Páscoa
As
celebrações da Semana Santa e da Páscoa neste ano acontecem com as igrejas
fechadas, sem aglomerações e sem comunidades reunidas. É um tempo muito
singular e excepcional. Para muita gente será uma oportunidade para
reconsiderar alguns conceitos, tradições e costumes. Talvez seja um bom tempo
para meditar, refletir, e orar mais...
Hoje,
trago para este blog uma reflexão interessante e relevante para este dia em que
celebramos a Páscoa. Fazemos isso em pensamentos e, sobretudo, em nossos corações,
cada um de seu jeito, unidos espiritualmente como uma grande Igreja presente no
mundo inteiro.
A
reflexão é de autoria de Ana Maria Casarotti. Foi publicada no site do
Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a
pena conferir!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
09
Abril 2020
"No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao
túmulo de Jesus bem de madrugada, quando ainda estava escuro. Ela viu que a
pedra tinha sido retirada do túmulo. Então saiu correndo e foi encontrar Simão
Pedro e o outro discípulo que Jesus amava. E disse para eles: «Tiraram do
túmulo o Senhor, e não sabemos onde o colocaram.»
Então Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao
túmulo. Os dois corriam juntos. Mas o outro discípulo correu mais depressa do
que Pedro, e chegou primeiro ao túmulo. Inclinando-se, viu os panos de linho no
chão, mas não entrou. Então Pedro, que vinha correndo atrás, chegou também e
entrou no túmulo. Viu os panos de linho estendidos no chão e o sudário que
tinha sido usado para cobrir a cabeça de Jesus. Mas o sudário não estava com os
panos de linho no chão; estava enrolado num lugar à parte.
Então o outro discípulo, que tinha chegado primeiro
ao túmulo, entrou também. Ele viu e acreditou. De fato, eles ainda não tinham
compreendido a Escritura que diz: «Ele deve ressuscitar dos mortos»." (João 20,1-9).
O comentário é de Ana Maria Casarotti,
Missionária de Cristo Ressuscitado.
Um amor mais
forte que a morte
Hoje celebramos a Festa mais importante do ano
litúrgico: a Ressurreição de Jesus que foi morto e sepultado! Cada domingo
celebra-se este acontecimento central da fé cristã e, especialmente neste
domingo, acende-se o Círio Pascal que é o símbolo da presença de Cristo
Ressuscitado: luz que ilumina as trevas. Dia cheio de alegria, para agradecer a
Deus, nosso Pai que nos fez partícipes da herança dos cristãos na luz. “Deus
Pai nos arrancou do poder das trevas e nos transferiu para o Reino do seu Filho
amado” (Cl 1, 12-13).
"No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao
túmulo de Jesus bem de madrugada, quando ainda estava escuro." Passou o sábado, o dia que não se podia ir ao túmulo, mas
já ao amanhecer do primeiro dia da semana Maria
Madalena vai ao túmulo. É um primeiro dia, o início de uma realidade
diferente, algo que vai acontecer. Neste domingo de Festa, mas também um
domingo de Páscoa muito diferente dos domingos que geralmente celebra-se a
Páscoa, perguntemo-nos: quais seriam os sentimentos desta mulher que se
aproxima do túmulo?
Possivelmente desassossego, perturbação,
intranquilidade porque se dirigia ao túmulo de Jesus, a pessoa que escutou e
seguiu com tanto afeto ao longo de sua vida, mas que foi condenado, torturado e
morreu na cruz como um ladrão e assassino. Ela e outras mulheres só conseguiram
ficar aos pés da cruz, chorando a morte de seu amigo e mestre. Suas palavras
ecoavam no seu interior: "Eu estarei sempre com vocês! “Eu sou a
Luz do mundo, quem me segue não caminhará nas trevas mas terá a luz de Vida!”
“Quem crê em mim não morrerá jamais”.
