Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 2 de março de 2024

“Que religião é a nossa?”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

“Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os negociantes de bois, ovelhas e pombas, e mesas dos trocadores de moedas. Fez ele um chicote de cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas. Disse aos que vendiam as pombas: <Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes>.” (Jo 2, 13-16)

Quaresma, 3º domingo – 03 Março 2024.

Hoje podemos usufruir de uma reflexão muito atual e esclarecedora, que tem como base o texto bíblico João 2,13-25 (Prólogo). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

29 de fevereiro de 2024

Que religião é a nossa?

Todos os evangelhos ecoam um gesto ousado e provocador de Jesus no recinto do Templo de Jerusalém. Provavelmente não foi muito espetacular. Atropelou um grupo de vendedores de pombos, derrubou as mesas de alguns cambistas e tentou interromper a atividade por alguns instantes. Não poderia fazer muito mais.

Contudo, foi esse gesto carregado de força profética que desencadeou a sua prisão e rápida execução. Atacar o Templo era atacar o coração do povo judeu: o centro da sua vida religiosa, social e política. O Templo era intocável. Ali habitava o Deus de Israel. O que seria do povo sem a sua presença entre eles? Como poderiam sobreviver sem o Templo?

Para Jesus, porém, esse foi o grande obstáculo para acolher o Reino de Deus tal como o compreendia e proclamava. O seu gesto pôs em questão o sistema econômico, político e religioso sustentado naquele “lugar santo”. O que era aquele Templo? Um sinal do reino de Deus e sua justiça ou um símbolo de colaboração com Roma? Uma casa de oração ou um depósito para os dízimos e primícias dos camponeses? Um santuário do perdão de Deus ou da justificação de todo tipo de injustiças ?

Isso era um “mercado”. Enquanto a riqueza se acumulava em torno da “casa de Deus”, a miséria dos seus filhos crescia nas aldeias. Não. Deus nunca legitimaria uma religião como essa. O Deus dos pobres não poderia reinar naquele Templo. Com a chegada do seu reinado perdeu a razão de ser.

A ação de Jesus coloca em alerta todos os seus seguidores e obriga-nos a perguntar-nos que religião cultivamos nos nossos templos. Se não for inspirada por Jesus, pode tornar-se um modo “santo” de nos afastar do projeto de Deus que Jesus quis promover no mundo. A primeira coisa não é a religião, mas o reino de Deus.

Que religião é a nossa? Ela aumenta a nossa compaixão por aqueles que sofrem ou nos permite viver pacificamente com o nosso bem-estar? Alimenta os nossos próprios interesses ou nos faz trabalhar por um mundo mais humano? Se fosse parecido com o do Templo Judaico, Jesus não o abençoaria.

3Quaresma-B

(João 2:13-25)

3 de março

José Antonio Pagola

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Fonte: Facebook


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