“E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?” (Lc 24,32)
A reflexão que trago hoje para o blog
Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é bem
concreta e interessante. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 24, 13-35 (No caminho para Emaús).
Foi
publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale
a pena ler.
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IHU
– ADITAL
24
Abril 2020
A leitura
que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo
Lucas 24,13-35 que corresponde ao Terceiro Domingo da Páscoa, ciclo A do
Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto.
Ao longo
dos anos, nas comunidades cristãs, foi-se colocando espontaneamente um
problema muito real. Pedro, Maria Madalena e os outros discípulos tinham vivido
experiências muito «especiais» de encontro com Jesus vivo após a Sua morte.
Experiências que os levaram a «crer» em Jesus ressuscitado. Mas os que se
aproximaram mais tarde do grupo de seguidores, como podiam despertar e
alimentar essa mesma fé?
Este é
também hoje o nosso problema. Nós não vivemos o encontro com o Ressuscitado que
viveram os primeiros discípulos. Com que experiências podemos contar? Isso é o
que é suscitado pelo relato dos discípulos de Emaús.
Os dois
caminham para suas casas, tristes e desolados. A sua fé em Jesus apagou-se. Já
não esperam nada Dele. Tudo foi uma ilusão. Jesus, que os segue sem se
fazer notar, alcança-os e caminha com eles. Lucas expõe assim a situação:
«Jesus começou a caminhar com eles, mas os seus olhos não eram capazes de
reconhecê-Lo». Que podem fazer para experimentar sua presença viva junto deles?
O
importante é que estes discípulos não esqueçam Jesus; «conversam e discutem»
sobre Ele; recordam suas «palavras» e seus «atos» de grande profeta;
deixam que aquele desconhecido lhes vá explicando o que aconteceu. Seus olhos
não se abrem imediatamente, mas «seus corações começam a arder».
É a
primeira coisa que necessitamos nas nossas comunidades: recordar Jesus, aprofundar
a sua mensagem e na sua atuação, meditar na Sua crucificação... Se, em algum
momento, Jesus nos comove, suas palavras nos alcançam por dentro e o nosso
coração começa a arder, é sinal de que nossa fé está despertando.
Não é
suficiente. Segundo Lucas, é necessária a experiência da ceia eucarística.
Embora ainda não saibam quem ele é, os dois caminhantes sentem necessidade de
estar com Jesus. Faz-lhes bem sua companhia. Não querem que os deixe: «Fica
conosco». Lucas enfatiza com alegria: «Jesus veio para ficar com eles». No
jantar, eles abrem os olhos.
Estas são
as duas experiências-chave: sentir que o nosso coração arde ao recordar
sua mensagem, sua atuação e toda sua vida; sentir que, ao celebrar a
Eucaristia, sua pessoa nos alimenta, nos fortalece e nos conforta. Assim,
cresce na igreja a fé no ressuscitado.