“E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o
lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor. Disse-lhes, pois,
Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos
envio a vós.” (Jo 20, 20-21)
Indagação: Nós, cristãos,
acreditamos que Jesus ressuscitou. Está vivo! É um MISTÉRIO que traz
vida e alegria. Jesus aparece aos discípulos e estes se alegram e recuperam a coragem
e entusiasmo.
E mais,
sabemos que o mundo hoje seria diferente e, sem dúvida, bem melhor se o ser
humano desse a importância ao novo
mandamento de amor que Jesus lhe deu, e o tentasse colocar em prática.
Hoje podemos
e precisamos nos perguntar, cada um a si mesmo: a nossa fé cristã está ainda bem
ancorada neste mistério? Será que entendemos isso? Experimentamos a mesma
coisa?
Abaixo, uma boa reflexão, muito concreta e bem
atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 20,19-31 (Jesus aparece aos discípulos). É de
autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
Foi publicada no site do Instituto
Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU – ADITAL
17/04/2020
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20,19-31 que
corresponde ao Segundo Domingo da Páscoa, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o
texto.
Não foi fácil para os discípulos
expressar o que estavam vivendo. Procuraram recorrer a todo o tipo de recursos
narrativos. O núcleo, no entanto, é sempre o mesmo: Jesus vive e está
de novo com eles. Isto é o decisivo. Recuperam Jesus cheio de vida.
Os discípulos encontram-se
com O que os chamou e a quem abandonaram. As mulheres abraçam a quem defendeu
sua dignidade e as recebeu como amigas. Pedro chora ao vê-Lo: já não sabe se O
quer mais do que os outros, apenas sabe que o ama. Maria de Magdala abre seu
coração para quem a seduziu para sempre. Os pobres, as prostitutas e os
indesejáveis sentem-no de novo próximo, como naquelas inesquecíveis refeições
com Ele.
Já não será como na Galileia. Terão
que aprender a viver da fé. Deverão encher-se do seu Espírito.
Terão que recordar suas palavras e atualizar seus gestos. Mas Jesus, o Senhor,
está com eles, cheio de vida para sempre.
Todos experimentam o mesmo: uma
paz profunda e uma alegria incontida. As fontes evangélicas, tão sóbrias
sempre para falar de sentimentos, sublinham uma e outra vez: o Ressuscitado
desperta neles alegria e paz. É tão central, esta experiência, que se pode
dizer, sem exagero, que desta paz e desta alegria nasceu a força evangelizadora
dos seguidores de Jesus.
Onde está hoje essa alegria numa
igreja às vezes tão cansada, tão séria, tão pouco dada ao sorriso, com
tão pouco humor e humildade para reconhecer sem problemas os seus erros e
limitações? Onde está essa paz numa igreja tão cheia de medos, tão obcecada
pelos seus próprios problemas, procurando tantas vezes a sua própria defesa,
antes da felicidade do povo?
Até quando poderemos continuar a
defender nossas doutrinas de maneira tão monótona e aborrecida, se,
ao mesmo tempo, não experimentamos a alegria de «viver em Cristo»? A quem
atrairá nossa fé se às vezes não podemos nem aparentar que vivemos dela?
E, se não vivermos do
Ressuscitado, quem vai encher nossos corações? Onde se vai
alimentar nossa alegria? E, se falta a alegria que brota Dele, quem vai
comunicar algo «novo e bom» aos que duvidam? Quem vai ensinar a acreditar com
mais vida? Quem vai contagiar com esperança os que sofrem?
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