Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Por que os Evangelhos são tão importantes?


Quem é Jesus Cristo? Como Ele vivia? O que Ele próprio falou de fato? O que Ele  ainda tem a dizer atualmente a todos nós?  É muito importante procurar as respostas para estas perguntas para chegar o mais perto possível de Jesus Cristo. Isso ajudará a constatar se as ideias e convicções que nós temos sobre Ele – são confiáveis e correspondem à verdade.
É necessário fazer o esforço para encontrarmos  Jesus Cristo verdadeiro, aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida – só Ele!

Qual é o caminho para conhecermos, da melhor maneira possível,  os verdadeiros dados e a verdade  sobre Jesus Cristo?  Para  conseguir isso precisamos ler os primeiros e mais antigos documentos  que nos trazem essas informações, que são os  Evangelhos.  Aqui podemos chegar à fonte dos autênticos dados sobre Jesus Cristo.  É por isso que eles são tão importantes!
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O texto abaixo, de Ferdinand Krenzer,  nos traz uma abordagem mais ampla deste assunto:

                                                                                                                               Texto manuscrito dos Evangelhos
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Os Evangelhos como testemunho  de  fé em Jesus Cristo

Se realmente estamos interessados em saber mais sobre Jesus, então precisamos examinar mais profundamente todas as informações, opiniões e hipóteses sobre Jesus. E sobre tudo precisamos voltar para trás,  até  àqueles relatos, que vieram diretamente de Jesus Cristo, que  falam dele e que trazem  importantes e dignos de atenção pronunciamentos e indicações. Quem quer saber com mais exatidão sobre quem é Jesus e o que Ele quer dos homens, deve ir diretamente aos Evangelhos. Somente neles  podemos encontrar os  dados mais concretos sobre Jesus. 

Os Evangelhos vão às primeiras e diretas testemunhas da vida de Jesus Cristo, e mais -   baseiam-se  nele próprio. De acordo com a profunda crítica bíblica, esses relatos com certeza procedem do século I, são, portanto, verdadeiros. O seu texto basicamente não foi alterado ou destruído, e hoje podemos encontrá-lo na forma primitiva, junto com todos os outras  possíveis  e menos importantes variantes, que podem ser encontrados em toda  edição crítica.

Mesmo considerando que os Evangelhos não são reportagens nem detalhadas biografias históricas de Jesus, eles, no entanto,  são TESTEMUNHAS DE FÉ.  Os Evangelhos  ilustram este acontecimento (que é o próprio  Cristo) e notificam tudo o que têm alguma ligação “com Jesus de Nazaré” (Lc 24,19).  Mostram também, e sobretudo,  como nasceu a fé nos primeiros discípulos e testemunhas de Jesus. É por causa da sua credibilidade que agora todas  as outras pessoas podem crer. Deste jeito, graças ao testemunho da fé - que são os Evangelhos – pode surgir a convicção quando se trata da fé.  Os Evangelhos são dignos de fé.

Neste momento surgem duas perguntas: “o que foi escrito no texto dos Evangelhos?”  e outra: “o que na verdade foi expresso por este texto?”. Temos aqui um problema bastante difícil, porque  traduzir, apresentar e aplicar o Evangelho – é uma tarefa complicada. O que foi expresso no idioma grego coinê*, que hoje é totalmente estranho para nós, e o que foi descrito através dos quadros, parábolas e imagens daquela época, precisa ser interpretado corretamente e adequado aos tempos atuais.  É necessário que este texto torne-se compreensível para todas as pessoas. A consolação que flui do Evangelho tornou-se, uma vez por todas, um fato;  todavia,  ela passa pelo espírito e boca de uns, chegando aos ouvidos e corações dos outros. Aqui encontramos uma dificuldade, que precisa ser superada.

Na verdade, não só os autores dos Evangelhos, mas também todos os futuros seus pregadores  têm dificuldades para conseguir realizar o objetivo mais importante:  que nas suas palavras, nos seus escritos, nas suas pregações Jesus realmente seja visível, e que Ele seja entendido corretamente e aceito pelos outros.

Já no início começaram a surgir as dúvidas quanto a identidade efetiva de “Jesus histórico” e de “Jesus de fé”: levantava-se a suspeita de que, neste caso,  necessariamente aconteceram alguns acréscimos ou mudanças; que os Evangelhos não contam uma história verdadeira  mas são apenas um conjunto de belos contos. A história de pesquisas sobre a vida de Jesus (Schweizer) prova, que não deu certo a tentativa de chegar “historicamente” e diretamente ao próprio Jesus. Mas também,  falhou a proposta de ver nos Evangelhos algo do tipo de conto sobre Ele, ou a tentativa de encaixar a pessoa de Jesus dentro dos moldes dos gostos modernos.

Um leitor crítico e sincero encontrará nos Evangelhos  a mais confiável apresentação de Jesus, vista com os olhos dos que nele  acreditaram e que foi escrita para que os outros também pudessem crer (compare Jo 20,31). Os Evangelhos convidam para a mesma fé, a qual surgiu nas pessoas, que encontraram Jesus histórico. Exatamente do mesmo jeito a proposta de fé é dirigida para todas as outras pessoas. Chama-se a  sua atenção para Jesus.

A transmissão da fé, que marcava as primeiras testemunhas de Jesus, acontece muito cuidadosamente e é caracterizada pela verdade. Em relação à fonte, demonstra muita responsabilidade e não seduz com nenhuma invenção nem promessa. Por isso a tradição não pode ser aqui questionada levianamente. A tradição não é a “traição”, não é também a “extradição”, mas constitui uma imagem verdadeira e não deformada. Mesmo se a primeira comunidade de  fiéis introduzisse os seus pontos de vista e os discutisse em conversas sinceras e, suponhamos, que tudo isso tivesse um reflexo no texto – no final tudo sempre roda em volta de Jesus: Ele próprio, o mesmo, “ontem, hoje e pelos séculos” (Hbr 13,8).  Ele será anunciado  “até os confins da terra, e pelos dias, até o fim do mundo (At 1,8; Mt 28,10), em todo lugar e em todo tempo.  O Evangelho é notícia para cada ser humano.  (...)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 60-61)** 
Continua...
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*Os Evangelhos que chegaram ao conhecimento do mundo foram escritos em grego coinê, que é uma versão popular do grego clássico. Desde o início, eles se destinavam ao mundo gentio.

**Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.

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