Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 4 de abril de 2020

“Não desças da cruz”. – Reflexão de José Antônio Pagola. Muito boa!



Do mesmo modo, os chefes dos sacerdotes, junto com os doutores da Lei e os anciãos, também zombavam de Jesus: «A outros ele salvou... A si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel... Desça agora da cruz, e acreditaremos nele. Confiou em Deus; que Deus o livre agora, se é que o ama! Pois ele disse: Eu sou Filho de Deus.» Do mesmo modo, também os dois bandidos que foram crucificados com Jesus o insultavam.”  (Mt 26, 41-44)

Domingo de Ramos
A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é bem concreta e interessante. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 26, 14-27, 66 (Fidelidade de Jesus até o fim. Paixão de Cristo).
Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
 Vale a pena ler.
WCejnóg



IHU – ADITAL

03 Abril 2020


Não desças da cruz


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 26,14-27,66 que corresponde ao Domingo de Ramos, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 


Eis o texto

Segundo o relato Evangélico, os que passavam diante de Jesus crucificado zombavam dele e, rindo-se do seu sofrimento, faziam duas sugestões sarcásticas: se és o Filho de Deus, “salva-te a ti mesmo” e “desce da cruz”.

Essa é exatamente a nossa reação perante o sofrimento: salvar-nos a nós mesmos, pensar apenas no nosso bem-estar e, portanto, evitar a cruz, passarmos a vida evitando tudo o que nos pode fazer sofrer. Será também Deus como nós? Alguém que só pensa em si mesmo e na sua felicidade?
Jesus não responde à provocação daqueles que zombam dele. Não pronuncia qualquer palavra. Não é o momento de dar explicações. Sua resposta é o silêncio. Um silêncio que é respeito por quem o despreza e, acima de tudo, compaixão e amor.

Jesus apenas quebra o seu silêncio para dirigir-se a Deus com um grito desgarrador: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”. Não pede que o salve baixando da cruz. Só que não se oculta nem o abandona neste momento de morte e sofrimento extremo. E Deus, seu Pai, permanece em silêncio.

Somente ouvindo a profundidade deste silêncio de Deus, descobrimos algo de seu mistério. Deus não é um ser poderoso e triunfante, calmo e feliz, alheio ao sofrimento humano, mas um Deus calado, indefeso e humilhado, que sofre conosco a dor, a escuridão e até a própria morte.

Por isso, ao contemplar o Crucificado, a nossa reação não pode ser de zombaria ou desprezo, mas de oração confiante e agradecida: “Não desças da cruz. Não nos deixes só na nossa aflição. De que nos serviria um Deus que não conhecesse o nosso sofrimento? Quem nos poderia entender?”.

A quem poderiam esperar os torturados de tantas prisões secretas? Onde poderiam colocar a sua esperança tantas mulheres humilhadas e violentadas sem qualquer defesa? A que se agarrariam tantos doentes crônicos e os moribundos? Quem poderia oferecer conforto às vítimas de tantas guerras, terrorismo, fome e miséria? Não. “Não desças da cruz; pois se não te sentirmos ‘crucificado’ junto de nós, ficaremos mais ‘perdidos’”.

Fonte: IHU – Comentário doEvangelho

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