“Assim também brilhe a
vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o
vosso Pai que está nos céus.” (Mt 5, 16)
Procurar a entender de maneira melhor possível a mensagem de Deus Amor, que é a fonte de tudo que existe, é a ideia principal de todas as reflexões colhidas e publicadas neste blog.
A reflexão
que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol
José Antônio Pagola, é uma dessas reflexões e trata da questão de ‘boas obras’. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 5, 13-16 (Vos sois o sal da terra e luz do
mundo).
Vale
a pena ler e refletir.
WCejnog
IHU – ADITAL
07 Fevereiro 2020
A luz das boas obras
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho
de Jesus Cristo segundo Mateus 5,13-16 que corresponde ao Quinto Domingo do
Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Os seres humanos tendem a aparecer diante dos
outros como mais inteligentes, melhores, mais nobres do que realmente somos.
Passamos a vida tentando aparentar diante dos outros e diante de nós
mesmos uma perfeição que não possuímos.
Os psicólogos dizem que essa tendência se deve,
sobretudo, ao desejo de afirmar-nos perante nós mesmos e perante os outros,
para nos defender assim da sua possível superioridade.
Falta-nos a verdade
das «boas obras» e enchemos a nossa vida de conversa e de todo o tipo de
divagações. Não somos capazes de dar ao filho um exemplo de vida digna e
passamos os dias exigindo o que nós não vivemos.
Não somos coerentes com nossa fé cristã e
tentamos justificar-nos criticando aqueles que abandonaram a prática religiosa.
Não somos testemunhas do evangelho e dedicamo-nos a pregá-la a outros.
Talvez tenhamos que começar por reconhecer
pacientemente as nossas incoerências, para apresentar aos outros apenas a
verdade de nossa vida. Se tivermos a coragem de aceitar a nossa mediocridade,
nos abriremos mais facilmente à ação de Deus que ainda pode transformar a nossa
vida.
Jesus fala do perigo de que “o sal se torne
insonso”. São João da Cruz diz de outra maneira: «Deus nos livre que se comece
a envaidecer o sal, que, embora pareça que faz algo por fora, em substância
nada será, quando é verdade que as boas obras não podem ser feitas senão por virtude
de Deus».
Para ser “sal da terra”, o importante não é o
ativismo, a agitação, o protagonismo superficial, mas "as boas
obras" que nascem do amor e da ação do Espírito em nós.
Com que atenção deveríamos escutar hoje na Igreja
estas palavras do próprio Juan de la Cruz: “Advirtam, pois, aqui os que
são muito ativos e pensam rodear o mundo com as suas predicações e obras
exteriores, que muito mais proveito fariam à Igreja e muito mais agradariam a
Deus ... se passassem sequer metade desse tempo em estar com Deus em
oração".
Caso contrário, de acordo com o místico doutor,
“tudo é martelar e fazer pouco mais que nada, e às vezes nada e às vezes até
prejudicar”.
No meio de tanta atividade e agitação, onde
estão as nossas «boas obras»? Jesus dizia aos seus discípulos: “Ilumine a
vossa luz os homens, para que vejam as vossas boas obras e deem glória ao Pai”.
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