Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

“Fé simples”. – Reflexão de José Antonio Pagola.



Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: ‘Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel’.” (Lc 2,27-30)



Hoje, trago uma excelente reflexão. Como pano de fundo tem o texto bíblico Lc 2, 22-40 (Maria e José levaram Jesus a Jerusalém). O texto é de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg


 

IHU – ADITAL

31 Janeiro 2020



Fé simples



A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 2,22-40, que corresponde ao Festa da Apresentação do Senhor, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.



Eis o texto



O relato do nascimento de Jesus é desconcertante. Segundo Lucas, Jesus nasce numa terra onde não há lugar para acolhê-lo. Os pastores tiveram de procurá-lo por toda Belém até que o encontraram num lugar afastado, deitado numa manjedoura, sem outras testemunhas que seus pais.



Aparentemente, Lucas sente necessidade de construir um segundo relato em que a criança é resgatada do anonimato para ser apresentada publicamente. Que lugar mais apropriado que o Templo de Jerusalém para Jesus ser acolhido solenemente como o Messias enviado por Deus ao seu povo?



Mas, de novo, o relato de Lucas vai ser desconcertante. Quando os pais se aproximam do Templo com a criança, não saem ao seu encontro os sumos sacerdotes nem os outros líderes religiosos. Dentro de uns anos, eles serão aqueles que o entregarão para ser crucificado. Jesus não encontra acolhimento nessa religião segura de si mesma e esquecida do sofrimento dos pobres.



Tampouco vêm a recebê-lo os mestres da Lei que predicam as suas «tradições humanas» nos átrios daquele Templo. Anos mais tarde rejeitarão Jesus por curar os doentes violando a lei do sábado. Jesus não encontra acolhimento em doutrinas e tradições religiosas que não ajudam a viver uma vida mais digna e saudável.



Quem acolhe Jesus e o reconhece como Enviado de Deus são dois anciãos de fé simples e de coração aberto, que viveram as suas longas vidas esperando a salvação de Deus. Os seus nomes parecem sugerir que são personagens simbólicos. O ancião chama-se Simeão («o Senhor ouviu»), a anciã chama-se Ana («oferenda»). Eles representam tantas pessoas de fé simples que, em todos os povos de todos os tempos, vivem com a sua confiança colocada em Deus.



Os dois pertencem aos ambientes mais saudáveis de Israel. São conhecidos como o «Grupo dos Pobres do Senhor». São pessoas que não têm nada, apenas a sua fé em Deus. Não pensam na sua fortuna nem no seu bem-estar. Só esperam de Deus a «consolação» que o seu povo necessita, a «libertação» que seguem procurando geração após geração, a «luz» que ilumine as trevas em que vivem os povos da terra. Agora sentem que as suas esperanças se cumprem em Jesus.



Esta fé simples que espera de Deus a salvação definitiva é a fé da maioria. Uma fé pouco cultivada, que se concretiza quase sempre em orações lentas e distraídas, que se formula em expressões pouco ortodoxas, que se desperta sobretudo em momentos difíceis. Uma fé que Deus não tem nenhum problema em entender e acolher.





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