são alcoólatras. Em seus sentimentos de culpa, as pessoas prometem
entrar em certas igrejas, pois foram-lhes prometidas que tudo mudaria e, para
alcançar a libertação, elas devem investir em ofertas para conquistar a mudança
por Deus prometida.
3) Fisgando pela ganância
A religião banalizada aproveita a ganância das
pessoas para fisgá-las e “depená-las” ao extremo. Pessoas com problemas
financeiros são ludibriadas com promessas de que se investirem em Deus (ofertar
todo o dinheiro) receberão em dobro e conquistarão o sucesso financeiro.
Pessoas ambiciosas que querem sua casa na praia, seu conversível importado, sua
mansão, sua piscina, etc., são incentivados a se “converterem” para receberem a
graça da prosperidade prometida pelas igrejas.
DOIS DETALHES
1) A banalização da religião tem afetado todas as
Igrejas. Umas mais, outras menos. Geralmente as Igrejas históricas ainda são as
menos afetadas pela banalização da religião. As igrejas mais recentes são as
mais afetadas. Hoje se tem cultos e missas específicas para empresários, a fim
de que Deus derrame a prosperidade sobre seus negócios…
2) A princípio o discurso da religião banalizada
diz que o que Deus quer é a santidade das pessoas. É vivendo a santidade que
Deus derramará a prosperidade na vida das pessoas. No entanto, como a santidade
geralmente é algo distante da vida das pessoas, elas devem compensar a falta de
santidade com um investimento financeiro para provar a fé. Se não posso ofertar
a Deus minha santidade, devo ofertar a Deus o meu dinheiro todo para provar que
eu tenho fé e, pela fé, Deus terá de me recompensar com a prosperidade.
CONCLUSÃO
A única vacina que temos contra a doença da
religião banalizada é o Evangelho. O Evangelho é quem corrige os desvios das
igrejas. Porém, a religião banalizada usa o evangelho a seu bel-prazer,
selecionando apenas os textos que lhe interessa, dispensando os textos que
“puxam a orelha”. Uma Igreja honesta, assume o Evangelho por inteiro e
reconhece que precisa crescer muito na obediência a Deus.
Nossa adesão à Igreja deve ser antes de tudo uma
adesão a Jesus Mestre e seu Evangelho. Todos nós temos medos, culpas e
ganâncias, mas eles nunca devem ser o alicerce de nossa fé. Religião se vive é
na liberdade. Ou seguimos a Cristo livremente, ou nossa fé e nossa religião
serão banalizadas.
Oração:
Senhor Jesus Cristo, Mestre de mim, sois a ternura
e a fortaleza em minha história. Fazei que eu viva a minha fé e minha religião
na busca da verdade. Que eu não banalize a minha fé e que meu seguimento de
vosso caminho não seja alicerçado em meus medos, culpas ou ganâncias, mas seja
fundamentado no único sentimento que realmente me liberta: o amor. Que o vosso
amor, ó Mestre, seja a razão de meu viver. Assim seja.
Vídeos citados:
1) https://www.dailymotion.com/video/x17st83
2) https://videos.bol.uol.com.br/video/mulher-gravida-de-tres-caveiras-de-plastico-0402CD9A3062D8C12326
3) https://www.gospelprime.com.br/fiel-esfrega-toalhinha-da-igreja-mundial-do-poder-de-deus-na-porta-do-banco-para-pagar-divida/
4) https://www.youtube.com/watch?v=d3pZf3byjVs
2) https://videos.bol.uol.com.br/video/mulher-gravida-de-tres-caveiras-de-plastico-0402CD9A3062D8C12326
3) https://www.gospelprime.com.br/fiel-esfrega-toalhinha-da-igreja-mundial-do-poder-de-deus-na-porta-do-banco-para-pagar-divida/
4) https://www.youtube.com/watch?v=d3pZf3byjVs
Fonte: blog O trovador de Deus
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* Demetrius dos Santos Silva
Pároco da
Paróquia São Paulo Apóstolo (Sumaré) Capelão do Hospital Estadual de Sumaré. Fonte:
Arquidiocese Campinas
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