Jesus Cristo, este que se deixa encontrar no Novo Testamento, é um homem extraordinário e incomum e reivindica uma atenção total e exclusiva de todos os seres humanos, da cada pessoa que O encontra.
Ele se manifesta aos homens através das suas palavras e atos. São as palavras maravilhosas e confiáveis que constituem a sua doutrina. São os sinais e atos extraordinários e poderosos que deixavam todas as pessoas maravilhadas. Os sinais – milagres serviam para ilustrar, explicar e esclarecer as palavras que saíam da sua boca. As suas palavras, por sua vez, ajudam a interpretar o que os milagres deviam expressar. O maior de todos os milagres de Jesus foi a sua Ressurreição – o ponto máximo da fé cristã. Por que esse fato é tão importante?
Aliás, estamos atualmente no tempo de Quaresma (Calendário Litúrgico). É o tempo de preparação para a Páscoa. Imagino que a reflexão sobre a ressurreição de Jesus Cristo possa servir a todos nós como uma oportunidade para repensarmos a nossa fé e pedirmos a Deus que Ele a torne mais forte e sólida.
Afinal, por que a Ressurreição de Jesus é tão importante? Porque demonstra o imenso poder de Deus, o poder de ressuscitar os mortos. É Deus, e só Ele, que tem absoluta soberania sobre a morte. A ressurreição de Jesus é um testemunho da ressurreição de seres humanos, que é uma doutrina básica da fé Cristã. Todas as outras religiões foram fundadas por homens e profetas cuja vida terrena terminou no túmulo. O Cristianismo, no entanto, possui um fundador que transcende a morte e promete que os seus seguidores farão o mesmo. Como Cristãos, conforta-nos o fato de que Deus se tornou homem, morreu pelos nossos pecados, foi morto e ressuscitou ao terceiro dia. O túmulo não podia segurá-lO para sempre. A morte não teve a última palavra. Jesus está vivo! Todas as pessoas que acreditam n’Ele não precisam ter medo da morte, porque serão ressuscitadas à vida eterna. Essa é a grande diferença! Esta é a sólida esperança que o cristianismo traz ao todo ser humano! E é por isso também que é muito importante respondermos ao chamado de Deus, que nos convida à fé!
Mas novas perguntas surgem diante de cada um de nós: acreditamos mesmo em Jesus Ressuscitado? E se acreditamos – como é esta nossa fé? É sobre estas perguntas será a próxima postagem.
O texto abaixo fala mais e de modo fantástico do tema da ressurreição de Jesus. Não podemos deixar de ler.
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Ressurreição de Jesus
Ressurreição de Jesus
A ressurreição de Jesus é um acontecimento real, um fato e, como tal, constitui a base da fé e da pregação cristã através dos séculos. Se não fosse ela - a nossa fé seria em vão (1 Cor 15,14), seria vã também toda a pregação de Jesus. O próprio Jesus seria, nesse caso, morto e transformado em pó.
O testemunho mais velho, histórico sobre a ressurreição encontramos em 1Cor 15, 3 s. Foi escrito em volta do ano 56/57 depois de Cristo. Neste fragmento de sua carta São Paulo apresenta o que ele mesmo recebeu e assumiu. A fé em Jesus ressuscitado certamente devia ter sido apresentada desde o início em alguma forma primitiva de fé, e constituía algo inicial, uma confissão da fé pré – cristã . São Paulo escreve aqui:
“Transmiti para vocês, no início, isso o que eu mesmo recebi: que Cristo morreu – de acordo com a Lei – pelos nossos pecados, que foi sepultado, que ressuscitou em terceiro dias conforme as Escrituras; e que apareceu ao Céfas e depois aos Doze, depois apareceu a mais de 500 irmãos simultaneamente, a maioria deles está viva até agora, alguns já morreram. Depois apareceu a Tiago, depois a todos os apóstolos. Enfim também, depois de todos, apareceu também a mim como a um feto abortado”.
Quando se trata de tempo, não é possível afirmar mais de perto quando isso ocorreu. Os relatos do Evangelho foram redigidos depois.
Porém, todas as informações sobre a ressurreição anunciam o Senhor que está presente, que se mostrou vivo e permanecerá assim mesmo que o novo modo de sua vida não é nada fácil para ser entendido. Apesar da decepção e derrota de todas as expectativas dos seus discípulos e pessoas mais próximas, como se fosse o centro desta decepção e descrença, Jesus vem a eles pela porta fechada por causa do medo mais vivo que antes: come, bebe e conversa com eles e, depois, quando eles o reconhecem e ficam cheios de alegria, Ele desaparece diante dos seus olhos.
