Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

“Experiência pessoal”. – Reflexão de José Antonio Pagola.



"Então uma voz dos céus disse: "Este é o meu Filho amado, de quem me agrado". (M7 3,17)



A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito boa. Tem como pano de fundo o texto bíblico  Mt 3, 13-17 (O batismo de Jesus). Excelente ajuda para quem procura entender melhor as mensagens bíblicas.

Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).



Vale a pena ler.

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IHU – ADITAL

10 Janeiro 2020

 

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 3,13-17 que corresponde ao Batismo do Senhor, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.



Experiência pessoal



O encontro com João Batista foi para Jesus uma experiência que mudou sua vida. Após o batismo no Jordão, Jesus já não retorna ao trabalho em Nazaré, nem adere ao movimento do Batista. Sua vida centra-se agora num único objetivo: gritar a todos a Boa Nova de um Deus que deseja salvar o ser humano.



Mas o que transforma a trajetória de Jesus não são as palavras que escuta dos lábios do Batista nem o rito purificador do batismo. Jesus vive algo mais profundo. Sente-se inundado pelo Espírito do Pai. Reconhece-se a si mesmo, como Filho de Deus. Sua vida consistirá daí em diante em irradiar e contagiar esse amor insondável de um Deus Pai.



Esta experiência de Jesus encerra também um significado para nós. A fé é um itinerário pessoal que cada um de nós deve percorrer. É muito importante, sem dúvida, o que ouvimos desde crianças dos nossos pais e educadores. É importante o que ouvimos de padres e pregadores. Mas, no final, devemos sempre fazer uma pergunta: em quem acredito eu? Acredito em Deus ou acredito naqueles que me falam sobre ele?



Não devemos esquecer que a fé é sempre uma experiência pessoal que não pode ser substituída pela obediência cega ao que os outros nos dizem. Do lado de fora, podem orientar-nos para a fé, mas sou eu mesmo que devo abrir-me a Deus de forma confiada.



Por isso, a fé não consiste tampouco em aceitar, sem mais, um determinado conjunto de fórmulas. Ser crente não depende primariamente do conteúdo doutrinário que se recolhe num catecismo. Tudo isso é muito importante, sem dúvida, para configurar a nossa visão cristã da existência. Mas antes disso e dando sentido a tudo isso, está esse dinamismo interior que, de dentro, nos leva a amar, confiar e esperar sempre no Deus revelado em Jesus Cristo.



A fé também não é um capital que recebemos no batismo e do qual podemos então dispor tranquilamente. Não é algo adquirido em propriedade para sempre. Ser crente é viver permanentemente escutando o Deus encarnado em Jesus, aprendendo a viver dia a dia de forma mais plena e livre.



Esta fé não está feita apenas de certezas. Ao longo da vida, o crente vive muitas vezes na escuridão. Como dizia aquele grande teólogo que foi Roman Guardini, «a fé é ter luz suficiente para suportar as trevas».  A fé é feita, acima de tudo, de fidelidade. O verdadeiro crente sabe como acreditar durante as trevas, no que viu nos momentos de luz. Sempre continua a procurar esse Deus que está além de todas as nossas fórmulas claras ou escuras. O padre De Lubac ¹ escreveu que «as ideias que fazemos de Deus são como as ondas do mar, sobre as quais o nadador se apoia para as superar». O decisivo é a fidelidade a Deus que se manifesta a nós no Seu Filho Jesus Cristo.

¹Henri de Lubac, nascido em Cambrai aos 20 de fevereiro de 1896 e falecido em Paris aos 4 de setembro de 1991, é um jesuíta, teólogo católico e cardeal francês.  




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