Como é possível que seu Mestre, Jesus, o
Messias esperado, esteja num túmulo, sepultado como um assassino? Este primeiro
dia convida-nos a pensar numa nova criação, mas onde ainda há luz e trevas. Uma
nova realidade que ainda não está acabada. Ela se dirige ao túmulo quando “ainda
estava escuro”. Possivelmente no seu interior há um raio de luz, mas ainda
permanecem as trevas, a escuridão, a dificuldade para entender o que está
acontecendo. Mas a percepção de uma nova realidade e o amor ao seu Mestre a
encorajam a dirigir-se ao túmulo. O vínculo com Jesus é o de um amor
profundo. Na sua vida esse amor não se restringiu aos estreitos limites
permitidos, ia além das normas, do que era desejado não somente pelas normas
judaicas, mas também pela sociedade em geral.
Ela soube viver para além de tudo isso, ela tinha
um vínculo muito estreito e original com Jesus. Pode-se pensar que foi
uma pessoa significativa porque sua vida não passou despercebida. Maria
Madalena vai ao túmulo e “viu que a pedra tinha sido retirada”. Sua resposta
diante desta situação é sair “correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro
discípulo que Jesus amava”.
Mas ela não atuava sozinha. Ela sabia-se parte de uma
comunidade e por isso sua resolução de ir de imediato à procura de Pedro e
de João. Ela deve comunicar o que viu. Quais seriam os sentimentos que havia em
seu interior? Dor, tristeza, angústia? Possivelmente desconcerto por não saber
quem poderia ter realizado isso. Onde está o corpo do seu amado Mestre? Esse
corpo que seis dias antes ela tinha ungido com tanto carinho e amor, onde se
encontra?
Pedro e João
se dirigem ao “túmulo”. E neste momento aparecem duas atitudes diferentes
face à ressurreição: a do discípulo obstinado, representado em Pedro. Ele
constata o que está diante dos seus olhos, o que seu olhar percebe, o corpo de
Jesus não está aí. Não pode ir além disso, não pode acreditar numa realidade
diferente. Perguntemos, quais seriam os sentimentos de Pedro neste momento?
Tinha negado seu Mestre depois de ter-lhe prometido fidelidade até a morte?
Estaria cego pela sua própria covardia que não lhe permitia ver além do que seu
olhar percebe?
E a outra atitude é o discípulo amado, o
discípulo movido pelo amor que entende o caminho de Jesus e a sua proposta.
João entra, e no texto é dito simplesmente que viu e acreditou. O verbo “ver”
nesta perícope é citado quatro vezes. Diferentes tipos de “ver” que refletem a
realidade da comunidade do primeiro século diante da ressurreição de Jesus. Uma
comunidade que ainda deve passar da dor, da angústia, da culpa de não ter
defendido o Mestre, ou seja, das trevas que a rodeiam, para uma visão limpa e
clara como a luz de um novo dia.
Maria Madalena e Pedro
percebem que há sinais da ressurreição que Jesus lhes tinha falado e anunciado,
mas ainda não podem acreditar completamente nela. Não conseguem compreender o Mistério
que há nela.
Qual é nossa atitude diante deste Mistério? No contexto atual que estamos vivendo, acreditamos que Jesus
Ressuscitou e está Ressuscitado apesar das grandes dificuldades e mortes
que estão acontecendo dia a dia ao nosso redor?
Oração
Desdobra-se
no céu
a rutilante aurora.
Alegre, exulta o mundo;
gemendo, o inferno chora.
a rutilante aurora.
Alegre, exulta o mundo;
gemendo, o inferno chora.
Pois eis que
o Rei, descido
à região da morte,
àqueles que o esperavam
conduz à nova sorte.
à região da morte,
àqueles que o esperavam
conduz à nova sorte.
Por sob a
pedra posto,
por guardas vigiado,
sepulta a própria morte
Jesus ressuscitado.
por guardas vigiado,
sepulta a própria morte
Jesus ressuscitado.
Da região da
morte
cesse o clamor ingente:
'Ressuscitou!' exclama
o Anjo refulgente.
cesse o clamor ingente:
'Ressuscitou!' exclama
o Anjo refulgente.
Jesus,
perene Páscoa,
a todos alegrai-nos.
Nascidos para a vida,
da morte libertai-nos.
a todos alegrai-nos.
Nascidos para a vida,
da morte libertai-nos.
Louvor ao
que da morte
ressuscitado vem,
ao Pai e ao Paráclito
eternamente. Amém.
ressuscitado vem,
ao Pai e ao Paráclito
eternamente. Amém.
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