Novamente encontra-os, permite que O reconheçam. Quando querem desistir e fugir (discípulos de Emaús) Ele aparece de repente atrás deles, os alcança, ultrapassa, fica com eles, mas de novo desaparece. Quando O querem prender, Ele escapa. Enfim, a nuvem O esconde diante dos seus olhares dirigidos na sua direção. Dos seus discípulos e amigos exige-se que apostem na fé, que permaneçam confiantes, que vão pelo mundo inteiro para anunciar este Jesus vivo, baseando-se no fato de que Ele – apesar de ser invisível – permanecerá com eles sempre e que de novo voltará.
Então, Jesus os mantém tensos. Sopra neles a força da vida, transforma, faz eles tão vivos como Ele é vivo, e fica cuidando para que não percam o espírito quando ficarem sozinhos e quando trabalharem para que a Boa Nova do Reino de Deus, que se aproxima, fosse anunciada a todas as pessoas.
Isto constitui a essência de diversos relatos dos acontecimentos da Noite Pascal, que parecem – a primeira vista - contraditórios, porque em função desse ou doutro olhar, acentuam mais isso ou aquilo, ou tiram estas ou aquelas conclusões deste acontecimento. Por fim, no entanto, todos esses relatos combinam entre si. Não querem se ocupar com as coisas que antecederam a ressurreição, mas unicamente pregar o Ressuscitado, que vive e vivifica.
Para entender gradativamente o que aconteceu depois do terceiro dia, isto é, em tão curto tempo do momento da morte de Jesus, as testemunhas precisaram pelo menos 40 ou 50 dias. Um tempo assim é necessário ao mundo, e a cada época, para explicar a todos os homens e mulheres este acontecimento e chamá-los e convidá-los, para crerem naquilo que aconteceu.
Apresentamos aqui, rapidamente, os mais importantes momentos desta notícia sobre Jesus vivo.
Jesus morreu e foi sepultado. Deus, porém, O ressuscitou, e Ele permite que as pessoas O vejam, aparece. Os discípulos acreditam nele. Falam isso aos outros. Assim a notícia de que Jesus foi “elevado e transformado” torna-se ouvida, e – graças ao gradativo esclarecimento da fé – assume-se esta fé para que ela, como “esclarecimento” quem é Jesus e o que Ele significa, fosse transmitida para frente e anunciada a todos os demais. O acontecimento verdadeiro, o fato real, o qual foi no início testemunhado por poucos, torna-se testemunho expresso através das palavras, que recebem cada vez maior significado. Esse fato é entendido como sinal e assim é apresentado aos outros a fim de sensibilizá-los em relação a Jesus e mostrar que é possível experimentar a fé.
O ponto mais alto na vida de Jesus, interpretado às vezes como um momento de crise, é ao mesmo tempo o ponto extremo de existência humana, o ponto da crise da fé. Aqui tudo se decide.
Jesus permite ser visto vivo. Vemo-Lo quando Ele aproxima-se do ser humano como vivo. E este ser humano vai ter que decidir se vai ignorar esse acontecimento, ou se vai tratá-lo com seriedade, querendo entendê-lo, deixando-se fascinar por ele como o Tomé que antes não acreditava.
Encontrando-se de frente para Jesus Ressuscitado o homem precisa tomar decisão: se o seu coração começará chorar n’Ele, se os seus olhos se abrirão (como os dos discípulos de Emaús) e se vai conseguir admitir que é Ele mesmo. Porém, se não optar pessoalmente por Ele baseando a sua fé na convicção, ficará só e não verá nada além do túmulo vazio.
No acontecimento, no fato, na realidade que nós chamamos de “ressurreição”, torna-se público, por fim, quem é Jesus, quem Ele era e quem será: O Primeiro e Último, e Vivo (Ap 1,18). Quem encontra e experimenta Jesus ressuscitado, este se torna profundamente crente. Para ele este Jesus surge como sinal da esperança de que todos os que crêem n’Ele também ressuscitarão dos mortos. Jesus Ressuscitado torna-se sinal da esperança também para o nosso mundo, que parece mergulhado na morte e na infelicidade. (...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 72-74)*
Continua..._________________________
*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me do livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben” e, usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.
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