‘(...) Em nenhum lugar a vida será construída como
Deus quer se não for libertando os últimos da sua humilhação e
sofrimento. Nunca será abençoada por Deus, nenhuma religião, se não se procura
justiça para eles.’ – do texto abaixo.
Hoje trago para o
blog Indagações-Zapytania, uma excelente reflexão do padre e teólogo espanhol
José Antônio Pagola. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 4, 12-23 (Jesus
inicia sua missão). É uma boa ajuda para todas aquelas pessoas que procuram
compreender melhor a mensagem bíblica contida nos textos sagrados.
Foi publicada no site do Instituto Humanitas
Unisinos (IHU).
Vale a pena ler.
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IHU
– ADITAL
24
Janeiro 2020
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho
de Jesus Cristo segundo Mateus 4,12-23, que corresponde ao 3° Domingo do
Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Não é difícil resumir a mensagem de Jesus:
Deus não é um ser indiferente e distante, que se move no seu mundo, interessado
apenas na sua honra e nos seus direitos. É alguém que procura o melhor para
todos. Sua força salvadora está a agir no mais profundo da vida. Só quer a
colaboração das suas criaturas para conduzir o mundo à sua plenitude: «O reino de
Deus está próximo. Mudai».
Mas, o que é colaborar no projeto de Deus? O
que é preciso mudar? A chamada de Jesus não se dirige apenas aos «pecadores»
para que abandonem sua conduta e se pareçam um pouco mais com os que já
observam a lei de Deus. Não é isso que o preocupa. Jesus dirige-se a todos,
porque todos têm de aprender a agir de maneira diferente. Seu objetivo não é
que em Israel se viva uma religião mais fiel a Deus, mas que seus seguidores
introduzam no mundo uma nova dinâmica: a que responde ao projeto de Deus.
Indicarei os pontos principais.
A compaixão deve ser sempre o princípio de atuação.
Há que introduzir, no mundo, compaixão por
aqueles que sofrem: “Sejam compassivos como é o Vosso Pai»”. Sobram as grandes
palavras que falam de justiça, igualdade ou democracia. Sem compaixão para com
os últimos não são nada. Sem ajuda prática para com os desgraçados da terra,
não há progresso humano.
A dignidade dos últimos deve ser o primeiro
objetivo.
“Os últimos serão os primeiros.” Há que imprimir à
história uma nova direção. Há que colocar a cultura, a economia, as democracias
e as igrejas a olhar para aqueles que não podem viver de forma digna. Há
que promover um processo de cura que liberte a humanidade do que a destrói e
degrada: “Ide e curai”.
Jesus não encontrou uma linguagem melhor. O
decisivo é curar, aliviar o sofrimento, sanear a vida, construir uma
convivência orientada para uma vida mais saudável, digna e feliz para todos.
Esta é a herança de Jesus. Em nenhum lugar a vida
será construída como Deus quer se não for libertando os últimos da sua
humilhação e sofrimento. Nunca será abençoada por Deus, nenhuma religião, se
não se procura justiça para eles.
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