“Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os negociantes de bois, ovelhas e pombas, e mesas dos trocadores de moedas. Fez ele um chicote de cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas. Disse aos que vendiam as pombas: <Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes>.” (Jo 2, 13-16)
Quaresma, 3º domingo – 03 Março 2024.
Hoje podemos usufruir de uma reflexão muito atual e esclarecedora, que tem como base o texto bíblico João 2,13-25 (Prólogo). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
29 de fevereiro de 2024
Que religião é a nossa?
Todos os evangelhos ecoam um gesto ousado e provocador de Jesus no recinto do Templo de Jerusalém. Provavelmente não foi muito espetacular. Atropelou um grupo de vendedores de pombos, derrubou as mesas de alguns cambistas e tentou interromper a atividade por alguns instantes. Não poderia fazer muito mais.
Contudo, foi esse gesto carregado de força profética que desencadeou a sua prisão e rápida execução. Atacar o Templo era atacar o coração do povo judeu: o centro da sua vida religiosa, social e política. O Templo era intocável. Ali habitava o Deus de Israel. O que seria do povo sem a sua presença entre eles? Como poderiam sobreviver sem o Templo?
Isso era um “mercado”. Enquanto a riqueza se acumulava em torno da “casa de Deus”, a miséria dos seus filhos crescia nas aldeias. Não. Deus nunca legitimaria uma religião como essa. O Deus dos pobres não poderia reinar naquele Templo. Com a chegada do seu reinado perdeu a razão de ser.
A ação de Jesus coloca em alerta todos os seus seguidores e obriga-nos a perguntar-nos que religião cultivamos nos nossos templos. Se não for inspirada por Jesus, pode tornar-se um modo “santo” de nos afastar do projeto de Deus que Jesus quis promover no mundo. A primeira coisa não é a religião, mas o reino de Deus.
Que religião é a nossa? Ela aumenta a nossa compaixão por aqueles que sofrem ou nos permite viver pacificamente com o nosso bem-estar? Alimenta os nossos próprios interesses ou nos faz trabalhar por um mundo mais humano? Se fosse parecido com o do Templo Judaico, Jesus não o abençoaria.
3Quaresma-B
(João 2:13-25)
3 de março
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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